SP: Luiz Marinho vence disputa e é escolhido pré-candidato do PT ao governo

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

  • PAULO LOPES/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

    24.mar.2018 - Luiz Marinho, pré-candidato ao governo do estado de São Paulo pelo PT, durante as prévias do partido

    24.mar.2018 - Luiz Marinho, pré-candidato ao governo do estado de São Paulo pelo PT, durante as prévias do partido

Com 79% dos votos, os delegados do PT de São Paulo escolheram o ex-prefeito de São Bernardo do Campo (SP) Luiz Marinho como pré-candidato do partido para disputar o governo do estado nas eleições de outubro.

O adversário dele, Elói Pietá recebeu 175 votos dos 850 delegados que compareceram ao 19º Encontro Estadual do PT paulista, na Quadra dos Bancários, centro de São Paulo, neste sábado (24).

Essa foi a primeira vez em 12 anos que o PT precisou escolher o candidato do partido ao governo por meio de votação. Isso porque, apesar de Marinho ser o candidato apoiado pela liderança nacional do partido, Pietá, que é ex-prefeito de Guarulhos (SP), também se colocou no páreo. Ele foi apoiado por grupos mais à esquerda dentro da legenda.

"As nossas diferenças são mixaria diante das tarefas e missões que temos lá fora. Nós vamos juntos. Temos agora a missão de organizar a campanha, o debate de alianças, entrar nessa nova fase", discursou Marinho, que é presidente estadual do PT.

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Em seguida, fez questão de exaltar o ex-presidente e pré-candidato ao Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "A partir de agora não tem disputa interna, é defesa do Lula presidente e do nosso partido", declarou.

Marinho também rebateu quem aposta que o PT terá dificuldades nessas eleições. "Seguramente temos todas as condições de ganhar e tenho certeza que vamos entrar numa fase de retomada do nosso crescimento [...] Situação pior passamos em 2014. Mas agora em 2018 é a nossa vez de fazer o Suplicy senador, de ocupar a segunda vaga [no Senado]", disse.

PT x Doria

O petista voltou a atacar o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), pré-candidato ao governo, a quem chamou de "vagabundo" e disse que "os verdadeiros partidos de esquerda" se aliarão ao PT, ao alfinetar o vice-governador de São Paulo, Márcio França, pré-candidato do PSB.

"João se dizia trabalhador, mas se tornou um vagabundo, porque não cuidou de São Paulo, dizia que governava pelo WhatsApp", declarou Marinho.

Como presidente do partido em São Paulo, ele convocou a militância para discutir os detalhes do ato em defesa da candidatura do ex-presidente Lula e contra a prisão dele.

O STF (Supremo Tribunal Federal) vai voltar a discutir o habeas corpus de Lula, para evitar ser preso após a condenação em segunda instancia, no dia 4 de abril, por isso o PT marca atos no dia 2 de abril, no Rio de Janeiro, 3 de abril em São Paulo e 4 de abril em Brasília.

No mesmo dia, grupos contrários ao PT pretendem fazer um ato pela prisão do petista. "Não nos preocupa. Eles querem fazer, eles façam o ato deles. Nós vamos fazer os nossos", comentou.

Encontro

Antes do início da votação, delegados gritavam o nome de Marinho em apoio a sua candidatura. Quem passou pela mesa montada no palco da quadra exaltou a figura de Lula, que não compareceu porque está em caravana pelo sul do Brasil. Cartazes em apoio ao petista foram espalhados em todo o espaço onde foi realizado o encontro.

Com o apoio declarado de Lula e das grandes lideranças do partido, Marinho recebeu um vídeo de apoio do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, atual coordenador da campanha do ex-presidente ao Planalto.

No vídeo, Haddad manda os parabéns, lamenta não estar presente e diz estar acompanhando Lula na caravana no sul do país. O nome do petista tem sido ventilado como substituto caso o ex-presidente seja impedido de disputar as eleições deste ano pela Justiça Eleitoral.

Durante o encontro, não foram vistas grandes lideranças nacionais do partido, já que, assim como Haddad, elas estão com Lula em Santa Catarina.

O vice-presidente nacional do PT, Alexandre Padilha, compareceu à Quadra dos Bancários e disse que o partido irá construir no Estado uma candidatura "colada" com a campanha para presidente.

"Tive a experiência de ter sido candidato ao governo do Estado pelo PT [nas eleições de 2014] e sabemos que desde 1998 todos os candidatos a governadores do PT tiveram voto do candidato à presidência. Na hora, o eleitor faz voto casado, presidente e governador", disse.

Segundo ele, Marinho tem grandes chances de colocar o PT no segundo turno do pleito estadual. "Vai ser um voto muito casado com o do Lula presidente, enquanto a turma do PSDB está em frangalhos. Temos grande oportunidade de colocar Marinho no segundo turno e fazer um bom debate no Estado de São Paulo", disse.

Quem é o pré-candidato

Ex-líder sindical e metalúrgico, Marinho governou São Bernardo do Campo entre 2009 e 2017. Também fez parte da equipe de ministros do primeiro e do segundo mandato de Lula (Trabalho e Previdência, respectivamente).

Ao sair da prefeitura, não conseguiu eleger o candidato do PT, Tarcisio Secoli, que sequer foi para o segundo turno. São Bernardo do Campo era considerada uma das principais cidades do "cinturão vermelho" e agora é governada pelo tucano Orlando Morando.

São Paulo é governado há 24 anos por políticos tucanos. Na única vez em que o PT conseguiu ir para o segundo turno na disputa pelo Executivo estadual, Marinho estava na chapa encabeçada por José Genoíno. Naquele ano, o tucano Geraldo Alckmin venceu as eleições com 58,64%.

"Fomos e disputamos. Agora seguramente nós estaremos no segundo turno, até porque não temos mais nem Serra, nem Alckmin como candidatos a governador. Em 1998 foi Mário Covas e depois só se repetiu o pingue-pongue entre os dois, portanto estamos seguros que é a nossa vez", disse.

Marinho disse ao UOL que a eleição deste ano "está em aberto". "O PSDB está rachado, com duas ou três pré-candidaturas, tem o candidato do pato que agora é sapo [em referência a Paulo Skaf, do MDB], tem o João [Doria, prefeito de São Paulo, do PSDB] que diz que trabalhava, que foi viajante, mas que não tem palavra, e tem o vice-governador que é o braço estendido de [Geraldo] Alckmin", disse ao defender que essa é a vez do PT.

Disputa ao Senado

Com o nome do vereador Eduardo Suplicy aclamado como pré-candidato ao Senado sem passar por votação, o PT paulista escolheu com 58% dos votos o ex-deputado federal Jilmar Tatto como o outro pré-candidato do partido a senador, derrotando a vereadora Juliana Cardoso que também estava no páreo. 

"Elói, acabou esse negócio de prévia. Agora é com o PT na rua", disse Tatto ao saudar a militância após a divulgação do resultado. Elói Pietá defendia que a escolha do candidato do PT ao governo de São Paulo deveria ser feita por meio de prévias, quando todos os filiados do partido no Estado têm a possibilidade de votar. Mas a direção nacional do partido decidiu que ela se daria por meio de votação entre cerca de 1.200 delegados.

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