Justiça retira do ar vídeo de Garotinho sobre 'farra dos guardanapos'

Pauline Almeida

Colaboração para o UOL, no Rio

  • Reprodução

    O ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PRP)

    O ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PRP)

A Justiça Eleitoral do Rio de Janeiro mandou remover da página do Facebook de Anthony Garotinho, pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro pelo PRP, um vídeo que prometia uma série de reportagens sobre a "verdadeira história da gangue dos guardanapos".

O episódio faz referência a um encontro promovido em Paris, em 2009, pelo ex-governador Sérgio Cabral (MDB), preso desde novembro de 2016, para comemorar a escolha do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas, dois meses antes do anúncio oficial, levando o Ministério Público Federal à descoberta de esquema de propina no governo fluminense.

A comunicação da retirada do vídeo foi feita pelo Facebook à administração da página, no fim da tarde de sexta-feira (13), citando a ordem judicial expedida pela 118ª Zona Eleitoral do Rio de Janeiro. O juiz Daniel Vianna Vargas entendeu que Garotinho fez propaganda eleitoral antes do período permitido por lei, que começa no dia 16 de agosto.

Segundo o magistrado, o pré-candidato do PRP veiculou mensagens em que se promovia, pediu apoio e votos, além de deixar mensagens negativas contra possíveis adversários. "Importante ressaltar que não se trata de mera divulgação de propósitos ou exercício regular de atividade político/partidária, tampouco menção a genéricos apoios políticos ou normal exercício da liberdade de expressão", considera Vargas. 

O ex-governador do Rio alega que foi censurado e prometeu entrar com uma ação de descumprimento de preceito fundamental para republicar o vídeo e manter a série de reportagens prometida.

"Eu considero uma censura, o conteúdo ali é todo jornalístico, não é feita montagem, tudo real. Muitas daquelas imagens foram usadas nas ações do Ministério Público Federal contra o próprio [Sérgio] Cabral e outros denunciados da Lava Jato. Eu sou o peticionário da notícia-crime contra esse pessoal, sou o detentor do pen drive original dessas imagens, então eu não posso compreender que a Justiça interfira", disse Garotinho.

O vídeo publicado diz que a "gangue dos guardanapos" usou dinheiro público para a compra de joias, iates e mansões. Em um dos trechos, são usadas imagens da reunião realizada em Paris em que Cabral cita o então aliado Eduardo Paes, ex-prefeito do Rio e possível candidato ao governo do Rio pelo DEM --isto é, eventual adversário de Garotinho nas eleições de outubro.

Apesar disso, Garotinho nega intenções eleitorais. "Não começou a campanha ainda, ninguém é candidato", declarou o ex-governador que diz ter novas denúncias sobre supostas irregularidades ocorridas nos mandatos de Cabral e Paes.

O UOL procurou a assessoria de Paes que ainda não se manifestou. A reportagem também entrou em contato com o MDB, criticado no vídeo, mas o partido preferiu não se manifestar sobre o conteúdo publicado.

Entre os que estavam presentes na chamada "farra dos guardanapos", além de Cabral, foram alvo de denúncia pela Lava Jato a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo, o ex-secretário da Casa Civil Régis Fichtner, o ex-secretário de Saúde Sérgio Côrtes, os empresários Georges Sadala, Marco Antonio de Luca e Fernando Cavendish e Wilson Carlos, ex-secretário de Governo.

Anthony Garotinho tem se mantido na vida política por meio de uma guerra judicial. Desde 2010, devido a escândalos na Prefeitura de Campos dos Goytacazes, sua elegibilidade é ameaçada. Atualmente, seu principal percalço é a Operação Chequinho.

Na esfera criminal, a operação já rendeu a ele condenação de 9 anos e 11 meses de prisão por corrupção eleitoral, ainda em primeira instância. O julgamento em segunda instância está suspenso pelo STF (Supremo Tribunal Federal) para apurar a atuação do promotor Leandro Manhães, acusado por Garotinho de perseguição.

A Operação Chequinho foi o motivo para as duas prisões do ex-governador do Rio (em novembro de 2016 e setembro de 2017) por suspeita de tentar atrapalhar as investigações. Ele é acusado de compra de voto na Prefeitura de Campos, quando era secretário de Governo do município. O radialista e a mulher dele, Rosinha Garotinho, então prefeita, teriam inscrito pessoas no programa Cheque Cidadão, que dá direito a uma bolsa de R$ 200, em troca de votos.

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