Haddad diz que MP baseia denúncia em "corrupto confesso" que mentiu 9 vezes

Luis Kawaguti

Do UOL, no Rio

  • Fábio Motta/Estadão Conteúdo

     Haddad faz campanha no Rio ao lado da candidata ao governo do estado, Márcia Tiburi

    Haddad faz campanha no Rio ao lado da candidata ao governo do estado, Márcia Tiburi

O candidato a vice-presidente da República pelo PT, Fernando Haddad, negou nesta terça-feira (28) ter tido contas da campanha eleitoral de 2012 pagas pela construtora UTC.

Haddad foi denunciado nesta segunda (27) pelo Ministério Público de São Paulo por improbidade administrativa. Segundo a acusação, o petista foi "beneficiário do proveito de vantagem ilícita" e teria enriquecido ilicitamente de maneira indireta em razão do pagamento de dívidas na disputa à Prefeitura de São Paulo, quando foi eleito.

"O ex-presidente da UTC, chamado Ricardo Pessoa, é um corrupto confesso. Esse corrupto já mentiu nove outras vezes", diz Haddad durante entrevista para a imprensa no Rio, onde fez campanha na manhã desta terça. O ex-prefeito de São Paulo disse ainda que Pessoa "tinha razão para mentir". "Aos 44 dias do meu governo, eu cancelei uma obra bilionária da UTC e da Odebrecht, um túnel chamado Roberto Marinho. Isso é dado oficial da Prefeitura de São Paulo."

Haddad suspendeu a obra do túnel, avaliada em mais de R$ 1 bilhão, segundo ele, mas realizou duas outras obras que tiveram participação do grupo UTC por meio de uma empresa do grupo, a Constran: um terminal rodoviário em Itaquera (R$ 417 milhões) e a urbanização da favela Real Parque (R$ 82 milhões).

Questionado, Haddad afirmou: "Eles eram consorciados de duas pequenas obras muito menores que o túnel, que não tinham indício de superfaturamento. Eu não cancelo obra que esteja em ordem. Eu estava servindo a população", disse.

A ação da Promotoria é baseada no suposto pagamento de R$ 2,6 milhões, pela construtora UTC, para quitar dívidas da campanha do petista com gráficas. Ao menos parte da acusação se fundamentou em depoimentos de Pessoa e Walmir Pinheiro, respectivamente o ex-presidente e o ex-diretor financeiro da UTC.

Pessoa foi o primeiro empreiteiro preso na operação Lava Jato. Ao menos oito de 16 denúncias feitas por ele contra políticos não tinham informações suficientes e não avançaram, segundo levantamento do jornal Folha de S.Paulo.

O MP pede a condenação de Haddad por improbidade administrativa e o bloqueio bens do petista no valor de até R$ 14,1 milhões, além da perda dos direitos políticos.

Haddad argumentou ainda que o dono da gráfica, Francisco Carlos Macena, o "Chico Gordo", não confirmou a prestação de serviços para sua campanha. "Se o dono da gráfica confirmasse, eu teria dificuldades."

A denúncia do Ministério Público foi encaminhada para a Justiça eleitoral. "Se o juiz for imparcial, eu estou tranquilo. Resta saber se é", afirmou.

A nova denúncia não o impede de ser candidato na eleição. Na última pesquisa Datafolha, em cenários onde substitui Lula, Haddad aparece com 4% das intenções de voto.

Ataque ao Ministério Público

Questionado, Haddad também sugeriu estranhar que a denúncia seja a 40 dias da eleição presidencial e atacou o Ministério Público, sugerindo que os promotores só investigaram o PT, não  o PSDB. "Não sei o que estão querendo criar, mas o que tem de escândalo no governo do estado [de São Paulo] durante 24 anos do PSDB", diz ele. "Tem escândalo por todo o canto, todos os lugares têm escândalo, no metrô, na Dersa [órgão de desenvolvimento rodoviário], na CPTM [Companhia Paulista de Transportes Metropolitanos], na merenda, não tem nada ali que para em pé e não há nada, não há nenhum procedimento", afirmou Haddad.

O Ministério Público não se pronunciou, mas o UOL levantou com fontes da instituição em São Paulo que ao menos 27 inquéritos e sete ações tramitam ou tramitaram para investigar suspeitas de irregularidades no metrô e na companhia de trens durante governos do PSDB em São Paulo.

Uma investigação contra a Dersa também foi iniciada por um promotor paulista. Supostas fraudes em licitações de compra de merenda escolar em prefeituras e no estado também foram investigadas pela Promotoria.

Haddad deu entrevista sobre o caso após seu primeiro dia de campanha eleitoral no Rio. Ele escolheu o município de São Gonçalo, na região metropolitana, para fazer corpo a corpo com eleitores.

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