Há candidato que aposta em desinformação para não perder voto, diz Temer

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

O presidente Michel Temer (MDB) declarou nesta quarta-feira (20) haver candidato que aposta na desinformação do eleitorado para não perder voto. Ele não citou nomes ou casos específicos.

"Não é sem razão que muitas e muitas vezes, até no período eleitoral, há aqueles que apostam na desinformação de olho nos próprios interesses", disse.

A declaração foi dada durante seminário sobre o impacto social, político e econômico de fake news promovido pela Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abratel).

As chamadas fake news (notícias falsas, em inglês) são textos falsos difundidos, muitas vezes, propositalmente, e por redes sociais ou aplicativos de mensagens.

"Por isso, talvez, mais importante do que votar em candidato, é votar em projeto. Aí, sim, você estará fazendo algo pelo país, porque as desinformações, digamos assim, a malemolência de candidatos ou ao fundamento de que 'não vou dizer isso porque perco um eleitorado tal, um eleitorado qual', é um mal para o país", afirmou Temer.

De acordo com o presidente, o uso proposital da desinformação significa a escravização àquilo que um setor pode pensar e um candidato não quer desagradar. Ele disse que a possibilidade e seus efeitos perversos já foram previstos pela Constituinte de 1988.

"A desinformação não é informação. Não está protegida pelo texto constitucional", disse.

Temer defendeu a liberdade de imprensa afirmando ser ela quem forma as consciências plenas dos cidadãos tal como as opiniões contraditórias, essenciais para uma democracia.

"Essa contrariedade, ao invés de diminuir a percepção dos cidadãos, aguça as opções. Pode discutir e verificar qual o melhor caminho", afirmou.

"A imprensa livre e a democracia não existem uma sem a outra", acrescentou. Temer falou que a imprensa "às vezes pode fazer isso e aquilo", mas, as pessoas passam enquanto as instituições devem permanecer.

Fake news revelam a "ira" dos candidatos, diz Fux

Participaram também do evento sobre fake news o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luiz Fux, e os ministros Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia), Marcos Jorge (Indústria e Comércio Exterior) e Sérgio Sá Leitão (Cultura).

Fux afirmou que as eleições são a maior representação da democracia e é preciso vê-la livre da desinformação.

O presidente do TSE disse que as fake news revelam a "ira" dos candidatos ao invés de criar um debate construtivo, além de distorcer fatos que, potencialmente, podem influenciar o pleito.

Fux disse que o TSE tem priorizado e se esforçado com ações preventivas para um voto consciente dos cidadãos e o tribunal está "municiado" contra as fake news.

Como exemplo, citou o uso da inteligência. No campo repressivo, falou das polícias, órgãos de segurança e as próprias plataformas online.

"Para notícias falsas, precisamos de mais imprensa e de mais jornalismo. Tenho certeza de que posso contar com os senhores [da mídia]", afirmou.

Eunício Oliveira falou que as fake news e a "era pós-verdade" estão diretamente relacionadas a eleições, pois os cidadãos se informam por meio das mais diversas, nem sempre com checagens.

O presidente da Abratel, Márcio Novaes, disse que o papel do jornalismo profissional e o combate às notícias falsas nunca foi tão essencial, especialmente com a proximidade das eleições.

"Boatos e fofocas existem desde sempre, nós sabemos disso, mas é preciso estar atento à disseminação desse mal", falou.

Segundo Novaes, Twitter e Facebook hoje atuam como empresas de mídia no Brasil e devem ser responsabilizados da mesma forma como os demais veículos quando há o compartilhamento de textos falsos.

Ele pediu que governo reveja a legislação que rege as companhias no país e ainda pediu que o Congresso não aprove projeto que equipara rádios comunitárias a rádios comerciais.

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