Rabello diz que fará repasses diários a prefeitos: "acabou o pires na mão"

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Niterói (RJ)

O pré-candidato do PSC à Presidência da República, Paulo Rabello, afirmou nesta terça-feira (8) que pretende criar um mecanismo para repassar diariamente aos governos municipais as receitas fiscais, o que acabaria, segundo ele, com a "história do pires na mão". Ele se referia aos prefeitos que costumam viajar a Brasília para negociar liberações de verba.

"A maior parte da receita fiscal vai para Brasília e depois os senhores vão lá com o pires na mão para negociar uma verba que já deveria estar automaticamente liberada", declarou.

Em discurso no painel "Diálogo com Presidenciáveis", realizado pela FNP (Frente Nacional dos Prefeitos) e com transmissão do UOL, Rabello disse que os repasses seriam realizados sempre às 17h30, por meio de um sistema automatizado. "Os prefeitos vão poder organizar o orçamento através de um pinga-pinga diário. Isso já está pronto e organizado", comentou.

Rabello não explicou os detalhes legais da proposta, mas disse que é possível implementá-la ainda em 2019. De acordo com o pré-candidato, a medida faz parte de uma meta central do seu programa de governo --o "federalismo fiscal".

Rabello explicou que pretende implementar uma reforma tributária e que, a partir de mudanças na legislação, concentrará os impostos que incidem sobre produtos em um "único pacote". Essa "cesta de tributos", segundo ele, geraria os recursos distribuídos diariamente para cada município brasileiro.

"Dentro da reforma tributária que nós faremos, haverá um recolhimento centralizado de toda essa quantidade enorme de tributos que incidem sobre uma lata de extrato de tomate, uma lata de ervilha, sobre serviço de iluminação. Tudo isso gera hoje pelo menos sete tributos diferentes. Eles serão juntados em um único pacote, em uma única cesta. Essa cesta estará contabilizada às 17h. Cada município terá sua cota-parte, isso é possível hoje eletronicamente. O IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] tem perfeitas condições de fazer essa distribuição."

"Parece até milagre, mas é o milagre da eficiência."

Rabello foi presidente do IBGE e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) durante a gestão de Michel Temer (MDB). Questionado se a impopularidade do atual presidente e possível candidato à reeleição poderia respingar em sua candidatura, já que ele fez parte do governo, Rabello declarou não estar preocupado com isso.

"Eu fiz parte de duas equipes extraordinárias. (...) Isso dentro de uma administração cheia de problemas políticos. Nós passamos por cima disso tudo."

"Arma secreta"

O pré-candidato revelou ainda que, na manhã desta terça, participava de entrevista em uma rádio carioca quando foi questionado se votaria no ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa.

"Eu disse que até consideraria, sim, porque ele é um nome que seria de renovação", declarou. "Só que eu faço um prognóstico: ele não vai ser candidato. Uma hora depois eu saí da rádio e fiz a leitura que o Barbosa tinha desistido da disputa."

"Há vários pré-candidatos que estão se situando apenas para ou negociar mais a frente outra posição, o que é legítimo, ou estabelecer alguma forma de negociação", comentou.

Com pouca projeção no cenário político e longe dos líderes nas pesquisas, Rabello disse apostar em uma "arma secreta" para conquistar o eleitorado. "Eu costumo até brincar que eu prefiro estar mais perto de Jesus. É uma arma secreta do nosso partido. O PSC tem os valores que dizem ao coração de 90% dos brasileiros: a defesa da família, a defesa da vida em todos os sentidos, a não-violência, a segurança pública."

O encontro com os pré-candidatos à Presidência é parte da 73ª Reunião Geral da FNP (Frente Nacional de Prefeitos) e reúne prefeitos, vice-prefeitos, parlamentares federais, estaduais e municipais, além de secretários municipais, diretores e servidores públicos.

Além de Rabello, participaram Manuela D'Ávila (PCdoB), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Afif Domingos (PSD), Rodrigo Maia (DEM), Marina Silva (Rede), Álvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Guilherme Boulos (PSOL), Aldo Rebelo (SD), Paulo Rabello (PSC) e Henrique Meirelles (MDB).

De acordo com a FNP, foram convidados para participar do evento os pré-candidatos filiados a partidos com pelo menos cinco congressistas.

O PT também estava entre os partidos convidados a participar do encontro. A legenda mantém como seu pré-candidato o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde o dia 7 de abril por determinação do juiz federal Sergio Moro, que o condenou pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá (SP). Lula enviou uma carta que foi divulgada pela organização do evento.

Segundo a FNP, os pré-candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Flávio Rocha (PRB) foram convidados, mas recusaram por conta de compromissos oficiais.

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