PCdoB vê esquerda desunida e prevê manter Manuela: 'Só a gente se abre'

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

  • Reprodução - 17.abr.2018/Facebook/Manuela D'Ávila

    Luciana Santos (esq.), presidente do PCdoB, e Manuela D'Ávila, pré-candidata à Presidência

    Luciana Santos (esq.), presidente do PCdoB, e Manuela D'Ávila, pré-candidata à Presidência

Defensora da união entre os partidos de esquerda para a disputa pelo Planalto, a presidente nacional do PCdoB, deputada federal Luciana Santos (PE), diz que apenas o seu partido tem demonstrado interesse em uma aliança entre PT, PDT, PSB e PSOL no primeiro turno. "Por que enquanto, só a gente se abre. Do resto, ninguém", disse a deputada ao UOL.

No momento, PT e PDT não têm demonstrado disposição de abrir mão de suas candidaturas, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro Ciro Gomes, respectivamente. Já o PSOL lançou no último sábado (21) sua chapa à Presidência, encabeçada pelo líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) Guilherme Boulos. Já o PSB, sem pré-candidato, ainda avalia o que fazer na disputa: ir com PT, com PDT ou ficar neutro.

O posicionamento das siglas neste momento deve levar o PCdoB a oficializar, na tarde da próxima quarta-feira (1º), a candidatura a presidente da República da deputada estadual Manuela D'Ávila (RS). "É por isso que nós vamos homologar, na convenção, a candidatura dela", diz Luciana.

Segundo a presidente do PCdoB, o partido, inclusive já está tratando sobre materiais de campanha de Manuela. "A tendência principal é ela ser candidata a presidente porque não se firmou, na cena, gestos naquela direção que nós defendemos, que é a unidade".

Tanto a presidente do PCdoB como a própria Manuela dizem que não seriam um entrave para uma aliança entre os partidos.

"Quanto mais junto estivermos, mais chances temos de vencer as eleições. Esse é o nosso discurso há bastante tempo", disse a pré-candidata em sabatina no Encontro Nacional dos Estudantes de Direito, realizado na quinta-feira (26), no Pará. "Tanto é que, dos quatro pré-candidatos que estão [na esquerda], a única a quem vão perguntar se vai retirar [candidatura] sou eu porque sou a que sempre fala que, se for preciso, eu não preciso ser candidata", afirmou Manuela.

Luciana aponta que a união entre os partidos seria uma "tática eleitoral". "[É a] que nós achamos ser a mais conveniente para a estratégia de ganhar as eleições".

De acordo com a última pesquisa eleitoral, em um quadro sem Lula, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) aparece com 17% das intenções de voto, segundo o Ibope. Ele é seguido pela ex-ministra Marina Silva (Rede), com 13%, e por Ciro Gomes, com 8%. Manuela tem 1%.

Quando Lula é mencionado, o petista registra 33% dos votos. Bolsonaro cai para 15%, Marina com 7% e Ciro aparece com 4%. Manuela mantém 1%.

Divulgação
Lideranças do PT se reuniram com o PCdoB em 19 de julho, em São Paulo

Nova tentativa

Na semana que vem, a convite do PCdoB, os presidentes de PT, PSB, PDT e PSOL irão se reunir em Brasília para debater a eleição. O encontro, que acontece pouco antes da convenção do PCdoB e pode ser a última tentativa de unir o grupo, será na quarta (1º), às 9h, na sede do PSB. Até sexta (27), o PSOL ainda não havia confirmado presença no encontro.

Se nós formos abrir [mão da candidatura de Manuela] para não ter nenhum tipo de construção política, não tem por que abrir

Luciana Santos, presidente nacional do PCdoB

A presidente rechaça a ideia de que o PCdoB seja um partido satélite do PT. Ela cita que, em 2014, ganhou a eleição ao governo do Maranhão com Flavio Dino sem o apoio dos petistas, que apoiaram o segundo colocado, Lobão Filho (MDB). "Isso [a crítica] não nos atinge."

Uma situação que agrada a presidente do PCdoB é a que foi citada pelo ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (PT), coordenador do programa de governo da candidatura de Lula, ao "El País": uma chapa entre PT e Ciro. Segundo Haddad, essa ideia "não morreu na praia". "Está na ilha ainda".

"Se isso acontecer, é a unidade da gente. Se isso acontecer, PT e Ciro, é a unidade do nosso campo", comentou Luciana, que acredita que o PSB também integraria o grupo nesse cenário. O PSOL, a princípio, não integraria o grupo. Ela, porém, diz que falar em probabilidade é "complicado".

Presidente do PCdoB diz que Lula não é candidato

Indefinição

Apesar de defender que Lula tenha o direito de ser candidato, a presidente do PCdoB já declarou não acreditar que o petista consiga disputar o Planalto, como informou o UOL no último domingo (22). "Isso é uma incógnita que depende da Justiça", reforçou à reportagem na sexta (27). "O que existe aí é uma grande instabilidade política, é uma grande indefinição."

As lideranças petistas sustentam que Lula será o candidato do partido mesmo, neste momento, ele sendo inelegível após condenação. Em um cenário em que o partido não analisa alternativas à Lula, Luciana discorda de o PT ter menos força que o ex-presidente. "Acontece que o Lula, historicamente, até pelos feitos que realizou, pelos êxitos e pelo legado que construiu, é uma liderança que vai para além do PT."

Ela continua acreditando que o ex-presidente é quem poderia unir os partidos de esquerda. "O nome ideal era o da opção pelo presidente Lula. Mas tem essa situação objetiva da incógnita". Esse seria o ponto fundamental para que os partidos debatessem o cenário eleitoral. "O que importa é a disposição de unidade. O nome [que uniria a esquerda] vem como consequência."

Lula abrir mão da candidatura também não levaria, automaticamente, a um entendimento entre as siglas. "Eu vejo que tem que ter mais abertura e definição dos partidos de como fazer para ganhar a eleição e estabelecer uma construção política que nos una. Não é que Lula tem que abrir [mão] para unir. Não se trata disso", avalia. "Não é fulanizar nessa altura do campeonato. Nós temos é que debater a estratégia."

Para Luciana, se os partidos continuarem separados, há chance de eles não conseguirem o resultado que desejam na eleição. "Se isso prevalecer, as condicionantes são mais duras, são mais diversas. As condições de vitória vão para outra direção, mas não quer dizer que nós não possamos ir para o segundo turno, mesmo com vários candidatos", afirma. "Há muita convergência programática, política. Nós precisamos agora é debater estratégia comum eleitoral. Porque, no debate político, nós temos muita coisa em comum".

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