Se "nada der certo", Lula saberá o que fazer, diz Gleisi sobre candidatura
Bernardo Barbosa
Do UOL, em São Paulo
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Cristiane Mattos - 21.abr.2018/O Tempo/Estadão Conteúdo
Gleisi durante ato contra a prisão de Lula em Ouro Preto (MG), em abril
A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), disse nesta sexta-feira (11) em Curitiba que, caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja impedido de ser candidato nas próximas eleições, ele "vai saber o que fazer". Segundo ela, existe um "ataque especulativo" à candidatura de Lula.
Apesar de ser um raro reconhecimento por Gleisi de que Lula pode ficar fora da disputa eleitoral, a declaração reforça que, para o comando do PT, só o próprio Lula pode decidir sobre sua candidatura, em uma aparente tentativa de conter recentes dissonâncias no discurso de integrantes do partido.
Ao falar sobre a possibilidade de Lula disputar a eleição mesmo preso e condenado em segunda instância, Gleisi reafirmou que o ex-presidente pode ser inscrito como candidato e que a Lei da Ficha Limpa prevê o uso de recursos que podem suspender a inelegibilidade.
Isso porque, em tese, a condenação em segundo grau deixa Lula inelegível pela Lei da Ficha Limpa, mas a legalidade da candidatura depende de uma análise da Justiça Eleitoral, o que só deve ocorrer em setembro --já em plena campanha.
"E se nada, nada, nada der certo, o Lula vai saber o que fazer e vai dar a resposta ao povo brasileiro", disse a senadora em discurso a militantes presentes na vigília organizada em apoio a Lula perto do prédio da Polícia Federal em Curitiba, onde o ex-presidente está preso.
Na prática, as declarações recentes de Lula e Gleisi mostram que o ex-presidente e o comando do partido não pretendem abrir espaço, ao menos no momento, para qualquer debate sobre o que fazer caso o petista seja impedido de concorrer.
Na terça (9), o PT divulgou uma carta de Lula, endereçada a Gleisi, na qual o ex-presidente reafirma que é candidato e diz que sabe o quanto a senadora "está sendo atacada" em meio ao debate sobre sua candidatura. Antes de ser preso, em abril, Lula escolheu Gleisi como sua porta-voz.
Na carta, Lula deixou clara sua estratégia: "Se eu aceitar a ideia de não ser candidato, estarei assumindo que cometi um crime."
Segundo a Folha de S.Paulo, a carta desanimou petistas que defendem a discussão de planos alternativos à candidatura de Lula, mesmo que não fossem anunciados agora.
No começo de maio, causou mal-estar em setores do PT a declaração do ex-governador Jaques Wagner de que, se Lula não puder disputar a eleição, o partido poderia ocupar a vice-presidência em uma chapa encabeçada por um nome de fora da legenda, inclusive Ciro Gomes (PDT).
Na mesma ocasião, Wagner disse que a prisão de Lula colocava o PT em uma "situação de resistência".
Diante da incerteza sobre o que o PT e Lula farão, outros partidos de esquerda intensificam as tratativas sobre alianças, principalmente depois do anúncio, na terça (8), de que o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa (PSB) não disputará a Presidência.
Esta semana, o PDT acenou ao PSB com a possibilidade de abrir mão de candidaturas a governador em troca de apoio a Ciro --que, por sua vez, busca articulação com o PCdoB, cuja pré-candidata é Manuela D'Ávila.
Um dos principais nomes do PCdoB, o governador maranhense Flávio Dino, já defendeu publicamente uma união da esquerda em torno da candidatura de Ciro.
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