Segundo debate leva presidenciáveis para "ringue". E com olhadinha à la CR7

Bernardo Barbosa

Do UOL, em Osasco (SP)

  • Diego Padgurschi /Folhapress

    Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) no "ringue" montado para debate

    Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) no "ringue" montado para debate

O cenário do segundo debate entre presidenciáveis, realizado nesta sexta-feira (18) pela RedeTV! e a revista "IstoÉ", deu ao confronto de ideias e propostas ares de ringue de luta.

Leia mais:

No terceiro bloco, Ciro Gomes (PDT) explorou o clima de arena ao chamar Geraldo Alckmin (PSDB) para o "palco, para não dizer ringue".

Como em uma luta de boxe ou MMA, também havia a presença do córner dos lutadores nos intervalos, levando orientações para o assalto seguinte.

"Deixar sobrar 1 ou 2 segundos porque o microfone é cortado", anotou um integrante da equipe de Alckmin durante o primeiro bloco, vendo que o tucano brigava com o cronômetro. 

Na arquibancada, com os lugares quase todos desmarcados, houve sinais de superlotação. Major Olimpio (PSL), aliado de Jair Bolsonaro (PSL) e candidato ao Senado em São Paulo, teve que sentar na escada que dava acesso às cadeiras. O mesmo aconteceu com Lula Guimarães, marqueteiro de Alckmin. Paulo Rabello de Castro (PSC), vice de Alvaro Dias (Podemos), ficou em uma cadeira improvisada no último degrau.

Reprodução/Youtube
Bolsonaro olha para o telão enquanto Henrique Meirelles (MDB) fala durante debate

Olhadinha no telão, cochichos e um copo

Postados no "ringue", os candidatos não se mostravam só preocupados em contra-atacar eventuais diretos de seus oponentes. Como se tratava não de embate físico, mas de um debate na TV, concorrentes buscaram as telas instaladas no topo da arquibancada para ver como o público estava recebendo sua imagem -- ao melhor estilo Cristiano Ronaldo se olhando no telão do estádio.

Nas bordas, sentados lado a lado, Ciro e Guilherme Boulos (PSOL) conversaram de forma animada em vários momentos do debate, e até riram juntos quando Bolsonaro fez uma pergunta para Cabo Daciolo (Patriota) -- o candidato não desgrudou de sua Bíblia em nenhum momento.

Ciro e Boulos riem durante pergunta de Bolsonaro a Daciolo

Outro momento de descontração, mas involuntário, se deu quando Boris Casoy, que mediou o debate junto com Mariana Godoy e Amanda Klein, derrubou água sobre a bancada em que os três jornalistas estavam. Enquanto as câmeras focavam em Ciro e Marina Silva (Rede) debatendo sobre a demarcação de terras para índios, Boris e Amanda aproveitavam para tentar secar a bancada com lenços de papel.

"Não quero confusão"

Foi no centro da arena que aconteceu o duelo que marcou a noite, no fim do terceiro bloco. Bolsonaro perguntou sobre posse de armas para Marina Silva, e a candidata optou por rebater resposta anterior do deputado sobre igualdade salarial entre homens e mulheres. O presidenciável do PSL foi para o ataque.

"Temos uma evangélica que defende um plebiscito para o aborto e para a maconha e quer agora defender a mulher. Você não sabe o que é uma mulher, Marina, que tem um filho..."

Marina dá dois passos à frente, em direção a Bolsonaro.

"...jogado no mundo das drogas. Você não sabe o que é isso para você defender um plebiscito nesse sentido. Eu defendo a mulher. Inclusive, eu defendo a castração química para estupradores", prosseguiu o deputado. "E, no tocante à arma de fogo, eu defendo sim que a mulher inclusive, caso queira, a mulher de bem, a mulher preparada, que tenha a posse de uma arma de fogo dentro de casa para se defender, se assim ela o desejar."

A candidata da Rede aproveitou que Bolsonaro terminou sua réplica segundos antes do tempo permitido e já engatilhou a tréplica.

"A coisa que uma mãe mais quer é ver um filho ser educado para ser um cidadão de bem. Você fica ensinando para o nosso jovem que tem que resolver as coisas é na base do grito, Bolsonaro? Você é um deputado, você é pai de família. Você, num dia desses, pegou a mãozinha de uma criança e ensinou como é que se faz para atirar", disse Marina. "É esse o ensinamento que você quer dar ao povo brasileiro? E, numa democracia, o estado é laico."

Marina ataca Bolsonaro: "acha que pode resolver tudo no grito"

Na arquibancada, aliados de Bolsonaro riram, enquanto os de Marina e de Ciro aplaudiram a candidata.

Assim que soou a vinheta anunciando o fim do bloco, Ciro Gomes foi até Marina, assim como o marqueteiro Lula Guimarães, que trabalhou na campanha dela em 2014. A candidata confirmou que ambos foram falar com ela sobre o embate com Bolsonaro. Mas, deixando o espírito do ringue de lado, optou pelo "deixa disso" quando perguntada, ao fim do debate, sobre o que eles disseram naquele momento. 

"Melhor perguntar para eles. Eu não quero causar confusão para eles", disse.

Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos