"Vou responder o que quero", diz Bolsonaro sobre estratégia para debates

Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília

  • Pedro Ladeira/Folhapress

A dois dias de participar do primeiro debate com outros candidatos à Presidência da República, nesta quinta-feira (9), na Band, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) revelou nesta terça (7) sua estratégia para o embate com os adversários.

Em conversa com jornalistas na Câmara, ele disse que se for questionado sobre "abóbora", pode responder só sobre "abacaxi".

Apesar de já ter se comprometido a participar de todos os debates, Bolsonaro disse agora que "deve comparecer" aos eventos, mesmo sabendo que será "metralhado" pelos outros candidatos.

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"Vai lá o candidato X, fala um montão de impropérios. Eu vou responder o que eu quero responder. O cara pode perguntar de abóbora e eu responder só abacaxi. É o meu momento de mostrar o que eu pretendo fazer ao Brasil, não respondendo, ficando preso a clichês, a rótulos", explicou.

O candidato apontou que "quem vai estar julgando é quem está do outro lado da tela", ou seja, os telespectadores-eleitores.

Ao ser indagado se vai investir em algum público específico para conquistar novos eleitores, o presidenciável disse que trata os 210 milhões de brasileiros "como iguais". "É lógico, com umas pequenas diferenças", acrescentou, logo em seguida.

Bolsonaro afirmou ainda que não pretende modular seu discurso porque não vai se transformar no que não é atrás de simpatia, voto e poder.

"Eu vou continuar sendo a mesma pessoa. Lógico, com as palavras você dá um certo polimento, porque nós evoluímos, né?", questionou. "Quem diria, eu evoluir. Mas evoluo, pô."

O presidenciável avaliou ainda sua participação em duas sabatinas exibidas em rede nacional na semana passada, no programa "Roda Viva", da TV Cultura, e na "Central das Eleições", da Globo News.

"Eu sou suspeito para falar de mim. O que eu vi nas redes sociais é que nós ganhamos. O que foi perguntado eu acho que consegui responder", afirmou Bolsonaro.

Ele também disse ter dado um "xeque-mate" na Globo ao citar o apoio do criador do grupo, Roberto Marinho, à ditadura militar instalada no país em 1964

Questionado sobre o pedido do PT para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participasse do debate da Band, negado pela Justiça, Bolsonaro disse discordar da eventual participação do vice em sua chapa, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT).

O candidato do PSL destacou que o debate é de presidenciáveis, e não dos vices, e que tinha certeza que a Band não aceitaria que ele mandasse o seu companheiro de chapa, o general da reserva do Exército Hamilton Mourão.

Lula está preso desde abril e, por ser condenado em segunda instância, deve ser considerado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A tendência é que Haddad substitua o ex-presidente e tenha a deputada estadual Manuela D'Ávila (PCdoB) como sua vice.

Bolsonaro já sinalizou como deve enfrentar o ex-prefeito e ex-ministro da Educação, classificado por ele como "o pai do kit gay" --material que seria distribuído em escolas para combater preconceito contra homossexuais.

Vender o peixe

O presidenciável declarou que não precisa de marqueteiro por conta do tempo de propaganda na TV do qual dispõe, estimado por ele em 15 segundos por bloco de 12 minutos e meio.

"Em 15 segundos, eu vendo o meu peixe. 'Em nome da família, pá, pá, pá, Jair Bolsonaro'", simulou o candidato, citando a seguir o número do seu partido.

O deputado diz que pretende apenas mostrar a própria cara. "O que é que é que ele [o marqueteiro] vai fazer lá?, botar uma maquiagem em mim, dar uma maracugina [medicamento fitoterápico] antes?", questionou.

Com estrutura muito inferior à dos adversários, ele foi questionado se dá para reagir aos esperados ataques dos outros presidenciáveis apenas com redes sociais. "Não é que dá, é o que eu tenho. Vou usar as armas que tenho, que são as mídias sociais", anunciou. 

Durante a conversa, Bolsonaro fez uma auto-descrição como candidato. "Eu não sou o patinho feio, eu sou o patinho horroroso", declarou.

Abordado reiteradamente por apoiadores ao longo de sua caminhada pelos corredores da Câmara, ele comentou em tom de brincadeira enquanto posava para uma selfie. "O patinho feio tá ficando bonito? Não sei se vai virar pato assado".

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