Bolsonaro faz ataque indireto a Haddad em plano de governo: "bolsa crack"

Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília

  • Nilton Fukuda 9.ago.2018 /Estadão Conteúdo

    O candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, participa do primeiro debate, na Band

    O candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, participa do primeiro debate, na Band

Divulgado nesta terça-feira (14), o plano de governo do candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, traz um ataque indireto ao ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu adversário na disputa eleitoral. Ambos são do PT, partido que foi citado duas vezes no documento.

Na parte em que trata das propostas para a segurança e combate à corrupção, o programa faz cinco menções ao Foro de São Paulo --que reúne representantes de partidos e organizações não-governamentais da esquerda na América Latina-- e sugere que há ligação entre o grupo e o aumento dos índices de criminalidade na região.

"Houve até 'bolsa crack' em cidades administradas pela esquerda, como por exemplo em São Paulo", diz o texto produzido pela campanha de Bolsonaro. Trata-se de uma referência ao programa "De Braços Abertos", iniciado em janeiro de 2014 e encerrado na gestão seguinte, do também ex-prefeito João Doria (PSDB).

O programa implantado no governo Haddad na chamada cracolândia, no centro da capital paulista, consistia em oferecer a dependentes de crack hospedagem em hotéis da região e emprego. O investimento da prefeitura com cada usuário era de R$ 1.320 por mês.

A meta, segundo os responsáveis pelas ações, era mudar o enfoque da questão de segurança para de saúde pública. Em 2016, uma pesquisa da Plataforma Brasileira de Política de Droga apontou que a iniciativa atingiu seus objetivos ao resgatar a cidadania dos usuários e ao conseguir que eles reduzam o consumo da droga.

Em entrevista sobre o tema em 2013, Bolsonaro questionou se o país tem recurso para "tanto viciado". "Agora reparou que o garoto honesto, decente, trabalhador, que tem vergonha na cara, que pede bênção para o pai antes de dormir, que acorda cedo, que estuda, não tem nada. Agora os viciados têm tudo", declarou.

O deputado federal e agora presidenciável destacou que o tratamento de dependentes é caro e condenou o uso dos impostos pagos por quem trabalha para "dar boa vida para um vagabundo que geralmente ou dificilmente vai ser recuperado". Para ele, o governo deveria fazer uma política de controle de natalidade.

Foro de São Paulo

Exigência da legislação eleitoral, a apresentação das "propostas defendidas pelo candidato" deve constar em um documento protocolado no pedido de registro ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

No programa de Bolsonaro, ele cita que as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) participaram do Foro de São Paulo, "fundado pelo PT e pelo ditador cubano".

"A verdade é que o número de homicídios no Brasil passou a crescer de forma consistente a partir do 1º Foro de SP, no início dos anos 1990", diz o texto.

Em outro trecho, o programa de governo aponta "o legado do PT de ineficiência e corrupção" como o problema do Brasil.

Reprodução/TSE
"Vamos nos libertar", diz trecho de programa de governo de Bolsonaro

Bandeira verde-amarela

Em uma das 81 páginas do documento, disposto como uma apresentação de PowerPoint, a campanha de Bolsonaro fez uma defesa da libertação do país do "marxismo cultural e suas derivações como o gramcismo", que nos últimos 30 anos "se uniu às oligarquias corruptas para minar os valores da Nação e da família brasileira".

Em letras garrafais, o plano de governo aponta que "A NOSSA BANDEIRA É VERDE-AMARELA" e que "PRECISAMOS NOS LIBERTAR! VAMOS NOS LIBERTAR!". "Queremos um Brasil com todas as cores: verde, amarelo, azul e branco", diz o texto.

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