Com a vitória de Geraldo Julio (PSB), o comunista Luciano Siqueira vai emplacar seu quarto mandato como vice-prefeito do Recife (PE).

Para chegar a tal façanha, Siqueira rompeu com um aliado histórico. Seus dois primeiros mandatos no cargo, entre 2001 e 2008, são da época em que era aliado do PT e de João Paulo, justamente o candidato derrotado no segundo turno neste domingo (30). Com 100% das urnas apuradas, Geraldo Julio obteve 61,3% dos votos, contra 38,7% do petista.

Em 2012, o PCdoB de Siqueira rompeu a aliança local com o PT para apoiar o PSB, de Geraldo Julio. Siqueira, que naquele ano era deputado estadual, foi indicado mais uma vez para vice-prefeito e, assim, obteve seu terceiro mandato no cargo (2013-2016).

Neste mandato, a nova aliança quase se rompeu: o PSB cogitou oferecer o cargo de vice da chapa ao PMDB e surgiu a possibilidade de o PCdoB voltar a se aliar ao PT. A definição pela continuidade da coalizão PSB-PCdoB só veio no final de julho.

"Após três anos e meio de participação ativa na coalizão que governa a cidade, não tinha sentido abandonar a coalizão e passar para o lado oposicionista", disse Siqueira, em uma entrevista.

Durante a campanha no segundo turno, João Paulo (PT) criticou o ex-aliado. "É muito difícil acreditar que um comunista que tinha uma posição muito ideológica, que viveu o nosso governo, que nos elogiava imensamente, hoje se proponha a ter um tipo de atitude como essa, de negar a história que ele viveu em função de permanecer vice."

Natural de Natal (RN), Luciano Siqueira mudou-se para Recife ainda na adolescência. É formado em Medicina e filiado ao PCdoB desde 1972. Comandou o partido em Pernambuco por quase duas décadas, entre 1981 e 2000. Durante a ditadura militar, chegou a ser preso e torturado.