Com "Super Moro", militantes encaram temporal em ato anti-Lula em Brasília

Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília

Uma tempestade que caiu sobre Brasília no início da noite desta terça-feira (3) atrapalhou, mas não dispersou atos organizados pelo MBL (Movimento Brasil Livre), pelo VPR (Vem Pra Rua) e por outros movimentos a favor da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Amanhã, o STF (Supremo Tribunal Federal) julga um pedido de habeas corpus do petista para manter-se em liberdade até que o caso do tríplex do Guarujá seja julgado em todas as instâncias.

A maioria dos manifestantes se concentrou no canteiro central da Esplanada dos Ministérios, em frente ao Congresso Nacional. O ato, que terminou oficialmente às 20h10, chegou a reunir cerca de 1.500 manifestantes, de acordo com a SSP-DF (Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal). Os eventos fazem parte de uma série convocada pelos dois movimentos em mais de 100 cidades brasileiras.

Por causa da chuva, do trio elétrico veio um alerta atribuído à polícia para que o público se afastasse das árvores que ornam a Esplanada, por conta do risco de raios atingirem alguém. Parte do público se abrigou sob a marquise de ministérios, de onde continuava a soar gritos de "Lula, ladrão, seu lugar é na prisão". Alguns permaneceram na área descampada do canteiro central. O barulho de trovões frequentes assustou os participantes.

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Além dos tradicionais "pixulecos", bonecos infláveis do ex-presidente Lula com roupa de presidiário, os manifestantes também inflaram durante o ato reproduções do juiz Sergio Moro e do ministro do STF Marco Aurélio Mello. O primeiro era chamado de SuperMoro, com o juiz trajado em roupas de super-herói. O segundo, um boneco representado com uma estrela do PT no peito e uma bomba pintada com a bandeira do Brasil na mão.

Moro condenou Lula a 9 anos e meio de prisão – pena aumentada depois a 12 anos e um mês de prisão pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) – pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex. Marco Aurélio, por sua vez, é um dos ministros que votaram contra a prisão após condenação em segunda instância em julgamento sobre o tema no STF em 2016. Ele e outros quatro ministros foram vencidos naquela ocasião. Ele também é relator de duas ações na Corte que retomam o tema.

Um dos responsáveis pelos bonecos infláveis, Winston Lima, 56, do "Bloco Movimento Brasil", disse ao UOL que o ato teve como objetivo "consolidar a pressão no Supremo". "A gente não aceita nem a possibilidade de o STF cuspir na Constituição", afirmou o manifestante sobre a possibilidade de a corte permitir que Lula fique em liberdade.

Motoristas que passavam pela via buzinavam em sinal de apoio ao protesto.

Durante o ato, um dos organizadores propôs o jogo da "vaia ou aplauso" aos manifestantes, que consistia em testar a aprovação de alguns nomes ditos por ele no carro de som.

Enquanto ministros do Supremo, Lula e a presidente do PT, a senadora Gleisi Hoffmann (PR) foram sonoramente reprovadas, as menções a Sérgio Moro e à Operação Lava Jato foram as únicas ovacionadas.

Embora o ato ocorra mais de um ano e meio após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), os manifestantes cantavam "olê olê, olê olê vamo pra rua pra derrubar o PT".

Do alto do trio, uma ativista informou ao público que, à tarde, foram protocolados no Senado pedidos de impeachment contra os 11 ministros do STF. O anúncio foi recebido com entusiasmo e aplausos pelos manifestantes. O objetivo, segundo ela, é limpar "essa corte bolivariana". Em seguida, o cantor do trio cantou uma música na qual pedia a renúncia do STF.

Veja imagens dos atos em SP, DF, GO e RS

Ao fim do protesto, uma das organizadoras rebateu do carro de som a mensagem divulgada ontem pela presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, que pediu serenidade.

"Não é tempo de serenidade, é tempo de coragem e de amor à pátria. Não vamos ficar serenamente aceitando que nos ataquem", declarou.

Apoio a Bolsonaro

Kleyton Amorim/UOL
Paola Comin veste camisa em apoio a Bolsonaro durante ato pela prisão de Lula

Alguns manifestantes foram ao ato vestidos com camisas com o nome ou rosto do deputado federal e pré-candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL-RJ), vice-líder nas principais pesquisas de intenção de voto atrás de Lula.

Uma delas era a internacionalista Paola Comin, 31, que disse que o caráter do protesto é "apartidário". "A gente veio aqui se unir contra a impunidade que o STF quer nos empurrar guela abaixo", afirmou.

Ela explicou que decidiu demonstrar o desejo de ver Bolsonaro presidente porque "só ele pode resolver esse problema". 'De que forma?', questionou a reportagem. "Ele não é a favor da indicação de ministros do Supremo por políticos", respondeu a manifestante. A Constituição determina que a nomeação é responsabilidade do presidente da República e deve passar pelo aval do Senado.

Paola destacou ainda que Bolsonaro é "armamentista" e disse achar fundamental que o cidadão possa se defender sozinho.

Atos em defesa de Lula

Enquanto os atos contra Lula ocorreram em sua maioria nesta terça, os principais atos de apoio ao ex-presidente estão marcados para amanhã, dia do julgamento. Vigílias e passeatas estão marcadas em ao menos 14 capitais: Brasília, Belo Horizonte, Belém, Cuiabá, Florianópolis, Fortaleza, Maceió, Macapá, Manaus, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo e Teresina.

Hoje, na capital federal, os militantes se reuniram na rodoviária de Brasília para uma "aula pública". Em seguida, fizeram uma vigília em frente à Catedral de Brasília.

Uma vigília também ocorreu em São Bernardo, em frente ao prédio onde Lula mora. Em São Paulo, Macapá, Cuiabá e Salvador, houve apenas panfletagem em estações de trem e metrô.

Marcelo Gonçalves/Estadão Conteúdo
Militantes organizam vigília em frente ao prédio onde mora o Lula, em São Bernardo

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