Aldo Rebelo diz que órgãos de controle travam obras dos governos

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Niterói (RJ)

O pré-candidato do Solidariedade à Presidência da República, Aldo Rebelo, afirmou nesta terça-feira (8) que o país precisa de um "Executivo forte" e com "autoridade" para enfrentar os órgãos de controle e vigilância institucional, tais como o Ministério Público e os tribunais de contas.

Crítico ao que chamou de "substituição da política", o ex-ministro dos governos Lula e Dilma declarou que "essa é uma questão central no Brasil de hoje". "Ou se restabelece o equilíbrio na vida democrática ou não vamos conhecer soluções permanentes e duradouras para os nossos dilemas."

Em discurso no painel "Diálogo com Presidenciáveis", realizado pela FNP (Frente Nacional dos Prefeitos) e com transmissão do UOL, Aldo declarou que a atuação dos órgãos de controle e os limites impostos pela legislação acabam travando ações do Executivo nos níveis federal, estadual e municipal. Segundo ele, há "uma anarquia" ou "pré-anarquia" nas relações entre os poderes.

"Quando a gente faz obra no Executivo é quase um milagre", comentou. "(...) É mais difícil do que fazer um gol na defesa sei lá de quem... Na defesa do Palmeiras."

Questionado se as críticas eram direcionadas a iniciativas anticorrupção, como a Operação Lava Jato, o pré-candidato disse apenas que "ações de combate à corrupção são bem-vindas". "Ações de combate ao desenvolvimento não são."

Durante a explanação, Aldo não citou o nome dos magistrados da Lava Jato, como Sergio Moro (Curitiba) e Marcelo Bretas (Rio de Janeiro), mas declarou que "não sabemos se quem manda mais no país é juiz de primeiro grau ou o presidente da República".

Para Aldo, os órgãos de controle desafiam a "autoridade legítima baseada no voto" de prefeitos e prefeitas, por exemplo, e tratam gestores como suspeitos ou criminosos.

"Quando temos o poder flutuando entre as ambições das corporações, e quando eu falo das corporações não estou julgando o papel que elas cumprem no combate à corrupção. Elas têm legitimidade, pois receberam do Congresso essa atribuição. O que elas não receberam foi a atribuição de substituir a política como atribuição do destino da sociedade."

"É essa atribuição que elas [as 'corporações'] pretendem. O Brasil não tem saída fora da democracia, e a democracia não tem saída fora da política."

O representante da Solidariedade na corrida presidencial também exaltou as noções de "hierarquia" e "disciplina", sobretudo na educação. Para ele, esses valores se perderam. "Jogamos fora noções importantes da vida coletiva. Você não aprende nem a andar de bicicleta sem hierarquia e disciplina".

O encontro com os pré-candidatos à Presidência é parte da 73ª Reunião Geral da FNP (Frente Nacional de Prefeitos) e reúne prefeitos, vice-prefeitos, parlamentares federais, estaduais e municipais, além de secretários municipais, diretores e servidores públicos.

Além de Aldo, participaram Manuela D'Ávila (PCdoB), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Afif Domingos (PSD), Rodrigo Maia (DEM), Marina Silva (Rede), Álvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Guilherme Boulos (PSOL), Paulo Rabello (PSC) e Henrique Meirelles (MDB).

De acordo com a FNP, foram convidados para participar do evento os pré-candidatos filiados a partidos com pelo menos cinco congressistas.

O PT também estava entre os partidos convidados a participar do encontro. A legenda mantém como seu pré-candidato o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde o dia 7 de abril por determinação do juiz federal Sergio Moro, que o condenou pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá (SP). Lula enviou uma carta que foi divulgada pela organização do evento.

Segundo a FNP, os pré-candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Flávio Rocha (PRB) foram convidados, mas recusaram por conta de compromissos oficiais.

Veja a íntegra do discurso de Aldo Rebelo

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