Bolsonaro compara militares em eventual governo a Neymar na seleção
Mirthyani Bezerra
Do UOL, em São Paulo
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Renato S. Cerqueira/FuturaPress/Estadão Conteúdo
O pré-candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL-RJ) participa do Única Fórum 2018 no Teatro WTC Events Center em São Paulo
Um dia após o empate do Brasil com a Suíça na estreia da Copa do Mundo, o deputado federal Jair Bolsonaro, pré-candidato do PSL à Presidência da República, afirmou que seu eventual governo à frente do Palácio do Planalto terá militares no comando de ministérios, comparando oficiais das Forças Armadas com o craque da seleção brasileira Neymar Jr.
"A gente tem que botar o Neymar lá na frente, não embaixo do gol. No meu ministério terei, sim, muitos militares. Os governos anteriores botaram guerrilheiros, terroristas, corruptos e ninguém falava nada", disse, arrancando aplausos de uma plateia formada por empresários do setor sucroalcooleiro que participam do Unica Forum 2018. Bolsonaro voltou a afirmar que quer o astronauta Marcos Pontes, que é coronel da Aeronáutica, como ministro da Ciência e Tecnologia caso arruma a presidência em janeiro de 2019.
"Quero colocar por exemplo no ministério da Ciência e Tecnologia, dessa pasta tão importante, um coronel da Aeronáutica Marcos Pontes, que é o nosso astronauta. Se tiver alguém melhor qualificado do que ele, a gente conversa", disse afirmando "não ter ambição pelo poder". "Eu não tenho ambição pelo poder, entendo que isso seja uma missão de Deus. E nós com essa independência temos que colocar as pessoas certas nos lugares certos", disse.
Ainda fazendo analogia com o futebol, Bolsonaro disse ser como um "goleiro" que ninguém lembra quando o time é campeão, respondendo a críticas sobre não ter conseguido aprovar nenhum projeto de lei. "Eu, que fui tão criticado nas redes sociais por não ter aprovado nada, ou quase nada, mas no meu caso ninguém lembra do goleiro quando o time é campeão", afirmou.
Bolsonaro brincou com o mediador do evento William Waack, ex-âncora que foi demitido da TV Globo após polêmica envolvendo racismo, convidando-o a compor junto com militares o seu corpo de ministros, caso seja eleito. Ele chamou o jornalista de "pessoa excepcional". "Essa é a primeira cantada pública que recebo na vida. Jair, eu continuo jornalista e assim permanecerei", disse, divertindo a plateia.
Centrão x independência
Durante seu discurso, o ex-militar afirmou ser um político independente e a prova disso é que, apesar de ter em torno de 20% nas pesquisas de intenções de voto, não fechou alianças com o "centrão". "Temos que chegar de forma independente. Se fosse qualquer outro na situação que me encontro, apesar de não acreditar em pesquisas, tenho em torno de 20%, já estaria fechada a fatura. O centrão já estaria acomodado, todo mundo já teria via negociação, que é de praxe, ter conseguido seu lugar ao sol", disse.
Ele disse ainda que não seria demais falar que "está tudo errado no Brasil", que o país se assemelha a um paciente que "que temos que deixar o dedo e cortar o corpo" e que os problemas se resolvem com "ordem e progresso".
Bolsonaro disse que já está na sétima reunião com possíveis aliados e que há 60 parlamentares que "querem, sim, o bem do Brasil" e que esse número vai chegar a 100. "Apesar de todas as críticas que recebem e merecem receber, boa parte [dos parlamentares] não quer continuar a fazer essa política do 'toma lá, dá cá'", disse.
Ao ser questionado por jornalistas, no entanto, Bolsonaro não detalhou quem seriam alguns dos seus apoiadores no Congresso Nacional.
Posse de armas, "com critérios"
No seu discurso, Jair Bolsonaro falou de bandeiras polêmicas levantadas por ele, como o direito ao porte de arma. "Mais do que defender a vida de um cidadão, a arma defende a liberdade de uma nação", afirmou à plateia.
Mas, do lado de fora, a jornalistas, minimizou a declaração, afirmando que a posse de arma de fogo tem que "ser direito, com alguns critérios, do cidadão de bem". "Hoje não se tem paz nem dentro de casa, se for dormir desarmado. Então eu quero dar esse direito ao povo brasileiro", disse. Ao ser questionado que critérios seriam esses, respondeu: "Tem o fator psicológico, a idade, antecedentes criminais, residência fixa, emprego e talvez mais um outro ai", disse.
Terminou a participação no fórum insistindo na brincadeira com Waack e dizendo que adora "fazer piada", criticando o politicamente correto. "Nós perdemos com o politicamente correto esse espírito. Eu exagero as vezes na brincadeira, por isso sou réu no STF (Supremo Tribunal Federal), mas vamos mudar isso, se Deus quiser", finalizou. O ex-militar é réu por incitação ao estupro, após afirmar que a deputada Maria do Rosário (PT-RS) não merecia ser estuprada por considerá-la "muito feia".
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