"Ninguém precisa ter vergonha do que fez", diz Paes em convenção do DEM

Pauline de Almeida

Colaboração para o UOL, no Rio

  • José Lucena/Futura Press/Futura Press/Estadão Conteúdo

    Rodrigo Maia e Eduardo Paes participam da convenção estadual do Democratas no Rio de Janeiro, neste domingo (29). O evento selou a candidatura de Paes ao governo do estado

    Rodrigo Maia e Eduardo Paes participam da convenção estadual do Democratas no Rio de Janeiro, neste domingo (29). O evento selou a candidatura de Paes ao governo do estado

O ex-prefeito do Rio Eduardo Paes oficializou neste domingo (29), em convenção, sua candidatura ao governo fluminense pelo Democratas, partido ao qual está filiado desde abril deste ano. Paes deixou o MDB após dez anos de filiação, mas a sigla compõe a chapa pela qual ele disputará a sucessão estadual em meio a uma das piores crises na história do estado.

Com um discurso de união e pacificação, Paes minimizou as críticas a seu ex-partido e aliado, que, desgastado perante o eleitor, ocupa hoje o governo com Luiz Fernando Pezão e tem na cadeia, com uma série de condenações por corrupção, o antecessor, Sérgio Cabral.

"Ninguém vai me ver falando mal de ninguém, nem olhando para trás", disse Paes durante a convenção, realizada na sede do Democratas, na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio). Apesar do discurso, o pré-candidato negou querer minimizar seu passado. "Se eu for perguntado, eu vou responder, mas eu acho que a gente tem que discutir soluções para o estado", rebateu.

Acompanhado do presidente estadual da legenda e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, o ex-prefeito defendeu que o estado precisa não apenas de gestão, mas capacidade de articulação política.

A fala de Paes busca justificar as alianças feitas para garantir uma candidatura com potencial de vitória. Ele retorna ao Democratas –onde já esteve quando partido era ainda PFL --e faz as pazes com o ex-prefeito César Maia, de quem foi afilhado político e com quem passou à condição de rival a partir de 2008.

O agora democrata teve rusgas também com Rodrigo Maia, com quem disputou a Prefeitura em 2012. "Ninguém precisa ter vergonha do que fez e de quem foi", discursou, sobre a aliança com o ex-partido.

Eduardo Paes ingressou no Democratas em abril deste ano. Pelo MDB, exerceu dois mandatos como prefeito da capital e sofre uma crise de imagem, prejudicada especialmente pelas denúncias de corrupção da Operação Lava Jato, que levaram à prisão nomes importantes do estado como, além de Cabral, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (MDB-RJ), e o ex-presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) Jorge Picciani (MDB-RJ).

Questionado sobre a corrupção no estado --não citada pelo candidato em seu discurso na convenção --e sobre os casos que envolveram seu ex-partido, como o de Cabral, Paes disse não ver ligação dele próprio com o assunto.

"Respondo pelos meus atos, meu CPF é outro", eximiu-se. "Fui sempre de fazer alianças, sempre me dei com partidos. Eu não sou exatamente a pessoa mais partidária do mundo, era até uma crítica que faziam a mim", completou.

Sobre rusgas que teve com Rodrigo e Cesar Maia, o ex-prefeito alegou que voltou ao DEM porque as "diferenças políticas estão superadas, deixaram de existir em nome de um interesse maior que é o estado do Rio de Janeiro".

Apesar da transferência de sigla que busca também uma dissociação com o desgaste do MDB, Paes consegue, com uma aliança como a firmada pelas eleições deste ano, presença maciça em palanques no estado.

O pré-candidato do Democratas chegou a ter os direitos políticos cassados em dezembro do ano passado, acusado de usar como plano de governo de seu candidato a sucessor na Prefeitura do Rio (ex-MDB que se transferiu para o DEM junto com Paes), um projeto pago com recursos públicos do município.

Apesar disso, Paes poderá disputar o pleito garantido por uma liminar obtida no mês de maio, no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

No anúncio à corrida eleitoral, o ex-prefeito também avaliou a crítica situação que vive o estado e apontou duas crises. "Uma é fiscal, que precisa ser resolvida. Se a gente não tiver a casa arrumada, o caixa em condições, dificilmente consegue inclusive recuperar o básico do estado, os serviços mais essenciais", elencou.

A segunda crise observada pelo ex-prefeito é na segurança pública. Na última quinta-feira (26), seu primeiro compromisso público foi justamente com o interventor federal no Rio, general Walter Braga Netto.

Paes declarou que é preciso retomar territórios comandados por criminosos e pediu uma parceria entre as forças de segurança estaduais e federais. "Nós vamos contar com as Forças Armadas para continuar esse trabalho, desenvolvendo uma nova forma de policiamento", propôs. Ele disse que ainda não sabe, no entanto, se deve manter as UPPs (Unidades de Polícia Pacificado), iniciadas no governo de Sérgio Cabral.

Maia diz não ver contradição em cobrar mudança e se aliar ao MDB

De acordo com o deputado federal Rodrigo Maia, a coligação ao deve ser ampla --Solidariedade, PP, MDB e PTB já estão confirmados, definiu o parlamentar, em negociação também com o PR.

Sobre a coligação numerosa com a participação do MDB, Maia disse não ver contradição no discurso adotado por ele sobre a necessidade de mudança. "Esse governo é o que lidera o processo, aqueles que vão aderir à nossa candidatura sabem que nós compreendemos, temos certeza, que o estado do Rio precisa ser refundado", resumiu.

Ele prevê que o bloco seja fechado até terça-feira (31), com o anúncio também de quem deve ser o vice de Eduardo Paes.

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