Ciro evita "demonizar" empresários e propõe novo pacto federativo

Paula Bianchi

Do UOL, em Niterói (RJ)

Evitando "demonizar" o empresariado, o pré-candidato do PDT à presidência, Ciro Gomes, afirmou que um dos principais problemas atuais do país é a desigualdade. Ao citar o desemprego, alto número de homicídios e o grande endividamento das famílias, o pedetista afirmou que é preciso que todos os candidatos olhem para os números do país para além de suas ideologias.

"Nosso país precisa mudar, em qualquer ângulo que se veja", afirmou. "Precisamos fazer um acordo."

De acordo com o candidato, cinco brasileiros somam a fortuna dos 100 milhões de brasileiros mais pobres e essa situação precisa ser revertida. "Não digo isso para condenar o êxito econômico", afirmou. "A iniciativa privada é fundamental ao êxito da sociedade humana."

"Nesse ano de 2017 chegamos ao limite do paroxismo. Chegamos a menor taxa de investimento do Brasil desde que esse dado começou a ser contabilizado", afirmou Ciro, que criticou a PEC 95, que limita por 20 anos os gastos públicos. "Essa medida é uma incongruência." Segundo ele, se esse modelo funcionasse já teria sido adotado por outros países.

Ciro propôs uma série de plebiscitos para rever as reformas atuais e disse que a única solução para o país e a democracia e a reformulação do pacto federativo, segundo ele, deixado de lado.

"O Brasil tem uma tragédia acontecendo. Há um lado bom. O pacto federativo está de tal forma rasgado que temos condição de fazer essa grande reforça, que saneia as contas do país fazendo um grande redesenho. Esse é o caminho, democracia, democracia e democracia."

Ciro também criticou a divisão entre "coxinhas e mortadelas", que considera uma "miudice".

Deputado estadual no Ceará (1983-1988), prefeito de Fortaleza (1989-1990), governador (1991-1994), ministro da Fazenda no governo de Itamar Franco (1994), ministro da Integração Nacional no governo Lula (2003-2006) e deputado federal (2007-2011), Ciro variou entre 5% e 9% nas intenções de voto da pesquisa Datafolha mais recente, divulgada em 15 de abril. Seu melhor cenário foi sem a presença do ex-presidente Lula.

"Chega de intrigas"

Político mais aplaudido até o momento, Ciro evitou comentar se a saída de Joaquim Barbosa da corrida presidencial, anunciada nesta manhã, favorecerá ou não a sua candidatura. "Respeito a decisão, mas ainda é cedo para prever como isso pode ou não impactar a campanha."

Ele também disse que não há como conversar sobre uma aliança com o PT no momento. "Aceitei em minha vida, em meus sonhos, em meu coração, que o PT tem candidato. Não há o que discutir sobre isso. Chega de intrigas."

Pré-candidato anunciado pelo partido, ainda acompanha a situação de Lula para poder ser eventualmente apoiado pelo PT caso o partido não lance um nome próprio em substituição ao ex-presidente.

O encontro com os pré-candidatos à Presidência é parte da 73ª Reunião Geral da FNP e reúne prefeitos, vice-prefeitos, parlamentares federais, estaduais e municipais, além de secretários municipais, diretores e servidores públicos.

Além de Ciro, participam Manuela D'Ávila (PCdoB), Geraldo Alckmin (PSDB), Rodrigo Maia (DEM), Guilherme Afif Domingos (PSD), Álvaro Dias (Podemos), Guilherme Boulos (PSOL), Aldo Rebelo (SD), Paulo Rabello (PSC), Marina Silva (Rede) e Henrique Meirelles (MDB).

De acordo com a FNP, foram convidados para participar do evento os pré-candidatos filiados a partidos com pelo menos cinco congressistas. O PT também estava entre os partidos convidados a participar do encontro. A legenda mantém como seu pré-candidato o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde o dia 7 de abril por determinação do juiz federal Sérgio Moro, que o condenou pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá (SP).

Segundo a FNP, os pré-candidatos Jair Bolsonaro e Flávio Rocha foram convidados para o painel "Diálogo com Presidenciáveis", mas recusaram por conta de compromissos oficiais. Já o ex-presidente Lula, que está preso, enviou à organização do evento uma carta. O documento foi entregue à imprensa.

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