Operação Lava Jato

Absolvição de Vaccari mostra que justiça é possível para Lula, diz Gleisi

Bernardo Barbosa e Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente do PT, disse em entrevista ao UOL nesta quinta-feira (18) que as absolvições de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do partido, no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) fazem crer que "é possível ter justiça" no julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no mesmo tribunal.

"Nós tivemos dois julgamentos que foram muito relevantes para o processo da Lava Jato, que foram duas absolvições do nosso tesoureiro, o João Vaccari. E exatamente em cima de que não se pode condenar só por delação, que é o que está acontecendo nesse processo do presidente Lula", disse Gleisi. "É possível ter justiça pelo posicionamento que nós tivemos dessa turma em dois processos muito semelhantes ao do presidente Lula."

Lula será julgado na próxima quarta-feira (24), a partir das 8h30, pelo chamado processo do tríplex na 8ª Turma do TRF-4. O colegiado de três desembargadores é responsável por analisar em segunda instância os casos da Operação Lava Jato com sentenças do juiz Sergio Moro, da Justiça Federal do Paraná. A sessão será transmitida ao vivo pelo TRF-4 e retransmitida pelo UOL.

O julgamento é crucial para o futuro de Lula. Se for condenado, o ex-presidente pode ficar inelegível e até mesmo ter sua prisão ordenada. Na primeira instância, Moro condenou Lula a nove anos e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A defesa do petista afirma que não há provas dos crimes e que evidências da inocência de Lula foram ignoradas.

Lula Marques - 8.set.2014/Folha imagem
O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto

Os julgamentos de Vaccari

Vaccari foi absolvido duas vezes em casos da Lava Jato pela mesma turma que julgará Lula no dia 24. Em ambos, ele havia sido condenado por Moro na primeira instância. E, nos dois casos, por 2 votos a 1, a decisão foi de que não havia provas suficientes para corroborar as delações que atribuíam crimes ao ex-tesoureiro do PT.

No entanto, no último caso de Vaccari julgado pelo colegiado, o ex-tesoureiro teve sua pena mais que dobrada: a punição saiu de dez anos de prisão para 24. A condenação, por unanimidade, veio em processo sobre propinas pagas ao PT pelo grupo Keppel Fels.  Os pagamentos teriam relação com contratos para a fabricação de sondas para a Petrobras.

No dia da condenação pelo tribunal, a defesa de Vaccari disse que as decisões de Moro e do TRF-4 tiveram como base "exclusivamente palavra de delator sem que houvesse nos autos qualquer prova que pudesse corroborar tal delação."

Vaccari está preso preventivamente, por ordem de Moro, desde abril de 2015. Na primeira instância, ele já recebeu cinco condenações do juiz e ainda responde a quatro processos da Lava Jato na Justiça Federal do Paraná.

Como será o julgamento de Lula

Críticas a magistrados

Apesar de manifestar otimismo pela absolvição de Lula, Gleisi Hoffmann disse que há apreensão no PT diante de "posturas" do presidente do TRF-4, Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, e do relator do processo na 8ª Turma do tribunal, João Pedro Gebran Neto.

A presidente do partido criticou a declaração dada por Thompson Flores após a decisão de Moro sobre o caso do tríplex, dizendo que a sentença era "irrepreensível", e falou da amizade de Gebran com o juiz do Paraná. 

A relação entre Gebran e Moro já foi contestada diversas vezes na Justiça, pela defesa de Lula, como motivo para suspeição de ambos. Até o momento, nenhum recurso neste sentido foi aceito.

Gleisi disse esperar que não haja conflitos em caso de uma decisão desfavorável a Lula e pontua que todas as manifestações até agora foram pacíficas. Para ela, os relatos de ameaças a desembargadores são uma tentativa de "tirar o foco do que é a decisão do Tribunal". 

Nós não temos ódio, não temos raiva, não é isso. Mas nós nos indignamos com essa situação de injustiça, de um inocente ser condenado
Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT

A senadora disse não considerar a hipótese de Lula ser preso após o processo encerrar sua tramitação pela segunda instância, mas avaliar que haveria uma "comoção nacional" caso isso acontecesse.

"Isso [prisão] não está no nosso horizonte. Agora, uma condenação injusta, contra ela nós vamos nos rebelar", afirmou.

Não vamos ficar mansos, não, diz Gleisi

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