Sem união da esquerda, Manuela diz que abriu mão de candidatura por vitória
Nathan Lopes
Do UOL, em São Paulo
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Nelson Antoine/Estadão Conteúdo
Manuela D'Avila e Haddad convocaram a imprensa para explicar chapa com 2 vices
Em sua primeira aparição pública desde que foi escolhida para ser vice na chapa do PT que disputará a Presidência, a deputada estadual Manuela D'Ávila (PCdoB-RS) justificou, nesta terça-feira (7), sua decisão de desistir de sua candidatura ao Planalto afirmando que "essa é a saída que mais reúne condições de vencer a eleição".
Segundo ela, seria "um luxo" manter sua candidatura a presidente sendo que a esquerda precisaria vencer a eleição de outubro.
Até a semana passada, porém, tanto o PCdoB quanto a própria deputada condicionavam a desistência da disputa à unidade entre os partidos de esquerda, o que não ocorreu.
"Seria quase um luxo para manter minha candidatura e não reunir, aglutinarmos mais forças para vencermos as eleições", disse Manuela hoje na sede do PCdoB, no centro de São Paulo.
Apesar de ter sua candidatura aprovada em convenção na última quarta-feira (1º), ela --que usava uma camiseta com os dizeres "nada a temer senão o correr da luta", frase retirada da letra de Caçador de Mim, composição de Milton Nascimento -- ressaltava que não seria um obstáculo para a unidade da esquerda.
O PCdoB, nas últimas semanas, tentou unir PT, PDT, PSB e PSOL, o que não aconteceu de forma efetiva.
O PSB deu uma resposta positiva aos petistas ao se mostrar neutro na eleição, mas sem conceder seu apoio formal a ninguém. Já os outros dois partidos mantiveram suas candidaturas: Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (PSOL).
Para Manuela, a unidade conquistada foi a possível. "Essa é a saída que mais reúne condições de vencer a eleição", disse. "Não temos o direito de perder a eleição".
Ela esteve ao lado do ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (PT) durante seu primeiro pronunciamento à imprensa desde que seu partido decidiu abrir mão de sua candidatura. Hoje, a chapa é encabeçada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Haddad fez coro ao discurso de Manuela sobre a situação da esquerda. "Lamentamos que essa frente não tenha sido mais ampla".
Manuela e Haddad são os vices de Lula. Haddad é o que será registrado no próximo dia 15 de agosto, prazo limite para o registro da candidatura.
Já Manuela irá assumir o posto assim que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) tomar uma decisão a respeito da candidatura de Lula. Isso deve acontecer até 17 de setembro, prazo legal para a alteração.
Preso em Curitiba desde abril e condenado em segunda instância no processo do tríplex, Lula está inelegível. Mesmo assim, o PT irá registrar sua candidatura. A defesa do ex-presidente tentará reverter a situação com recursos. O PT poderá, então, ter como opção manter Lula, com Manuela como vice. Ou, então, colocar Haddad na cabeça de chapa e ter a deputada na composição.
Manuela se diz confiante na vitória e fez uma referência ao atual presidente, Michel Temer (MDB), que vive na residência oficial da vice-Presidência, e não no Palácio do Alvorada. "Quem vai tirar o Temer do Jaburu sou eu".
Sobre a verba que sua campanha já havia arrecadado com doações virtuais, cerca de R$ 45 mil, Manuela disse que ela será usada na chapa da qual ela faz parte agora. "Como candidata a vice, posso fazer uma vaquinha para a minha campanha".
Até o registro da candidatura, Manuela e Haddad disseram que deverão unificar os programas de governo que haviam sido preparados pelos dois partidos. Para o ex-prefeito, isso será fácil. "99% do que está nos dois textos é comum."
A dupla ainda irá definir a agenda de viagens pelo Brasil representando a candidatura de Lula. O ex-prefeito ainda precisa tomar decisões quanto a suas atuais atribuições.
Ele irá se licenciar do Insper, faculdade particular onde dá aulas em São Paulo. "A partir de amanhã, talvez eu esteja licenciado".
Haddad não descartou que ele deverá assumir a cabeça de chapa, mas que esse não é o tema para agora. "No momento adequado, nós vamos tomar uma decisão".
A dupla não pretende atacar Ciro, que, após o acerto entre PT e PCdoB, ficou isolado e irritado com a jogada petista. "Da minha parte, esse pacto [de não agressão] sempre existiu".
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