Bolsonaro caminha com aliado negro antes de decisão do STF sobre racismo
Hanrrikson de Andrade
Do UOL no Rio
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UOL
Jair Bolsonaro faz corpo a corpo com eleitores em subúrbio do Rio
Na véspera de o STF (Supremo Tribunal Federal) decidir se o torna réu por racismo, o candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, fez campanha nesta segunda-feira (27) ao lado do amigo militar e candidato Hélio Fernando Barbosa Lopes, 49. Negro, Hélio disputa uma vaga de deputado federal também pelo PSL, com a alcunha "Hélio Bolsonaro".
Bolsonaro foi denunciado em abril desse ano pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, por conta de uma palestra realizada no Clube Hebraica, no Rio, no ano passado. Na ocasião, o político disse que havia ido a um quilombo em Eldorado Paulista e que, ao chegar lá, observou que "o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas". Para a PGR, a declaração foi de cunho racista, pois Bolsonaro teria se referido a pessoas como se fossem animais.
Em 2016, quando tentou uma vaga na Câmara de Vereadores de Nova Iguaçu (RJ), Hélio Lopes concorreu com o apelido: "Hélio Negão". Segundo reportagem da da Folha de S.Paulo, Hélio já afirmou em vídeo: "Bolsonaro não é racista, e eu sou a prova disso".
Acompanhados por cabos eleitorais e apoiadores, Bolsonaro e Hélio fizeram nesta segunda-feira (27) uma caminhada pelo Mercadão de Madureira, tradicional ponto de comércio do subúrbio do Rio de Janeiro.
Durante a agenda, o presidenciável foi questionado se estava ou não preocupado com a decisão do STF. O concorrente ao Planalto disse que a denúncia é uma tentativa de "criar um fato político". "Eu não estou preocupado. É lógico que a intenção é criar um fato político. (...) Não quero criticar o Supremo aqui. Mas a questão de índios, por exemplo. Eu sou contra a política de demarcação de terra indígena", afirmou.
"O meu sogro é o Paulo Negão. Eu sou contra a forma de cotas que está aí é que prejudica o próprio negro."
Incerteza sobre Paulo Guedes
Bolsonaro tentou se esquivar de perguntas sobre possíveis inconsistências entre ele e o economista Paulo Guedes, que tem sido apontado desde o início da campanha como o seu cérebro para a área da economia. O presidenciável já declarou em várias oportunidades que, caso eleito, pretende indicar Guedes a ministro da Fazenda e Planejamento.
Ainda não há, no entanto, a garantia de que o economista esteja propenso a aceitar. Diante da insistência dos jornalistas, Bolsonaro respondeu que Guedes não seria "um ministro", e sim um "superministro". Antes disso, chegou dizer que Guedes havia dito que se sentia "muito honrado em ser cotado".
"O próprio Paulo Guedes disse pra mim: eu fico muito honrado em ser cotado, mas no momento... Estamos trabalhando para tu chegar lá."
Pressionado, Bolsonaro buscou sair pela tangente com uma analogia. "Vocês querem marcar a data do casamento se nem namorada eu arranjei ainda."
A versão do presidenciável é que, nesse momento, todos estão trabalhando para transformar o favoritismo apontados pelas pesquisas (no cenário sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva) em triunfo no pleito de outubro. Segundo ele, se eleito, a escolha de ministros é um passo a ser dado posteriormente. Mas declarou que, certamente, serão "atendidos" (isto é, convidado) aqueles que "estão do seu lado".
"Não é uma questão de certeza. Ele [Guedes] mesmo disse que quer continuar trabalhando para eu chegar. Está na cara: quem está do meu lado vai ser atendido."
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