Rafael Greca é eleito prefeito e volta a comandar Curitiba após 20 anos
Rafael Moro Martins
Colaboração para o UOL, em Curitiba
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Giuliano Gomes/Estadão Conteúdo
Rafael Greca (PMN), prefeito eleito de Curitiba
O engenheiro e ex-ministro Rafael Greca (PMN) é o novo prefeito de Curitiba (PR). Greca administrou a cidade entre 1993 e 96 -- na época, filiado ao PDT -- e volta ao Palácio 29 de Março com apoio do governador Beto Richa (PSDB) e de outros sete partidos (PMN, PTN, PSB, PT do B, PSDC e DEM). O candidato já havia tentado voltar à prefeitura em 2012, quando concorreu pelo PMDB e caiu no primeiro turno.
No segundo turno, Greca venceu o deputado estadual e administrador de empresas Ney Leprevost (PSD), que surpreendeu e deixou de fora da disputa do segundo turno o atual prefeito e candidato à reeleição Gustavo Fruet (PDT).
Com 100% das urnas apuradas, Greca foi eleito com 53,25% contra 46,75% de Leprevost.
"Vou começar a trabalhar amanhã. A cidade tem que ser recomposta. Ontem, fiz uma carreata e saí espancado pelos buracos. Tive até que passar Cataflam [anti-inflamatório] na barriga", disse Greca em sua primeira declaração após a vitória.
Sobre o alto número de abstenções (20,12%), Greca disse que os eleitores "são órfãos de antigas bandeiras que a [Operação] Lava Jato pulverizou. São pessoas desiludidas com a política. Espero fazer um serviço público transparente, usar a verdade como método. E usar o papa Francisco como modelo".
"[A vitória] É a certeza de que a minha campanha acertou ao ouvir os anseios do povo e ao trabalhar fortemente naquilo que o povo mais queria: atenção com a saúde, segurança, educação. Também foi necessário descontruir o meu oponente, que, em alguns momentos, parecia uma cópia mal feita de mim. Eu olhava ele me imitando e não me reconhecia", declarou o prefeito eleito.
Como Greca superou até "cheiro de pobre" para vencer em Curitiba
Quem é Greca
Engenheiro e funcionário aposentado do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Rafael Greca, 60, começou sua trajetória política em 1982, quando se elegeu vereador pelo PDS, partido criado com o fim do bipartidarismo, mas que apoiava o regime militar. Dali, rumou para o PDT, junto com o então prefeito Jaime Lerner, de quem seria eleito sucessor em 1992.
Após deixar a prefeitura da capital paranaense, filiou-se ao PFL (atual DEM) e, em 1999, foi nomeado ministro do Esporte e Turismo por Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Demitiu-se em 2000 após o fracasso das comemorações pelos 500 anos do descobrimento do Brasil. Mudou novamente de partido, desta vez para o PMDB, após romper com Lerner e aliar-se ao maior rival dele, o senador Roberto Requião (PMDB). Por fim, deixou a legenda para viabilizar a candidatura que agora o recoloca na prefeitura.
Com o bordão "Volta, Curitiba", Greca despontou como favorito já nas primeiras pesquisas realizadas após o início da campanha. Chegou a ser cotado para levar a disputa ainda no primeiro turno, mas uma desastrada declaração sobre "ter vomitado ao sentir cheiro de pobre" embolou a disputa. Ainda assim, venceu o primeiro turno em todos os bairros da cidade.
O segundo turno ficou indefinido com empates técnicos nas pesquisas de intenção de voto. Em paralelo, houve a ocupação de cerca de 800 escolas por estudantes contra a reforma do ensino médio. A Justiça determinou a reintegração de posse de 25 delas, e os alunos analisam se irão deixar as escolas pacificamente. Com isso, meio milhão de curitibanos tiveram seus lugares de votação alterados e a Força Nacional foi chamada para ajudar na segurança.
Greca fustigou o adversário, um político de centro, por conta de sua aliança com o PC do B --o eleitor de Curitiba tradicionalmente rejeita políticos de esquerda. Também questionou a inexperiência do oponente, comparando-o a Fruet, que também só tinha mandatos legislativos antes de ser eleito prefeito, em 2012, e cuja gestão é mal avaliada pelos curitibanos. No último debate entre os candidatos, realizado nesta sexta-feira (28), porém, as agressões deram espaço às propostas de governo.
Greca vai comandar uma cidade com população estimada pelo IBGE em 1.893.997 habitantes e PIB de R$ 79 bilhões (2013) --o que a coloca como quinta mais rica do país. Curitiba tem IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) de 0,823 e índice de mortalidade infantil de 7,7 por mil nascidos vivos (ante média brasileira de 14,4 por mil nascidos) --os dados são de 2014.
A capital paranaense também conta com a segunda menor taxa de analfabetismo do país entre as capitais, de 2,1%, segundo dado do IBGE de 2010. E registrou 32,4 homicídios a cada 100 mil habitantes em 2014, o 17º pior índice entre as capitais. O rendimento mensal per capita é de R$ 949,50.
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