Doria acusa governador de SP de uso de máquina pública em campanha

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

  • Janaina Garcia/UOL

    Márcio França participa de evento de campanha em restaurante popular Bom Prato em Taboão da Serra (Grande SP)

    Márcio França participa de evento de campanha em restaurante popular Bom Prato em Taboão da Serra (Grande SP)

A campanha do candidato do PSDB ao governo de São Paulo, João Doria, acusou nesta terça-feira (21) a campanha do governador e candidato à reeleição pelo PSB, Márcio França, de uso da máquina pública para obter informações que prejudicassem o tucano no debate da TV Bandeirantes, realizado na última quinta (16).

De acordo com os tucanos, França teria se  beneficiado da ação de funcionários que usaram a estrutura de um núcleo estratégico do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, para coletar informações que seriam usadas pelo governador, contra Doria, no debate. Segundo a campanha tucana, os dados buscados por França são sobre lacunas nas propostas de combate à pobreza do programa de governo do candidato do PSDB.

Em entrevista coletiva nesta tarde, um dos advogados da campanha tucana, Flávio Costa Pereira, afirmou que a defesa pedirá nesta quarta (22) à Justiça Eleitoral a quebra de sigilo telemático de computadores da Subsecretaria de Assuntos Estratégicos, do governo estadual, por meio de perícia do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), "para que se possa verificar a extensão do uso da subsecretaria para fins eleitorais".

Ao Ministério Público, a defesa pedirá também amanhã a instauração de inquérito para apurar ato de improbidade por parte do governador e de subordinados.

A denúncia dos tucanos

Segundo a acusação da campanha tucana, o e-mail foi encaminhado às 17h27 — horas antes do debate do último dia 16 --por uma funcionária da Coordenadoria de Informações da Subsecretaria de Assuntos Estratégicos. A SAE é vinculada à Secretaria de Estado do Governo, ocupada pelo tucano Saulo de Castro.

A destinatária seria a coordenadora da SAE, mas o e-mail acabou enviado com cópia a uma pessoa homônima que era do Palácio até junho deste ano, mas, hoje, está na campanha de Doria.

Com o assunto "Pobreza - Documento JD", o e-mail aponta dados do IBGE sobre aumento da população em extrema pobreza e pontua que o programa de governo do candidato João Doria não tem "menção a este grave problema social".

Indagado sobre o porquê de o secretário de Governo não ter entrado no radar jurídico da campanha por meio das ações junto ao MP e à Justiça Eleitoral, o advogado do PSDB afirmou que não é possível "fazer uma relação de causa e efeito sobre o secretário neste momento".

Por outro lado, o advogado defendeu que o episódio configura "uso sistemático da máquina pública" por parte de França. Indagado sobre exemplos que comprovariam a afirmação, porém, disse que o que tem por ora "é uma série de indícios".

Doria está com "ciúme", rebate França

No final da manhã, França visitou uma unidade do restaurante popular Bom Prato em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, e negou as acusações do rival.

"Eu acho tudo dele muito 'fake' [falso]. A secretária de que ele está falando é uma secretária da Secretaria de Governo, do [secretário] Saulo de Castro, que é membro efetivo do diretório estadual do PSDB", afirmou França.

"Ele [Doria] está com tanto ciúme dessa história de campanha eleitoral, em especial dos tucanos que não estão com ele, mas, quanto mais ele faz isso, pior fica. Já tentei falar isso para ele várias vezes", declarou o governador. "[Doria] tinha que mirar nas pessoas que são os adversários dele, não em mim."

França também ironizou a acusação do rival lembrando declarações do tucano, feitas no ano passado, de que a cracolândia, no centro da capital, tinha acabado. "Sinceramente, a gente sabe que o João Dória não entende muito mesmo desse assunto de pobreza. É criar mais um factoide, igual à cracolândia", afirmou. 

Na pesquisa de intenção de votos divulgada ontem pelo Ibope, Doria aparece tecnicamente empatado com Paulo Skaf (MDB), 20% e 18%, França aparece com 5% das intenções de voto. 

Durante o debate, o ex-prefeito de São Paulo foi um dos alvos principais dos adversários, sobretudo de França, que mencionou que o tucano prometeu dezenas de vezes que não deixaria o mandato de quatro anos à frente da prefeitura. Doria deixou o Executivo municipal com pouco mais de um ano e três meses de gestão.

Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos