Que estratégias presidenciáveis adotam para a estreia no horário eleitoral?

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

  • Orlando Brito/Divulgação

Nos primeiros programas eleitorais em rede nacional de televisão e rádio, a serem veiculados neste sábado (1º), os candidatos à Presidência da República prometem segurar os ataques ao rivais e apostam no básico: se apresentar e se tornar conhecidos pela população.

Com o maior tempo de propaganda eleitoral, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) mostrará imagens de viagens dele pelo Brasil e um caso real de uma pessoa de fora de São Paulo que se beneficiou de políticas públicas no estado quando o tucano era governador paulista. A estreia mostrará a história de uma pessoa que teve câncer e se tratou em São Paulo. Em seguida, elencará as ações em áreas como na saúde e educação promovidas por Alckmin.

A intenção da campanha é mostrar que não existe o embate "São Paulo versus Brasil", que há excelência em políticas públicas do estado e há pessoas pelo Brasil que já conhecem o trabalho de Alckmin à frente do governo estadual. Outros tópicos a serem abordados ao longo dos programas são propostas de infraestrutura, inovação e agropecuária.

Embora esteja em primeiro lugar nas pesquisas eleitorais nos cenários sem Lula, Jair Bolsonaro (PSL) detém somente oito segundos de programa. Na semana passada, ao ser questionado como usará o tempo enxuto, disse que falaria "em nome da família, meu nome é Jair Bolsonaro, presidente, 17. Um abraço nos homens, um beijo nas mulheres. Valeu!". A estratégia para tentar reverter a curta aparição será chamar o eleitorado para as redes sociais.

Ciro Gomes (PDT) vai usar o espaço para apresentar seu histórico como ministro da Fazenda, ministro da Integração Nacional, prefeito de Fortaleza e governador do Ceará. Como diferencial, argumentará ser o único candidato com um programa de governo robusto e que tem tido as ideias copiadas pelos concorrentes.

A principal aposta é emplacar o "Nome Limpo" perante os eleitores. A medida consiste em política pública para ajudar a limpar o nome dos 63 milhões de brasileiros inscritos na lista de endividados do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito).

Com somente 21 segundos, Marina Silva (Rede) explorará sua biografia e repetirá seu número de urna. No decorrer dos programas, tentará desconstruir imagens formadas durante a campanha de 2014, como a de que é "fraca", "sem sal" e que "não se posiciona" perante temas relevantes, apurou a reportagem.
Os vídeos estão sendo produzidos por colaboradores, cuja maioria trabalha voluntariamente, e têm o cineasta Fernando Meirelles como um dos idealizadores. Toda a participação em estúdio de Marina foi gravada no último domingo (26) em São Paulo.

Alvaro Dias (Podemos) terá como primeiro passo se apresentar às pessoas – de acordo com pesquisa Datafolha de 22 de agosto, ele é desconhecido por metade da população. Com força na região Sul por ter sido governador do Paraná, ele ainda não tem peso no Norte e no Nordeste. Portanto, usará o espaço inicial para dizer quem é e o que fez enquanto governador e senador na liderança da oposição aos governos do PT.

A apresentação deverá seguir o mesmo modelo já usado nos debates televisivos: falará de sua biografia, mostrará dados de combate à corrupção e a privilégios em sua trajetória política e dirá que manteve bons índices de popularidade quando mandatário do Paraná.

O combate à corrupção é a principal âncora do candidato e continuará a ser ao longo do primeiro turno. Um dos cartazes de Alvaro tem sido anunciar que convidou o juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância em Curitiba, a ser ministro da Justiça, caso eleito. Moro já soltou nota afirmando não poder se pronunciar acerca do convite para não configurar preferências partidárias.

A campanha de Alvaro estuda incluir em peças de TV o cachorro de estimação do candidato, Hugo Henrique. A aparição de bichinhos é uma maneira de humanizar os candidatos e também já foi usada por adversários, como Henrique Meirelles, que apareceu ao lado de seus cachorros em fotos e vídeos.

As propagandas de José Maria Eymael (DC) terão como mote de campanha "competência, honra e caráter" com foco na defesa de "valores da família contra os abusos da televisão". Ele continuará a usar o já clássico jingle "Ey-ey-eymael, um democrata cristão".

João Goulart Filho (PPL) usará o tempo para se apresentar, ligar a imagem à do pai – o ex-presidente da República João Goulart. O candidato terá como slogan "quem gosta do Brasil, vota nele!".

Ao longo da campanha, Goulart Filho vai apostar o discurso na crítica à desigualdade social provocada por políticas neoliberais, segundo ele, a recursos ilegalmente guardados no exterior e à alta rentabilidade dos bancos no Brasil.

Vera Lúcia (PSTU) afirmou que o programa será muito "interessante e desafiador", pois vão concretizar a essência das propostas em frases diferentes ao longo dos dias. Ao mesmo tempo em que disser a frase, seu nome e número aparecerão na tela.

"[A frase do primeiro programa é] de denúncia dessa democracia que não é uma democracia, porque não dota os concorrentes das mesmas oportunidades de se apresentarem. Ao mesmo tempo, [a frase] dá tempo para de os trabalhadores se rebelarem. É a denúncia de que essas eleições são uma farsa", disse Vera Lúcia.

"Você ter tempo de expressar sua arte é uma coisa. Agora, só em cinco segundos requer muita precisão, muito planejamento e muito conteúdo político", acrescentou.

Procurado pelo UOL, o PT informou que não iria se pronunciar acerca da propaganda eleitoral de sábado, pois o TSE julga nesta sexta o pedido de registro de candidatura de Lula, preso desde o dia 7 de abril em Curitiba. Com receio de que seja indeferido, o partido já começou a trabalhar pela transferência de votos de Lula para Fernando Haddad (PT), seu vice que se tornará a cabeça da chapa. A posição de vice será ocupada por Manuela D`Ávila (PCdoB).

Como será a divisão do tempo de TV

A maioria dos presidenciáveis terá menos de 41 segundos nos blocos do horário eleitoral dedicados à disputa pelo Palácio do Planalto – seis deles terão menos de 10 segundos. Portanto, terão de se apressar na fala mostrando nome e número e então recorrer às redes sociais para expor propostas e se aproximar do eleitorado. Eles contarão também com a exposição na cobertura tradicional da imprensa, eventuais direitos de resposta e viagens pelo país.

O horário eleitoral começou nesta sexta (31) com propagandas de 30 segundos inseridas ao longo de comerciais e vai até 4 de outubro, três dias antes do primeiro turno.

Os ataques a adversários nos vídeos deverão ser reservados para os próximos dias, em especial nessas inserções de meio minuto na programação das emissoras. As exceções são Geraldo Alckmin e Henrique Meirelles, que já soltaram produções elaboradas nas redes sociais com críticas direcionadas a Bolsonaro.

Em contraposição ao discurso de Bolsonaro, nesta quinta (30), Alckmin divulgou peça (veja vídeo abaixo) que diz que os problemas do Brasil não serão resolvidos na bala. Meirelles soltou peça que afirma ser perigoso votar "com os olhos cegos pela indignação".


Os programas eleitorais dos candidatos à Presidência serão transmitidos sempre aos sábados, terça e quintas junto aos dos deputados federais. Cada bloco terá 25 minutos de duração, sendo que esse tempo será dividido meio a meio entre os presidenciáveis e os candidatos à Câmara. As peças serão veiculadas na televisão das 13h às 13h25 e das 20h30 às 20h55. Nos demais dias, as emissoras veicularão as propagandas dos candidatos a governador, senador e deputado estadual ou distrital.

Com balas, propaganda de Alckmin critica Bolsonaro

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