TRE: mais que ocupações, "tensão" é com eleitor que mudou local para votar

Janaina Garcia

Do UOL, em Curitiba

  • Janaina Garcia/UOL

    O presidente do TRE-PR, Luiz Fernando Keppen: "Domingo não é o dia de movimentos saírem às ruas, é o dia do eleitor"

    O presidente do TRE-PR, Luiz Fernando Keppen: "Domingo não é o dia de movimentos saírem às ruas, é o dia do eleitor"

Após semanas de ocupações de escolas por secundaristas, desocupações estimuladas por grupos conservadores e até o assassinato de um adolescente em uma dessas unidades, o Paraná pode ter de enfrentar um novo elemento de "tensão", nas eleições de domingo (30), segundo avaliação do o presidente do TRE-PR (Tribunal Regional Eleitoral do Paraná) , Luiz Fernando Keppen.  Cerca de 700 mil eleitores terão que votar em locais diferentes dos quais estão habituadas em função das ocupações em todo o Estado e podem estar desinformados.

Além disso, a Força Nacional de Segurança foi chamada para acompanhar o dia de votação e evitar eventuais confrontos – especialmente entre grupos contrários e favoráveis às ocupações. É a primeira vez que a instituição é chamada para isso no Estado. Mesmo assim, é o eleitor que vota na mesma escola há décadas o que mais preocupa o TRE.

"O mais tenso, até que as ocupações, que estão do portão das escolas para dentro, vai ser lidarmos com esse eleitor que há 30, 40 anos vota em um colégio público estadual ocupado e que não recebeu a carta da Justiça Eleitoral [informando sobre o novo endereço de votação], ou que não acompanhou os comunicados que colocamos nas redes sociais, em rádios e TVs sobre isso", afirmou Keppen, em entrevista exclusiva ao UOL. "Esperamos que, se esse eleitor chegar àquele colégio público onde estudou e vota, ao ver que há ocupação, não reaja da forma como esperamos, mas sim, que tenha tranquilidade e vote –mesmo porque, em vários locais o novo ponto é pertinho, e isso estará bem sinalizado lá", pediu. O último balanço dos estudantes contabilizou cerca de 800 escolas.

A reportagem acompanhou neste sábado (29) a inspeção de Keppen e outros 14 secretários do Tribunal no Centro Politécnico da UFPR (Universidade Federal do Paraná). Com as ocupações, a unidade tornou-se o maior ponto de votação de segundo turno do Brasil, com 28 mil eleitores. O número de votantes é quase seis vezes a quantidade original, que é de 5 mil votantes –e, pelos cálculos da assessoria de comunicação do TRE, mais que a população de 350 dos 399 municípios paranaenses.

Janaina Garcia/UOL
Maior ponto de votação de segundo turno do Brasil, graças às ocupações de escolas estaduais, o Centro Politécnico da UFPR, em Curitiba, tem faixas de protesto pelo campus

De acordo com o presidente do TRE, setores de inteligência do tribunal têm acompanhado as últimas ações para tentar a desocupação dos colégios. "Não temos nenhuma previsão ou sinalização de possibilidade de confronto entre esses grupos e quem está ocupando as escolas. A despeito de haver uma tensão social, isso não tende a afetar a eleição", disse o magistrado. "Não é o dia de movimentos saírem às ruas, é o dia do eleitor. Podemos até admitir a manifestação individual e silenciosa, mas não movimentos coletivos", avisou.

Em todo o Estado, além de Curitiba, haverá segundo turno também nas cidades de Maringá, no noroeste paranaense, e em Ponta Grossa, na região central do Estado.

Sobre a apuração dos votos, Curitiba tende a ser, a exemplo de 2012, a capital  brasileira com apuração mais rápida neste segundo turno: o presidente do TRE-PR estima que até as 17h30 o eleitor saiba quem será o futuro prefeito, ou seja, meia hora após o encerramento da votação. Na última eleição, por exemplo, o resultado foi conhecido às 17h40 --então o mais rápido do país.

Números do segundo turno no PR

A maioria dos 206 novos locais de votação do segundo paranaense está na capital, com 147 pontos, seguida de Maringá (32) e Ponta Grossa (27). Segundo o TRE-PR, a medida gerou um impacto de pouco mais de R$ 3 milhões no custo das eleições paranaenses este ano, que era de R$ 22 milhões. 

Líder do MBL é alvo de protesto de apoiadores de ocupação de escolas no PR

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