Defesa de Lula diz que Moro criou acusação e pede nulidade do processo
Bernardo Barbosa e Nathan Lopes
Do UOL, em Porto Alegre
O advogado Cristiano Zanin Martins, que defende o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou nesta quarta-feira (24), durante o julgamento do caso do tríplex, que o juiz Sergio Moro criou uma nova acusação contra o petista, diferente da denúncia do MPF (Ministério Público Federal).
A defesa pediu a nulidade do processo. Segundo Zanin, Moro não teria competência para julgar o caso porque não haveria relação entre os três contratos da OAS com a Petrobras que teriam servido como contrapartida à suposta propina paga a Lula.
"Os três contratos foram esquecidos. Criou-se aqui uma nova acusação", disse. "O juiz não pode criar uma nova acusação só para condenar o réu."
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O advogado também voltou a criticar a suposta parcialidade de Moro, a quem acusou de agir politicamente no processo ao autorizar a divulgação de conversas telefônicas entre Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
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Zanin alegou ainda que a defesa foi cerceada por ter seus pedidos de produção de provas negado.
"Não há uma prova pericial feita com o objetivo de identificar o caminho do dinheiro. Isso acarreta a nulidade do processo", afirmou.
Para Zanin, o MPF "abusou" do direito de acusar e mencionou novamente a apresentação da denúncia contra Lula no caso do tríplex, em que procuradores apresentaram um PowerPoint que considerava o ex-presidente como chefe do esquema de corrupção na Petrobras.
"O poder do Estado tem um limite e não pode ser utilizado desta forma", afirmou.
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Advogado de Okamotto critica "falta de senso" do MP
O advogado de Paulo Okamotto, Fernando Fernandes, criticou o que chamou de "falta de senso" do Ministério Público ao denunciar seu cliente. Okamotto preside o Instituto Lula e foi acusado de ter participado do recebimento de propina da OAS para o armazenamento do acervo presidencial do petista.
Segundo Fernandes, a OAS fez pagamentos diretamente à Granero, empresa que armazenava o acervo.
O advogado afirmou que o acervo é de "interesse público" e que o ex-presidente tem dificuldades para mantê-lo.
Okamotto foi absolvido na primeira instância, mas sua defesa recorreu da sentença, pedindo mudança na fundamentação da absolvição.
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Entre os advogados dos sete réus do processo, apenas Zanin e Fernandes fizeram uso da sustentação oral. Os outros réus condenados em primeira instância foram Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS; e Agenor Franklin, ex-diretor da área internacional da OAS.
Fábio Hori Yonamine, Paulo Roberto Valente Gordilho e Roberto Moreira Ferreira, todos executivos da OAS, foram absolvidos em primeira instância. O MPF recorreu e pediu a condenação dos três.