Um dia após Aécio virar réu, Alckmin diz que PSDB "é muito diferente do PT"

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

  • Janaina Garcia/UOL

    18.abr.2018 - Geraldo Alckmin, pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, concede entrevista coletiva durante evento em São Paulo

    18.abr.2018 - Geraldo Alckmin, pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, concede entrevista coletiva durante evento em São Paulo

Um dia depois de o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) se tornar réu no STF (Supremo Tribunal Federal) em ação penal por acusações de corrupção e obstrução de Justiça, o presidenciável tucano Geraldo Alckmin afirmou nesta quarta-feira (18), em São Paulo, que seu partido é "muito diferente do PT".

"Diferentemente do PT, que desacredita as instituições, nós não fazemos isso. Não tem Justiça vermelha, azul, verde, amarela. Tem Justiça. E decisão judicial se respeita. A lei é para todo mundo, tem que respeitar as decisões. É garantido o direito de defesa", afirmou Alckmin, que é presidente do PSDB.

Sobre Aécio, o ex-governador definiu que o correligionário "não tem nenhuma condenação". "Lula tem duas [condenações]. É o imperador do PT, com duas condenações".

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O ex-presidente está preso desde o dia 7 de abril na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, para cumprir pena de 12 anos e um mês de prisão no caso do tríplex do Guarujá (SP). Ele se entregou aos agentes federais na noite de um sábado, em São Bernardo do Campo (SP), embora na ordem de prisão, o juiz Sergio Moro tenha lhe dado a "oportunidade" de se apresentar voluntariamente na sexta (6), na capital federal.

As declarações de Alckmin nesta quarta foram dadas à imprensa após o ex-governador de São Paulo falar a uma plateia de investidores em evento com presidenciáveis organizado pelo Banco Santander.

Na última pesquisa Datafolha, divulgada no dia 15 de abril, Alckmin variou entre 6% e 8% das intenções de voto nos nove cenários em que foi testado. Lula liderou as três situações em que apareceu, variando entre 30% e 31%. Sem o petista, o primeiro colocado foi o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ), com entre 15% e 17% das intenções de voto.

Aécio não deve ser candidato, diz Alckmin

Mais cedo, em entrevista à Rádio Bandeirantes, Alckmin afirmara que Aécio não deveria ser candidato nas eleições deste ano.

Indagado à tarde se retiraria ou manteria a declaração dada à rádio, Alckmin foi taxativo: "Não retiro". A pergunta foi feita após o tucano evitar, em mais de uma ocasião, afirmar se o senador mineiro poderia ser expulso do partido caso fosse condenado no âmbito do processo em que agora é réu. 

"Aécio tomou a medida correta ao se afastar [ano passado] da presidência [nacional do PSDB, agora ocupada por Alckmin]. Tenho certeza que ele vai refletir e ainda será julgado; ele ainda vai se defender", afirmou. "Vamos aguardar que ele preste todos os esclarecimentos", definiu.

PSDB não é beneficiado, avalia presidenciável

Sobre a isonomia do Judiciário, Alckmin negou que ele e seu partido tenham sido beneficiados com a decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) que, semana passada, remeteu à Justiça Eleitoral, e não à força-tarefa da Lava Jato em São Paulo, as investigações sobre suposto caixa dois do tucano. O MPF (Ministério Público Federal) em São Paulo havia pedido a remessa, mas o STJ atendeu parecer da PGR (Procuradoria Geral da República) e encaminhou a investigação à esfera eleitoral, onde as penas em caso de condenação costumam ser mais brandas.

"Tem uma tendência de dizer que todo mundo é igual, mas o MPF respondeu a essa indagação. O STJ não tirou [a investigação da Lava Jato] porque isso nunca esteve na Lava Jato", esquivou-se.

Outro ex-governador tucano alvo de investigação judicial, também de Minas, é Eduardo Azeredo. Na próxima terça (24), o TJ-MG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais) deverá julgar os recursos movidos por Azeredo dentro do processo no qual ele foi condenado a 20 anos e um mês de prisão. O caso ficou conhecido como "mensalão tucano". O julgamento pode levar o político à cadeia ou resultar na prescrição da sua punição, e acontece 11 anos depois da primeira denúncia contra Azeredo, em 2007.

Questionado sobre o impacto desses casos em seu plano de chegar ao Planalto, sobretudo pelo eleitorado de Minas — estado em que os tucanos foram derrotados pelo PT em 2014 aos governos federal e estadual —, Alckmin minimizou um suposto risco. 

"Quando há uma denúncia, você investiga, inocenta ou pune quando é preciso. O que nos distingue dos outros partidos é o fato de não aceitarem decisão judicial", declarou. 

E completou: "O eleitor consegue distinguir um do outro; não se pode subestimar a inteligência do eleitor. Em todos os partidos políticos alguém pode cometer um erro e vai responder por isso", concluiu.

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