"Prejuízo das ocupações é do aluno que vai perder o Enem", diz Richa, no PR
Rafael Moro Martins
Colaboração para o UOL, em Curitiba
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Rodrigo Félix Leal/Futura Press/Folhapress
Governador do Paraná, Beto Richa, chega para votar no Colégio Positivo Ambiental, na capital
Os alunos das centenas de escolas ocupadas por colegas no Paraná podem perder a chance de realizar o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), disse neste domingo (30) o governador Beto Richa (PSDB) ao chegar para votar num colégio particular no Hugo Lange, bairro de classe média alta de Curitiba. A sessão dele foi uma das remanejadas pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral), pois o local habitual de votação do político, o Colégio Estadual Amancio Moro, no Jardim Social, é uma das escolas ocupadas.
"Prejuízo com as ocupações é do aluno, que perde, na segunda-feira da outra semana, as provas do Enem. Segundo o ministro [da Educação, Mendonça Filho], as escolas ocupadas terão prejuízo", falou. Richa disse se basear em afirmações do ministro em entrevista coletiva à imprensa. "Escolas ocupadas não terão realização do Enem. É o que eu entendi. [Mas] O que o governo do Estado puder fazer para realocar [locais de provas] para outras escolas, para que eles [estudantes] não tenham prejuízo, não mediremos esforços. Inclusive [pretendemos abrir] diálogo com o Ministério da Educação para que alunos não sejam prejudicados."
A ocupação das escolas dominou a pauta da entrevista concedida pelo governador, que chegou para votar por volta das 12h30. Foi enfático ao criticar o protesto dos estudantes, que discordam da medida provisória que reforma o ensino médio, mas rechaçou o uso da polícia militar para realizar a desocupação.
Eleitores enfrentam transtornos no Paraná
"Acho muito lamentável todo esse transtorno. Uma minoria que está sendo manipulada politicamente para essa ocupação. É uma medida provisória do governo federal, mas estranhamente só no Paraná houve uma invasão tão expressiva de escolas. Foram mais de 850 escolas invadidas. Há prejuízos para a educação, e prejuízos materiais. O TRE gastou mais de R$ 3,5 milhões para reorganizar a eleição. Está na hora de pararem com essa brincadeira. Isso não leva a nada", argumentou Richa.
"Ja temos reintegrações concedidas [pela Justiça] de várias escolas. Vamos tentar, de todas as formas, [resolver] no diálogo. Estou muito otimista de que essa semana se encerrem essas ocupações. O uso de força não é desejável, neste momento", garantiu.
O tucano também comentou protestos organizados pelo MBL (Movimento Brasil Livre) defronte a escolas, geralmente à noite, pedindo a desocupação –houve relatos de violência em alguns deles. "Qualquer manifestação que possa gerar confronto, polícia está monitorando, pois é obrigação manter ordem e paz. Acompanhei presença de lideranças do MBL em algumas escolas, assisti vídeos deles conversando com alunos, houve confrontos e agressões físicas numa determinada escola. A polícia, a segurança, o governo vão procurar mediar esses conflitos", disse.
Críticas a Leprevost
O governador também criticou Ney Leprevost (PSD), deputado estadual e candidato a prefeito que, até o ano passado, fazia parte de sua base aliada na Assembleia Legislativa. O principal cabo eleitoral de Leprevost é funcionário de Richa –o secretário do desenvolvimento urbano Ratinho Junior, filho do apresentador do SBT.
"Conversei com lideranças do PSD [a respeito das críticas que recebeu de Leprevost]. Nas palavras deles, a campanha tinha perdido o controle. Foi oportunismo e demagogia desse candidato, que me pediu apoio. Como não o apoiei, começou ataques baixos, rasteiros contra mim. Isso não se faz, é trapaça, é desrespeitar as regras eleitorais. Quem age assim não tem condições de governar nossa cidade", disparou o tucano.
Ele evitou falar em rompimento com o PSD –Ratinho Junior tem interesse em disputar o governo do estado em 2018, assim como a vice-governadora Cida Borghetti, mulher do ministro da Saúde, Ricardo Barros, ambos do PP. Como Richa, a legenda apoia no segundo turno o ex-prefeito Rafael Greca (PMN).
A pesada troca de acusações entre Greca e Leprevost, no segundo turno, foi objeto de ironia do governador. "Foi uma campanha, pelo menos em panfletos na rua, limpa."
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