Em busca de apoio para reeleição, Renan e Edison Lobão devem visitar Lula

Bernardo Barbosa e Gustavo Maia

Do UOL, em São Paulo e Brasília

  • Beto Macário - 22.ago.2017/UOL

    Em agosto do ano passado, Renan recebeu Lula em Alagoas

    Em agosto do ano passado, Renan recebeu Lula em Alagoas

Em busca de apoio para a reeleição, Renan Calheiros (MDB-AL) e Edison Lobão (MDB-MA) estão entre os senadores que devem visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na prisão, em Curitiba, na semana que vem. Também devem fazer parte da comitiva Jorge Viana (PT-AC), Roberto Requião (MDB-PR), Armando Monteiro (PTB-PE) e Otto Alencar (PSD-BA).

A lista dos senadores está em despacho publicado nesta sexta-feira (13) pela juíza Carolina Lebbos, responsável pela custódia de Lula. Os parlamentares pediram para que a visita aconteça na segunda (16) ou na terça (17), o que depende de autorização da Polícia Federal.

Renan e Lobão chegaram a votar a favor do impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, enquanto Monteiro e Alencar estão em partidos que já anunciaram apoio à candidatura presidencial de Geraldo Alckmin (PSDB). Mas todos se mantêm fiéis a Lula na região do país onde o petista é mais popular.

Mesmo preso e possivelmente inelegível, Lula tem 49% das intenções de voto para presidente no Nordeste e lidera na região, segundo pesquisa Datafolha feita em junho. É o maior percentual de apoio a Lula entre todas as regiões do país.

Renan grava vídeo em apoio a Lula 

Renan Calheiros e Edison Lobão --ex-ministro de Lula e Dilma-- buscam a reeleição no Senado. Renan inclusive divulgou nesta sexta um vídeo em que saiu em defesa da inocência do petista e fez diversas críticas ao Judiciário por causa do impasse ocorrido no domingo (8), quando decisões contraditórias acabaram por manter o ex-presidente na cadeia.

Renan defende liberdade de Lula e critica Judiciário

"Um dia fizeram acusação contra Lula, sem provas. Depois, denunciaram Lula, sem provas. Foram além, condenaram Lula sumariamente, sem provas. Foram além do além, condenaram Lula em segunda instância, sem provas", afirmou o senador. "Um desembargador federal mandou soltar Lula e um juiz de instância inferior descumpriu a ordem. Isso tem prova! O desembargador mandou soltar de novo. E, num ato de insubordinação, ninguém cumpriu a ordem. Isso tem prova!".

O emedebista fez ainda um ataque indireto à presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Cármen Lúcia, ao dizer que "o Supremo tem maioria a favor da soltura do Lula, mas o tema não é apreciado pela Corte". Ele se refere à decisão da ministra de não pautar a rediscussão da possibilidade do início do cumprimento de pena após condenação em segunda instância.

Outro ex-ministro de Dilma, Armando Monteiro lançou pré-candidatura ao governo de Pernambuco, estado em que o PT enfrenta um impasse com o PSB, do governador Paulo Câmara, para definir se retira a pré-candidatura de Marília Arraes em troca do apoio do PSB à campanha presidencial petista. 

Otto Alencar já disse publicamente que não vai se candidatar, mas seu filho, Otto Alencar Filho, é pré-candidato a deputado federal. Na Bahia, o PSD é aliado do governador Rui Costa (PT), que busca a reeleição. Alencar Filho foi inclusive presidente da Desenbahia, agência de fomento estadual, no governo de Costa.

Em nota enviada ao UOL, a assessoria de Renan Calheiros negou que ele vá buscar apoio para sua reeleição na visita ao ex-presidente. "Lula já apoia Renan faz tempo e da cadeia mandou agradecer a ele pelos posicionamentos", disse, admitindo que o encontro também tratará sobre a eleição, mas apenas a presidencial.

Terceira visita de parlamentares

Todos os seis senadores são integrantes da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado. A visita foi pedida por Jorge Viana com a justificativa de que o direito penitenciário é um dos assuntos de competência da comissão e, por isso, há "pertinência" para verificar se Lula está cumprindo pena de acordo com a Lei de Execução Penal.

Com isso, esta será a terceira visita de comissões de parlamentares a Lula, depois da Comissão de Direitos Humanos do Senado, em abril, e da Comissão Externa da Câmara, em maio. O ex-presidente também continua comandando a movimentação política do PT mesmo detido.

Lula está preso desde abril em Curitiba, cumprindo pena após a condenação em segunda instância no chamado caso do tríplex do Guarujá (SP), da Operação Lava Jato. Ele foi condenado a 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Sua defesa afirma que não há provas dos crimes imputados a ele e busca reverter a condenação no STJ (Superior Tribunal de Justiça) e no STF.

Como foi condenado em duas instâncias por tais crimes, Lula está, em tese, inelegível pela Lei da Ficha Limpa. Apesar disso, o PT garante que vai inscrever Lula como seu candidato presidencial. A legalidade da candidatura vai depender de uma análise da Justiça Eleitoral, o que deve ocorrer entre agosto e setembro.

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