Marina propõe novo pacto federativo e acena a prefeitos com mais autonomia

Paula Bianchi

Do UOL, em Niterói (RJ)

Ex-senadora e ex-ministra do meio ambiente do governo Lula, Marina Silva (Rede) atribui a atual situação do país a uma série de "decisões políticas equivocadas". Em evento da FNP (Frente Nacional de Prefeitos), ela acenou para os prefeitos com uma proposta de descentralização de recursos e autonomia para municípios.

Ao defender um novo pacto federativo, Marina afirmou que é preciso olhar "mais para o Brasil e menos para Brasília" e lembrou sua experiência como vereadora ao frisar a importância dos municípios no cenário nacional.

Segundo ela, a atual crise, com 13 milhões de desempregados, já devolveu à pobreza os 40 milhões de pessoas que tinham deixado essa condição. "Enquanto para o governo federal o desemprego é uma informação no jornal, para os prefeitos é um problema real. É por isso o compromisso com descentralização de recursos", afirmou Marina, sendo aplaudida pela plateia formada por prefeitos.

Marina Silva concorre à Presidência pela terceira vez e subiu ao palco ao lado do senador da Rede Randolfe Rodrigues. Ela tem entre 10% e 16% das intenções de voto na última pesquisa Datafolha, divulgada em abril. Dentro da margem de erro de 2%, ela lidera tecnicamente a corrida presidencial ao lado de Bolsonaro em todos os seis cenários sem Lula.

Na última eleição presidencial, em 2014, Marina teve cerca de 20 milhões de votos e, no segundo turno, apoiou a candidatura de Aécio Neves (PSDB) contra Dilma Rousseff.

Seu partido, a Rede, que atualmente possui dois deputados federais e um senador, perdeu dois deputados em abril, ameaçando a presença da candidata nos debates eleitorais na televisão.

Marina disse respeitar a decisão do ministro Joaquim Barbosa de não concorrer à Presidência e evitou comentar se a desistência afeta de alguma forma a sua candidatura -- no passado, se ventilou uma possível aliança entre os dois e eles chegaram a se encontrar mais de uma vez em 2017, sempre com a mediação do ex-ministro do STF Carlos Ayres Britto.

"Minha candidatura não está dependente de outras candidaturas", disse Marina. Segundo ela, a Rede já entrou em contato com partidos que a apoiaram na eleição passada.

"Já estamos fazendo algumas coligações. São programáticas, não pragmáticas. Vamos continuar aprofundando o diálogo. Temos espaço de diálogo com os partidos que caminharam juntos em 2014. O PSB vai fazer suas próprias avaliações."

Em 2014, a coligação de Marina, a Unidos pelo Brasil, envolveu, além do PSB, o PHS, PRP, PPS , PPL e PSL.

O encontro com os pré-candidatos à Presidência é parte da 73ª Reunião Geral da FNP e reúne prefeitos, vice-prefeitos, parlamentares federais, estaduais e municipais, além de secretários municipais, diretores e servidores públicos.

Além de Marina, participam Manuela D'Ávila (PCdoB), Geraldo Alckmin (PSDB), Rodrigo Maia (DEM), Guilherme Afif Domingos (PSD), Álvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Guilherme Boulos (PSOL), Aldo Rebelo (SD), Paulo Rabello (PSC) e Henrique Meirelles (MDB).

De acordo com a FNP, foram convidados para participar do evento os pré-candidatos filiados a partidos com pelo menos cinco congressistas. O PT também estava entre os partidos convidados a participar do encontro. A legenda mantém como seu pré-candidato o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde o dia 7 de abril por determinação do juiz federal Sérgio Moro, que o condenou pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá (SP).

Segundo a FNP, os pré-candidatos Jair Bolsonaro e Flávio Rocha foram convidados para o painel "Diálogo com Presidenciáveis", mas recusaram por conta de compromissos oficiais. Já o ex-presidente Lula, que está preso, enviou à organização do evento uma carta. O documento foi entregue à imprensa.

Marina propõe novo pacto federativo; Veja íntegra

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