Ala do PT quer reverter acordo com PSB e garantir candidatura no PE

Bernardo Barbosa*

Do UOL, em São Paulo

  • Avener Prado - 8.jun.2018/Folhapress

    Marília Arraes, pré-candidata do PT ao governo de Pernambuco

    Marília Arraes, pré-candidata do PT ao governo de Pernambuco

Uma ala do PT quer reverter a decisão do partido de abrir mão da candidatura própria de Marília Arraes ao governo de Pernambuco. A desistência faz parte de um acordo fechado nesta quarta-feira (1º) com o PSB, que ficará neutro na disputa nacional -- em revés para Ciro Gomes (PDT) -- e terá o apoio petista à reeleição de Paulo Câmara na disputa pernambucana.

O protesto foi feito por nove petistas, entre eles integrantes da Executiva Nacional do partido, órgão que decidiu hoje à tarde pelo acordo com o PSB. Eles endereçaram um recurso ao Diretório Nacional, o último órgão de deliberação política do partido, que se reúne na sexta-feira (3) em São Paulo.

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No documento, ao qual o UOL teve acesso, o grupo diz que "o resultado concreto das negociações com o PSB resultaram no 'não apoio' formal e nacional, e portanto não está dentro do que pode ser considerado dentro dos interesses partidários para vencer as eleições de 2018".

Os petistas também alegam que as pesquisas mostram a possibilidade de vitória de Marília Arraes -- neta do ex-governador Miguel Arraes -- "representando uma grande força a favor da candidatura Lula e nosso projeto nacional".

O grupo lembra ainda que, segundo orientações da direção do partido, o PT não lançaria candidatura própria em Pernambuco caso houvesse "uma aliança nacional e formal do PSB com o PT" -- o que, para os autores do recurso, não ocorreu, já que o PSB ficará neutro na disputa nacional.

O documento é assinado por Ivan Alex Lima, Múcio Magalhães, Silvana Donatti, Carlos Henrique Árabe, Renato Simões, Markus  Sokol, Vilson Oliveira, Moara Saboia e Luizianne Lins. Com exceção de Múcio Magalhães, dirigente do PT pernambucano, todos são da Executiva Nacional do partido.

Minutos antes de a Executiva Nacional do PT aprovar o acordo com o PSB por 17 votos a 8, Marília Arraes publicou um vídeo no Facebook denunciando o que chamou de "ataques especulativos" contra sua candidatura e convocou os delegados do PT pernambucano a comparecer amanhã a um encontro para definir a tática eleitoral no Estado e aprovar a candidatura própria.

"Estão dizendo que já está batido o martelo, que já houve uma negociação de gabinete, que a executiva nacional do PT vai enquadrar Pernambuco", disse. "Nada disso é verdade. Nós estamos firmes."

A Executiva Estadual do PT em Pernambuco, por sua vez, divulgou nota em que convoca militantes e dirigentes, por "razões políticas e estatutárias", a "observar e fazer cumprir a decisão da Executiva Nacional". 

Os petistas que entraram com o recurso para defender a candidatura de Marília Arraes pertencem a correntes minoritárias do partido, e não é comum que decisões da Executiva Nacional sejam revertidas no Diretório Nacional.

Esta não é a primeira vez em que o comando do PT interfere em candidaturas do partido em Pernambuco. Nas eleições municipais de 2012, o Diretório Nacional anulou as prévias em que o então prefeito do Recife, João da Costa, foi escolhido como candidato à reeleição. A direção petista escolheu o senador Humberto Costa como candidato. Costa ficou em terceiro lugar e Geraldo Julio (PSB) foi eleito no primeiro turno. Julio foi reeleito em 2016 contra um candidato petista, João Paulo.

Segundo o UOL apurou, o acordo com o PSB foi fechado hoje à tarde em reunião em Belo Horizonte entre representantes do PT, como o governador mineiro e candidato à reeleição Fernando Pimentel, e o presidente do PSB, Carlos Siqueira.

Além do apoio ao PSB em Pernambuco, o PT decidiu apoiar os candidatos do partido em Amazonas, Amapá e Paraíba, segundo resolução divulgada após a reunião da Executiva Nacional. 

O PSB, em contrapartida, adotou a neutralidade na disputa presidencial e vai retirar a pré-candidatura de Márcio Lacerda para o governo de Minas Gerais. No entanto, Lacerda não deverá fazer campanha para Pimentel.

*Colaboraram Nathan Lopes, de São Paulo, e Gustavo Maia, de Brasília

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