Sob críticas internas, PSOL lança pré-candidatura de Boulos à Presidência

Daniela Garcia

Do UOL, em São Paulo

  • Suamy BeydounAGIF/Estadão Conteúdo

    Guilherme Boulos concede entrevista coletiva ao lado de Sonia Guajajara, líder indígena e coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, que deve compor a chapa como vice

    Guilherme Boulos concede entrevista coletiva ao lado de Sonia Guajajara, líder indígena e coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, que deve compor a chapa como vice

Guilherme Boulos, líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), foi lançado neste sábado (10) como o pré-candidato do PSOL à Presidência sob críticas de alas do próprio partido.

Em Conferência Eleitoral na manhã deste sábado, Boulos foi escolhido pela maioria dos presentes, com 87 votos. Em segundo lugar, ficou Plínio Jr., com 27 votos, e o pedagogo Hamilton Assis, com 7 votos.

Aos 35 anos, Boulos é professor de psicanálise na USP, além de ser ativista social no MTST desde 2002. Recém-filiado ao PSOL, ele nunca exerceu cargo público.

Em entrevista coletiva, Boulos chamou o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), também pré-candidato à Presidência, de "bandido". "Há caminhos perigosos sendo traçados na política brasileira. Há candidatos como Bolsonaro que pregam a intolerância e o ódio. No nosso entendimento, Jair Bolsonaro não é um concorrente. Jair Bolsonaro é um bandido", disse. "É aquele que cometeu o crime de racismo ao ofender os negros e negras no nosso país. É aquele que cometeu o crime de apologia ao estupro contra a deputada Maria do Rosário (PT-RS)", completou.

O pré-candidato reafirmou que defende a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto. Boulos disse que tanto ele como o PSOL estão em defesa do petista por acreditarem que a condenação foi injusta e sem provas. "[Vamos] questionar e denunciar quando o Judiciário toma o papel de partido político e condena por casuísmo para retirar alguém do processo eleitoral", afirmou.

O ativista também disse que não deve dividir o palanque com Lula no primeiro turno. Para Boulos, o petista usou uma "força de expressão" ao declarar que faria campanha para o aliado do MTST.

Afirmou que, se vencer as eleições, promoverá um plebiscito para questionar os atos do governo do presidente Michel Temer (MDB). Segundo Boulos, a população deveria decidir sobre a revogação de medidas implantadas como o teto de gastos públicos, reforma trabalhista e a eventual reforma da Previdência. Além da bandeira dos direitos sociais, o psolista afirmou que o plano de governo inclui uma reforma tributária profunda e regulação dos bancos.

Críticas internas

Durante a semana, a filiação do líder do MTST causou estranhamento dentro da sigla entre os demais postulantes ao posto de candidato, que reclamaram da ausência de debate entre os candidatos e a militância do partido

"É uma vitória de pirro, porque a candidatura do Boulos foi agraciada por uma Conferência Eleitoral de cartas marcadas, com gravíssimo déficit de legitimidade", disse Plínio Jr. neste sábado. Segundo ele, 40% do partido "não entende e não digere" a candidatura do Boulos. O rival interno de Boulos é filho de Plínio Arruda Sampaio, candidato à Presidência pela legenda em 2010 e falecido em 2014.

Questionado sobre as demais candidaturas do partido, Juliano Medeiros, presidente do PSOL, afirmou que todos os postulantes tiveram espaço para expor "suas divergências". Ele reforçou, contudo, que o partido "marcha unido" com a chapa Boulos-Guajajara a partir deste sábado.

A respeito das críticas internas, Boulos afirmou que sua indicação foi aprovada por uma maioria expressiva. "Quando as posições das pessoas não vencem, elas têm que compreender isso. Faz parte da democracia", pontuou.

Boulos também falou sobre a fragmentação da esquerda em pré-candidaturas ao Planalto. Além de Lula, a deputada estadual Manuela D'Ávila (PCdoB) e Ciro Gomes (PDT) estão no páreo. "Eu sempre defendi que a esquerda tenha união em temas fundamentais como a defesa da democracia, defesa dos direitos sociais, mas que tenha preservada a sua diversidade. Há diferenças de projetos na esquerda. [A esquerda] tem o direito de se apresentar diferente no primeiro turno", declarou.

Pré-candidata a vice na chapa de Boulos, Sônia Guajajara afirmou que defenderá a "demarcação do território por todos os direitos sociais que a sociedade brasileira precisa".

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