Paes diz que Cedae foi subavaliada e critica "privatização pura e simples"

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

O concorrente do DEM ao governo do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, afirmou nesta quinta-feira (2) que é contrário à "privatização pura e simples" da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos), mas que pretende conceder ativos da companhia caso seja eleito.

O ex-prefeito da capital fluminense, oficializado candidato ao Executivo no último domingo (29), também disse que a estatal foi subavaliada nos termos do regime de recuperação fiscal negociado pelo atual governador, Luiz Fernando Pezão (MDB), com a União.

Ele evitou, no entanto, criticar o acordo de recuperação fiscal e ponderou que "ele foi importante conjunturalmente e salvou o estado em um momento de dificuldade". As declarações foram dadas depois de um encontro com lideranças do PV, no centro do Rio, que se uniu ao PPS, ao MDB e a outros partidos que manifestaram apoio a Paes.

Paes foi prefeito do Rio entre 2009 e 2016 pelo MDB, partido que deixou em abril para se filiar ao DEM após convite do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Durante todo o período à frente da administração municipal, ele e Pezão foram aliados.

Em suas últimas entrevistas, o democrata tem feito críticas ao ex-correligionário. Na quarta-feira (1º), durante o evento no qual o PPS declarou apoio à sua candidatura, Paes disse que o ex-aliado "não fez um bom governo". "Reconheço o esforço no acordo fiscal, mas na maioria das áreas ele foi muito mal."

Em 2014, quando se reelegeu governador, Pezão havia feito promessas em relação ao saneamento e abastecimento de água no Rio. Afirmou, por exemplo, que despoluiria até 80% da baía de Guanabara até 2016, meta que fazia parte do planejamento para os Jogos Olímpicos no Rio e que não foi cumprida.

"Há uma diferença visível e clara entre a minha maneira de administrar e a maneira de o Pezão administrar. Ele deve ter as circunstâncias e explicações e compete a ele explicar porque não fez", comentou Paes.

O candidato disse que trabalhará de forma pragmática na questão do saneamento e distribuição de água, "endereçando o problema" e definindo uma meta em longo prazo. "Posso garantir que a gente vai resolver essas questões no nosso período de governo. Resolver significa endereçar", disse. "Não estou querendo dizer que vai ser em 2030 ou 2050 a baixada inteira. Mas eu te garanto que eu endereço e resolvo esse problema. E aí vai ter o tempo de execução."

Valor 'ridículo' pela Cedae, diz candidato

No ano passado, as ações da Cedae foram dadas como contragarantia para contratação de um empréstimo de R$ 2,9 bilhões. O RJ, que atravessava a pior fase do caos financeiro dos últimos anos, só conseguiu realizar a operação de crédito e dar um pouco de fôlego às finanças públicas em razão da adesão ao Regime de Recuperação Fiscal.

No acordo com a União, que funcionou como um avalista do empréstimo, parte dos ativos da companhia foi estimada em cerca de R$ 3,5 bilhões. Na visão de Paes, o valor é "ridículo".

"Aqui não está um sujeito estatizante, contra as privatizações. Pelo contrário. Eu trabalhei muito na prefeitura e o que eu achava que era privatizável, eu privatizei. (...) E a gente vai fazer a mesma coisa na questão do saneamento e do abastecimento de água, mas não precisa ser a privatização pura e simples. Porque senão fica muito simples. Vende aí! Entrega aí! Pega ali R$ 3 bilhões, um valor absolutamente ridículo."

"Só fazendo a outorga do esgoto na zona oeste, e não estou nem falando de água, a Prefeitura do Rio recebeu R$ 500 milhões, se a gente atualizar esse valor."

O candidato do DEM explicou que a crítica à "privatização pura e simples" da Cedae diz respeito apenas ao modelo da transação. Na lei estadual aprovada na Alerj (Assembleia Legislativa do RJ), o Executivo fica autorizado a fazer a "alienação [cessão de bens] da totalidade das ações representativas do capital social da Cedae".

Em julho do ano passado, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) chegou a estudar a compra de uma fatia da estatal, mas o negócio não avançou.

"Privatizar não é certamente o melhor modelo. Mas eu sou totalmente a favor de um enxugamento completo da Cedae e que ela possa conceder os seus ativos para a iniciativa privada. Na prática, o resultado é o mesmo. O que a Lei de Recuperação Fiscal exige? O objetivo do legislador ali não é a privatização pura e simples. É diminuir o tamanho da máquina, trazer ativos para o estado e o que eu pretendo fazer com a Cedae é isso", declarou.

Vamos conceder áreas. Nós vamos... Se você quiser chamar de privatização de ativos da Cedae, isso vai acontecer. Agora, não precisa implodir a companhia.

Eduardo Paes, candidato ao governo do RJ

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