UOL participa de projeto para investigar notícias fraudulentas nas eleições

Do UOL, em São Paulo

O UOL é um dos participantes do Comprova, um projeto integrado por 24 empresas brasileiras de mídia que, a partir de agosto, terá a missão de investigar e explicar rumores, conteúdo forjado e táticas de manipulação associadas às eleições presidenciais do Brasil em 2018.

A iniciativa tem coordenação da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), apoio do Projor (Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo), além de treinamento e apoio técnico do Google NewsInitiative e do Facebook Journalism Project, sendo que estes dois ajudam no financiamento. Fazem parte do grupo de checagem profissionais de 24 empresas brasileiras de mídia, que passarão por treinamento contínuo sobre como combater a desinformação e as técnicas sofisticadas de amplificação e manipulação. Os resultados desse trabalho começarão a ser publicados no site www.projetocomprova.com.br em 6 de agosto de 2018.

A inspiração do Comprova vem de outros projetos do First Draft, uma iniciativa do Centro Shorenstein para Mídia, Política e Políticas Públicas, da Escola de Governo John F. Kennedy, na Universidade Harvard. Entre eles estão parcerias com agências de notícias para checagem de informações durante as eleições do Reino Unido, da Alemanha e da França (neste último país, a premiada iniciativa leva o nome de CrossCheck) --todas referentes a campanhas eleitorais de 2017. 

"O UOL foi um dos primeiros veículos a assumir o compromisso de implementar o projeto no Brasil por entender que as notícias falsas e a desinformação representam risco real para a democracia", diz Rodrigo Flores, diretor de Conteúdo do UOL.

Heitor Feitosa/Veja
Claire Wardle, diretora internacional do First Draft
"Houve um aumento da necessidade de os jornalistas monitorarem e verificarem o conteúdo das redes sociais. Hoje o público quer que os jornalistas façam esta checagem. Mas não faz sentido ter vários veículos verificando o mesmo vídeo publicado no Twitter. Quando existe colaboração, aumenta a qualidade do jornalismo e não se desperdiça recursos neste trabalho", afirmou Claire Wardle, diretora internacional do First Draft.

O fenômeno das fake news (notícias fraudulentas) ganhou novas proporções nas eleições norte-americanas de 2016. Na ocasião, foram divulgados conteúdos falsos que impulsionaram a candidatura do republicano Donald Trump, hoje presidente dos EUA. Nessas publicações, havia mentiras que desqualificavam a adversária, a democrata Hillary Clinton, bem como informações mentirosas laudatórias a respeito do bilionário.

No Brasil, uma pesquisa recente realizada pelo INCT (Instituto da Democracia e da Democratização da Comunicação) demonstra que a maioria dos eleitores brasileiros não percebe que recebem notícias falsas de política

Funcionamento do projeto

Desde o início do ano, a coalizão de empresas de mídia trabalha no desenvolvimento do fluxo de trabalho e estabelecimento de suas diretrizes. Não haverá uma redação central, e a apuração será fruto do trabalho coletivo dos profissionais de diferentes veículos. Também em parceria, eles criarão peças visuais -- imagens compartilháveis, GIFs animados e vídeos curtos-- para espalhar a informação verificada. 

Nenhum desmentido do projeto será publicado antes de ao menos três veículos entrarem em acordo sobre a falsidade da informação. Além disso, só serão verificadas notícias que já tiverem grande alcance ou potencial viral --isso evita que se dê fôlego a um boato ainda fraco.

Além da publicação no site do Comprova, os parceiros usarão seus próprios canais para divulgar as informações apuradas. A página oficial tem foco na tecnologia móvel e acessibilidade, desde o design até prioridade ao conteúdo visual. Cinco semanas antes da estreia do site, a equipe vai trabalhar para engajar o público e consolidar sua presença nas mídias sociais e WhatsApp. O projeto também foi criado para estimular que as investigações colaborativas continuem depois das eleições de 2018.

Questionada sobre os desafios de implementar o projeto no Brasil, Claire Wardle mencionou justamente a colaboração. "A dificuldade de fazer um projeto colaborativo é que as redações são muito competitivas. Os veículos precisam publicar juntos, e isso é um desafio porque as redações gostam de ser as primeiras. Isso requer uma mudança de mentalidade. Juntos, somos mais fortes."

Existe um componente educativo do Comprova, de acordo com Claire. Isso porque cada reportagem vai explicar como se chegou à conclusão apresentada e mostrar como as pessoas podem usar as mesmas ferramentas e técnicas para verificar a informação.

Essa parceria com o público fica evidente com o uso de uma conta do WhatsApp, com a qual o Comprova receberá rumores sobre as eleições presidenciais. Em outra conta do aplicativo, versão Business, a iniciativa enviará a informação correta apurada, incentivando o público a compartilhar os dados corretos com seus contatos. 

Os parceiros institucionais da iniciativa são ANJ (Associação Nacional de Jornais), RBMDF Associados, Escritório da Universidade de Harvard no Brasil, Projor, Torabit, Ideal H+K Strategies e Twitter.

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