Segurança e gasto com educação e saúde marcam debate em Porto Alegre

Flávio Ilha

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

  • Reprodução/SBT

    Nelson Marchezan (PSDB, à esq.) e Sebastião Melo (PMDB, à dir.) no debate do SBT em Porto Alegre

    Nelson Marchezan (PSDB, à esq.) e Sebastião Melo (PMDB, à dir.) no debate do SBT em Porto Alegre

Segurança pública e garantia de recursos para as áreas da saúde e educação foram os temas que dominaram o debate dos candidatos a prefeito de Porto Alegre que passaram ao segundo turno, Nelson Marchezan Júnior (PSDB) e Sebastião Melo (PMDB), promovido pelo SBT, pelo UOL e pelo jornal Folha de S.Paulo.

No primeiro turno, Marchezan teve, no primeiro turno, 213.646 votos (29,84% dos votos válidos); Melo ficou em segundo, com 185.655 votos (25,93%).

O que prometia ser uma discussão tensa e nervosa, com provocações nas primeiras perguntas, acabou de forma morna, com muita repetição de propostas e nenhum embate mais incisivo.

A segurança pública foi o tema que quase esquentou o debate. Marchezan relembrou que os níveis de violência na cidade aumentaram, citando vários índices de homicídio, e aproveitando para lembrar que o coordenador de campanha do PMDB, Plínio Zalewski, foi encontrado morto na região central da cidade, insinuando que teria sido assassinado.

Bastante incomodado, Melo, que é o atual vice-prefeito, reagiu de forma incisiva ao desconsiderar que a atual administração tenha qualquer responsabilidade sobre o aumento da violência e repeliu as insinuações do adversário sobre a morte de Zalewski, afirmando que qualquer afirmação sobre o tema seria especulação, já que "a Polícia Civil ainda investiga o caso, que não foi concluído". Ao mesmo tempo, citou medidas que a prefeitura tomou para amenizar a insegurança, como a melhora na iluminação pública e na vigilância eletrônica.

A segurança pública também serviu de argumento para que a relação entre o candidato do PMDB e o presidente Michel Temer fosse questionada - Melo apoiou e votou em Aécio Neves (PSDB) na eleição presidencial de 2014.

A jornalista natuza Nery, colunista do jornal "Folha de S. Paulo", perguntou como será a relação entre Melo e Temer, em caso de triunfo do candidato do PMDB, já que prefeitura dependeria da ajuda do governo federal para receber verbas e aplicar em programas de segurança pública.

"A relação entre os governos não pode ser pela via partidária, tem que ser institucional. Mas o governo federal, este e o passado, não cuidaram da segurança. O controle de fronteiras é zero, não tem um centavo de financiamento [a programas contra a violência] e as leis penais são frouxas. Se for eleito, vou instalar em janeiro um comitê de crise para tomar as melhores decisões em conjunto com as esferas estadual e federal", disse Melo.

Reprodução/SBT
Nelson Marchezan, candidato do PSDB a prefeito de Porto Alegre

Corte de verbas x financiamento maior

Outro momento que ensaiou alguma tensão foi quando os candidatos discutiram sobre a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 241, que foi aprovada em primeira votação na Câmara dos Deputados e que trata do limite de gastos públicos e que terá impacto na distribuição de verbas paras áreas da saúde e educação.

SBT do segundo turno em Porto Alegre os candidatos que disputam a prefeitura da capital divergiram sobre a aprovação da PEC 241, que limita os gastos públicos e afeta o financiamento de áreas essenciais como saúde e educação. Enquanto Nelson Marchezan Júnior (PSDB) defendeu a medida, Sebastião Melo (PMDB) criticou a possibilidade de a emenda constitucional retirar financiamento de áreas essenciais.

Segundo Marchezan, a PEC 241 vai aumentar o piso de financiamento das duas áreas nos próximos cinco anos devido à vinculação dos recursos com os índices inflacionários. Era a resposta a uma acusação de Melo, que disse que o adversário, que é deputado federal, "havia votado na Câmara a favor de uma medida que iria retirar dinheiro da saúde e da educação."

"Não tenho vocação para mágico. Não iria votar numa proposta que reduzisse os recursos para a minha administração", disse o tucano, que realmente votou pela aprovação da medida na votação de primeiro turno na Câmara. "A medida é necessária para equilibrar as contas públicas, mas os governos têm que ter sensibilidade para governar especialmente para os que mais precisam. "Se for prefeito, vou trabalhar muito para aumentar os recursos para a saúde e para a educação."

Melo insistiu em sua premissa inicial sobre o tema, afirmando que a medida afetaria de forma negativa os investimentos nas duas áreas e que também iria trabalhar para evitar diminuição dos recursos.

O candidato do PMDB, em seguida, provocou o oponente ao falar de participação da população na administração pública. No que seria uma conclamação ao eleitor para votar no dia 30 de outubro para reduzir a abstenção, Melo aproveitou para questionar Merchezan a respeito de sua suposta ausência das reuniões do orçamento participativo de Porto Alegre (que define parte dos investimentos públicos da prefeitura), uma das bandeiras da atual administração e apoiada pelo peemedebista. "Nunca o  vi em reuniões do orçamento participativo."

"Não fui mesmo [nas reuniões]. Mas quero dizer que se for eleito o orçamento participativo não vai ser mais uma enrolação como agora. Há 2 mil demandas trancadas. Portanto, dar tapinha nas costas não é comigo. É olho no olho, é a verdade. Não preciso fugir [dos eleitores] em época eleitoral", reagiu o tucano.

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Sebastião Melo, candidato do PMDB a prefeito de Porto Alegre

Atrasos nos pagamento

Em outo momento do debate, Marchezan sugeriu que a prefeitura vai atrasar os salários dos servidores logo que passar a eleição e que não há transparência da administração municipal em relação às contas públicas. O candidato disse que 2017 deve ser um ano difícil, assim como os próximos devido às dificuldades financeiras provocadas pela atual gestão.

"Porto Alegre não é uma ilha. Mas estamos pagando salários em dia, os serviços regulares estão funcionando e em termos de obras só perdemos para o Rio de Janeiro. Temos dificuldades sim, alguns fornecedores estão com pagamentos atrasados, mas temos que ter prioridades. Já reconheci isso [o atraso de fornecedores]. Não tem falta de transparência não. Temos feito o dever de casa", rebateu Sebastião Melo.

O debate também teve a participação da jornalista Natuza Nery, da Folha de S. Paulo, que fez perguntas aos candidatos no segundo bloco. Em uma de suas intervenções, questionou Melo sobre sua relação com o governo do peemedebista Michel Temer na área da segurança – maior problema da cidade segundo os eleitores. Melo apoiou a candidatura de Aécio Neves (PSDB) à presidência em 2014.

Veja o 1º bloco do debate entre os candidatos a prefeito de Porto Alegre

Veja o 2º bloco do debate

Veja o 3º bloco do debate

Veja o 4º bloco do debate

 

 

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