Tucano derrota candidato de Renan Filho e é reeleito prefeito de Maceió

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

  • Divulgação

    O tucano Rui Palmeira (ao centro) venceu candidato do PMDB no segundo turno

    O tucano Rui Palmeira (ao centro) venceu candidato do PMDB no segundo turno

O atual prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), 40, foi reeleito no segundo turno, neste domingo (30). Ele bateu o deputado federal Cícero Almeida (PMDB), 58, seu antecessor no cargo e candidato apoiado pelo governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB), herdeiro político do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Com 100% das urnas apuradas, Rui Palmeira obteve 60,27% dos votos, contra 39,73% de seu adversário.

O resultado deste domingo confirma os prognósticos das pesquisas de intenção de voto, que apontaram Palmeira sempre à frente do adversário. No primeiro turno, ele ficou em primeiro lugar ao obter 46,9% dos votos válidos, contra 24,8% de Almeida.

O tucano foi reeleito tendo como principais bandeiras a construção de um hospital municipal, além da promoção de melhorias na mobilidade urbana da cidade. Maceió não possui nenhum leito hospitalar e os usuários do SUS (Sistema Único de Saúde) dependem do HGE (Hospital Geral do Estado), único hospital público da capital. Já a principal via da cidade, a avenida Fernandes Lima, não consegue atender a demanda de veículos e tem constantes engarrafamentos.

Lixo e obras

Como Almeida antecedeu Palmeira no comando da capital alagoana, o segundo turno da campanha foi marcado pela comparação entre as duas gestões. As trocas de acusações entre os dois candidatos foram constantes durante toda a campanha. 

Um tema que provocou discussão entre eles foi a coleta de lixo. Palmeira acusou Almeida de ter integrado um suposto esquema fraudulento na contratação de empresas que fazem a limpeza urbana de Maceió. O peemedebista contra-atacou alegando que, se esse esquema ocorreu na gestão dele, continua na de Palmeira, pois as mesmas empresas prestam serviço para a prefeitura até hoje.

As obras feitas pelas duas administrações também foram motivo de divergências. Cícero Almeida tentou comparar sua gestão com a de Palmeira, apresentando números que buscavam mostrar que a gestão do PMDB realizou mais que a do atual prefeito na capital alagoana.

Palmeira rebateu o comparativo e citou obras que seriam mal acabadas na administração do antecessor, como por exemplo, a construção da avenida Pierre Chalita, na parte alta da cidade. Logo no início da gestão Palmeira, em 2013, reparos foram feitos na avenida para tentar sanar problemas de drenagem.

Reprodução/Facebook
Rui Palmeira e Cícero Almeida trocaram acusações durante toda a campanha

Em debates na TV, Almeida lembrou que Palmeira fechou a única maternidade municipal. O prefeito rebateu, afirmando que precisou reformar postos de saúde que foram abandonados na administração do candidato do PMDB.

A mobilidade urbana foi outro tema que gerou discussões entre os dois candidatos. Rui Palmeira valorizou, em sua propaganda, o fato de ter feito a licitação do transporte público, além da implementação de faixas exclusivas de ônibus. Cícero Almeida, porém, disse que as mudanças não trouxeram mais qualidade ao serviço e serviram apenas para aumentar o preço da passagem (hoje é R$ 3,15).

Ajuda do governador

Cícero Almeida foi acusado pelo rival de usar a máquina estadual. Palmeira declarou que Renan Filho "participou excessivamente" da propaganda do adversário. O tucano tentou impedir na Justiça que Almeida usasse depoimento do governador, mas a Justiça não acolheu o pedido. Devido aos ataques de Palmeira a Almeida, o peemedebista conseguiu 36 minutos em direito de resposta distribuídos no programa eleitoral.

O governador classificou como "censura" a tentativa de Palmeira de tirá-lo do guia eleitoral e atestou que "todos têm direito a declarar o seu voto, inclusive o governador do Estado".

Reprodução/Facebook
Rui Palmeira é filho de ex-governador e ex-prefeito de Maceió

Campanha na TV

Assim como em outras cidades com disputa no segundo turno, os dois candidatos tiveram reduzido o tempo no programa eleitoral na TV: 5 minutos cada. 

Na tentativa de voltar ao cargo de prefeito, Cícero Almeida gastou na campanha, até o dia 21 de outubro, quase R$ 2,9 milhões, segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O maior gasto foi de R$ 1,1 milhão, com serviços prestados por terceiros.

Palmeira, por sua vez, teve gastos declarados de R$ 682 mil. Deste total, cerca de R$ 326 mil foram desembolsados para publicidade por materiais impressos, segundo o TSE.

Perfil

Advogado nascido em Maceió, Rui Soares Palmeira é filho de Guilherme Palmeira, ex-governador de Alagoas, ex-prefeito de Maceió e ministro aposentado do TCU (Tribunal de Contas da União).

Palmeira começou a carreira política em 2006, quando foi eleito deputado estadual. Em 2010, foi eleito deputado federal. Dois anos depois, foi eleito prefeito de Maceió no primeiro turno. Ele é o primeiro tucano a governar a capital alagoana. 

A coligação de Palmeira foi chamada de "Pra Frente Maceió" e reuniu sete partidos (PSDB / PP / PR / PPS / PDT / DEM / Pros).

Maceió

Palmeira vai governar uma cidade com 1 milhão de habitantes e que tem a violência como um dos principais problemas, com taxa de 73,7 homicídios por arma de fogo para cada 100 mil habitantes, segundo o Mapa da Violência 2016. Esse é o segundo pior índice entre as capitais brasileiras --a média no Brasil é 30,3 homicídios por arma de fogo por 100 mil habitantes.

O PIB de Maceió é de R$ 29,5 bilhões, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro Geografia e Estatística). A capital alagoana tem índice de mortalidade infantil de 22 por mil nascidos vivos (a média do Brasil é de 12,89 por mil), taxa de analfabetismo de 14,43% (no Brasil a taxa é de 11,82%) e 32,7% de domicílios com renda per capita mensal até meio salário mínimo.

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