Manipulação do eleitor ocorre mesmo sem fake news, diz advogado eleitoral

Do UOL, em Brasília

Com a crescente importância da internet na campanha eleitoral, a preocupação contra tentativas de manipular o eleitorado tem se voltado para as chamadas fake news, ou notícias falsas. Mas outro risco considerável de influência sobre os eleitores vem de uma inovação permitida nestas eleições, a de que os candidatos possam pagar pelo impulsionamento de publicações nas redes sociais, dirigindo dessa forma a propaganda eleitoral a um público específico. 

A afirmação é do advogado eleitoral Fernando Neisser, coordenador adjunto da Abradep (Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político).

"Mas de fato não é essencial, para que exista manipulação, que o conteúdo seja falso. Posso construir uma mensagem com um tipo de tendência, que faça seduzir o eleitorado abaixo do seu nível de consciência. Nossa lei não proíbe isso e daí o alerta que a sociedade tem que se proteger", diz Neisser.

O especialista em direito eleitoral concedeu entrevista nesta terça-feira (24) ao jornalista e blogueiro do UOL Leonardo Sakamoto. 

Esta será a primeira eleição com a possibilidade de os candidatos investirem dinheiro na campanha pelas redes sociais. O impulsionamento de publicações, possível, por exemplo, no Facebook, serve para que determinada publicação seja vista por um número maior de usuários. A ferramenta também permite direcionar a publicação para um público de perfil pré-determinado. 

Segundo Neisser, o risco está na possibilidade de que os candidatos consigam construir propagandas específicas ao gosto de cada segmento do público, ao invés de dirigirem as mesmas mensagens de campanha a toda a sociedade, o que iria conferir um poder maior aos instrumentos de marketing político. 

Quem compartilha notícia falsa também pode ser punido

O advogado também alerta que os usuários que repassam notícias falsas em suas redes sociais podem ser responsabilizados por crime eleitoral. "É preciso entender, nós somos responsáveis por aquilo que compartilhamos", diz.

Neisser faz um alerta de que nessa eleição a sociedade esteja atenta ao receber conteúdo sobre candidatos, tanto contra como a favor, e sempre busque checar se aquela informação foi divulgada por mais de uma fonte confiável.

Whatsapp é meio que mais preocupa nas eleições, diz advogado

Preocupação com Whatsapp

Segundo Neisser, o WhatsApp é o meio que mais preocupa quanto aos riscos de propagação de informações com o intuito de tentar manipular os eleitores. Isso porque, diferentemente de outras redes, como Facebook e Instagram, no Whastapp as mensagens não ficam numa espécie de mural público, que pode ser consultado pelas autoridades. 

Caso o cidadão encontre algo que julga ser uma notícia falsa ou tentativa de manipulação do eleitor, a sugestão do advogado é denunciar às autoridades eleitorais. "Há uma serie de canais de denúncia que podem ser encaminhadas pela própria internet", ele afirma.

Assista à íntegra da entrevista do especialista

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