Operação Lava Jato

Analistas: Veto a Lula pode favorecer nome de centro e até ressuscitar Huck

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

A condenação em segunda instância do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e uma possível inviabilização de sua candidatura para a Presidência da República em 2018 podem favorecer o crescimento de um candidato de centro, com valores liberais, para as eleições deste ano.

Essa hipótese foi levantada pelos blogueiros do UOL Josias de Souza e Leonardo Sakamoto, durante um debate realizado na redação do UOL com a presença do advogado João Paulo Martinelli, professor da faculdade de direito IDP (Instituto de Direito Público), de São Paulo.

Lula, candidato de esquerda, figura em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência. Já o segundo lugar vem sendo ocupado pelo deputado Jair Bolsonaro, representante da direita.

"A (possível) inviabilização da candidatura de Lula, a meu juízo, vai esvaziar automaticamente o polo do extremo oposto, que é Bolsonaro", disse Josias de Souza. "Abre-se uma avenida para a consolidação de um nome de centro, um nome que ainda não está claro quem vai ser".

Sakamoto concordou, apesar de questionar se "Bolsonaro desidrataria tão rápido".

"Essa é a primeira eleição em que a internet vai concorrer pesadamente com a TV, e o poder de influência do Bolsonaro na internet é muito grande", ponderou.

Ele afirmou ainda que a condenação de Lula pode abrir espaço para um candidato novo, mencionando o apresentador de TV Luciano Huck. Cotado como presidenciável, Huck afirmou em novembro do ano passado que não tem intenção de ser candidato e que não vai ser político "nunca".

"Se nenhum dos outros candidatos se mostrar saboroso ao centro, ao mercado ou a outras instituições, provavelmente Luciano Huck pode voltar", disse o jornalista.

Para Sakamoto, por mais que Huck já tenha prometido que não irá participar das eleições, um nome como o dele pode ganhar espaço "no meio dessa polarização sem o Lula".

Lula ainda pode se candidatar à Presidência?

Condenado em segunda instância, Lula se tornaria inelegível de acordo com as regras da Lei da Ficha Limpa, que proíbe a candidatura de políticos condenados por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro.

O advogado Martinelli esclareceu, no entanto, que essa proibição não é automática. O ex-presidente ainda pode apresentar recursos contra sua condenação no TRF-4. Além disso, caberá à Justiça Eleitoral dizer se um candidato está inelegível ou não.

"A condenação da segunda instância só vai ter reflexo se o candidato condenado pleitear a candidatura", disse.

Segundo Martinelli, Lula pode, portanto, se apresentar como candidato, já que a declaração da inelegibilidade depende da requisição da candidatura –e "oficialmente isso não foi requerido à Justiça eleitoral".

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