Ciro critica lei da Ficha Limpa e política de preços da Petrobras

Do UOL, em São Paulo

  • Reprodução/Twitter @rodaviva

    28.mai.2018 - Ciro Gomes participa do Roda Viva como pré-candidato à Presidência

    28.mai.2018 - Ciro Gomes participa do Roda Viva como pré-candidato à Presidência

Na noite desta segunda (28), 8º dia da greve dos caminhoneiros, a sabatina do candidato à Presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes, no programa Roda Viva, da TV Cultura, começou com uma pergunta sobre uma possível "ameaça à democracia". Ele respondeu ao apresentador, Ricardo Lessa, que não há risco.

"Essa ameaça não existe. A gente precisa entender que muitos interesses subalternos, laterais, aproveitadores se acostaram, à direita e à esquerda. Mas quando a democracia se exercita contra poderosos incompetentes, isso fortalece, não fere a democracia", afirmou o ex-ministro.

Assim como havia feito mais cedo em um almoço com empresários na capital paulista, Ciro criticou duramente a atual política de preços, chamando-a de "fraudulenta". "Essa política desconsidera o preço do barril do petróleo do Brasil, que custa US$ 17, e cobra o custo do mercado de petróleo especulativo estrangeiro, que hoje está perto dos US$ 90".

Ele argumenta que essa política se baseia numa capacidade ociosa forçada, de um terço, para abrir espaço para que grandes importadoras comprem petróleo a um preço mais alto e, dado que a Petrobras é um monopólio na prática, consigam "empurrar um preço criminoso".

Questionado sobre sua proposição, ele nega que faria política de controle de preços. "O que serve para uma empresa como a nossa é praticar uma matriz de custo transparente, saber quanto custa produzir um litro de gasolina, mais a remuneração do investimento, mais a depreciação, mais o lucro em linha com os competidores estrangeiros. A partir disso, o óleo diesel estaria hoje, no máximo, R$ 3, R$ 2,80".

Questionado sobre a Lei da Ficha Limpa, ele se posicionou contra, mas não revogaria por que agradou a maioria da população. "Num país que tem quatro graus de jurisdição, você suspender os direitos políticos no segundo grau de jurisdição é uma aberração", argumentou.

Fim do congelamento de gastos

Ciro citou mais de uma vez as consequências da emenda constitucional 95, fruto da famosa "PEC do Teto", que congela os gastos públicos por 20 anos. "Só é sério o candidato que propor, de antemão, a revogação da emenda 95", bradou.

Para ele, a emenda impede uma boa gestão do país. "Hoje, o país está proibido de expandir o gasto com saúde pelos próximos 20 anos. Temos em torno de 2 milhões de nascimentos por ano, como vamos cuidar das crianças?"

Questionado sobre sua política econômica por, um "representante do mercado", o candidato se posicionou explicitamente em relação à carga tributária regressiva, que cobra mais dos pobres.

"Sabe quanto é o tributo sobre herança nos EUA? É de 29%. Aqui não chega a 4%. Vou tributar os mais ricos sim para diminuir o custo sobre os trabalhadores mais pobres e diminuir imposto sobre a classe média que sofre com o imposto de renda na fonte."

Ele ainda tripudiou, com tom populista: "Embora o mercado seja essa entidade que resolveu tutelar a democracia, eu decidi que vou servir à população brasileira".

Polêmicas: Venezuela e PCC

Questionado sobre qual deveria ser o papel do Brasil frente à crise Venezuela, ele afirmou que seria mediar o conflito entre a direita "fascista, entreguista e 'vendilhã'" do país e o governo chavista. "Mas não vou alisar Maduro", ponderou.

Ao tratar de questões de segurança pública, Ciro fez uma grave acusação ao governo paulista. "Em São Paulo, as autoridades estabeleceram um entendimento com o PCC. Simples assim", declarou. "Inclui o Geraldo Alckmin nisso?", indagou um dos entrevistadores. E Ciro: "Não quero nomear porque não posso provar. Mas é flagrante que o PCC em São Paulo fez um acordo com as autoridades." De que tipo? "Acordo de cessação de homicídios, por exemplo, para poder fazer o tráfico de drogas impunemente."

Enquanto foi firme na maior parte dos temas, deslizou ao responder sobre aborto e políticas para mulheres. "No passado, eu caí em certas provocações que me tiravam do posto de líder do país para tomar uma decisão. Como chefe de estado brasileiro, o que vou garantir a todos é que nenhum tema será tabu. O presidente não tomará decisão prévia, mas estimularei o debate".

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