A prefeitos, Bolsonaro diz que gestores devem governar "sem medo" do MP

Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília

  • Luciana Amaral/UOL

    O deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), pré-candidato à Presidência, falou à Marcha de Prefeitos, em Brasília

    O deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), pré-candidato à Presidência, falou à Marcha de Prefeitos, em Brasília

Pré-candidato à Presidência do Brasil, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta quarta-feira (23) durante evento que reuniu centenas de prefeitos em Brasília que é preciso ter coragem para enfrentar um problema de muitos deles, o Ministério Público, que segundo ele gera "medo" em chefes do Executivo municipal. "Todos nós podemos errar", ponderou.

"Alguns problemas nós vamos ter coragem de enfrentar. E eu costumo dizer 'é daqui pra frente, nenhum olhar no retrovisor'. Um problema de muitos dos senhores: Ministério Público. Eles têm que ser parceiros e colaborar no desenvolvimento do Brasil", declarou o presidenciável, sendo aplaudido em seguida.

"[É preciso] ter coragem para falar sobre o Ministério Público. Fazem um bom trabalho? Em parte, sim, mas tem seus problemas. Qual prefeito aqui não fica com medo, preocupado –alguns não ficam, né, mas grande parte—com o MP, [para não] responder por improbidade administrativa. Temos que mudar isso", acrescentou, no final da palestra de quase 40 minutos.

Bolsonaro explicou que não quis dizer que "não vai ter mais fiscalização". "Não é isso. Mas nós temos que ser prefeitos, ser governadores, ser presidente sem medo. Todos nós podemos errar. E não é de um erro que venha acontecendo venha uma lapada em cima da cabeça da gente", afirmou.

"Estamos no mesmo barco chamado Brasil. Ele não submergirá", concluiu o presidenciável.

Questionado em entrevista coletiva ao fim de sua fala sobre como aliaria o seu discurso de combate à corrupção com as críticas ao Ministério Público, ele disse que "não tem nada a ver uma coisa com a outra".

"O que tem que ter é bom senso. Até um simples fiscal não pode chegar no estabelecimento e meter logo a caneta. Orienta no primeiro momento. Quem nunca reclamou de uma multa de trânsito aqui? Essa é a intenção. O combate à corrupção tem que continuar com mais força do que há no momento ainda", afirmou.

O parlamentar deu como exemplo uma emenda constitucional promulgada em 2014 que determinou a expropriação de propriedades onde for localizada a exploração de trabalho escravo.

"Ninguém é favor do trabalho escravo. Mas tem gente do MP, do Judiciário que entende que o trabalho análogo à escravidão também é escravo. Pô, tem que botar um ponto final nisso. Análogo é uma coisa e escravo é outra. É um exemplo que eu te dou", disse Bolsonaro aos jornalistas.

Durante sua fala, foi vaiado por duas vezes por um grupo pequeno de participantes do evento. O presidente da CNM (Confederação Nacional de Municípios), Paulo Ziulkolski, pediu respeito ao presidenciável.

Bolsonaro então respondeu que quem tiver uma boa sugestão deveria fazê-la. "Eu não vim aqui para dizer que sou melhor que os outros", declarou. Na saída, ele afirmou que esse tipo de manifestação "faz parte".

"Meu pavio cresceu"

Sem citar nominalmente seus possíveis adversários nas eleições, ele disse que "começamos agora um período quase de vale-tudo", e anunciou uma mudança no seu temperamento, notoriamente explosivo. "Meu pavio foi curto no passado, cresceu agora", declarou.

Mais cedo, ele usou o Twitter para rebater crítica feita a ele pelo ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), durante sabatina realizada nesta quarta-feira (23) pelo UOL, Folha de S.Paulo e SBT. 

"Geraldo Alckmin me rotula de atrasado por meus votos no passado. Um dos votos que mais me orgulha foi o contra a reeleição de FHC. Não aceitei a propina do seu partido PSDB. Concluo, Sr Alckmin, estou aguardando alguém da sua laia me chamar de corrupto", escreveu Bolsonaro no Twitter, minutos após o fim da entrevista com o tucano.

Pré-candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, Alckmin afirmou que "Bolsonaro e o PT são a mesma coisa, é o corporativismo puro". "Se você pegar os votos do Bolsonaro, é muito junto com o PT, é uma coisa atrasada", declarou.

Após a participação na marcha dos prefeitos, disse que não atacou Alckmin "de graça", e sim porque ele o comparou ao PT. "Logo eu", comentou. Questionado pela reportagem do UOL se recebeu oferta direta para comprar seu voto em 1997, quando o tucano FHC era presidente, Bolsonaro respondeu que "naquela época só faltou alguém ir no microfone da Câmara e anunciar".

O presidenciável foi questionado ainda sobre suas opiniões acerca dos quilombolas e indígenas por um jornalista do Maranhão, que o indagou se "o Brasil deveria aguardar uma raça ariana no seu governo". Rindo, ele disse achar que o repórter "fumou algo estragado". "Só pode ser", comentou.

"Eu quero um Brasil igual para todos, acabar com essa briga de nordestino e sulista --que existe um probleminha, sempre procuram semear a discórdia entre nós. Brancos e negros, homos e héteros, índios e fazendeiros, pais e filhos, ricos e pobres, homens e mulheres", afirmou.

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