Quem pensa diferente de mim não é meu adversário, diz Barroso sobre Fachin

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

  • Paulo Lopes/FuturaPress/Estadão Conteudo

    O ministro do STF e do TSE Luís Roberto Barroso participa do Exame Fórum 2018, no Hotel Unique, Zona Sul de São Paulo

    O ministro do STF e do TSE Luís Roberto Barroso participa do Exame Fórum 2018, no Hotel Unique, Zona Sul de São Paulo

O ministro Luís Roberto Barroso, relator do registro de candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), indicou que as críticas sofridas por seu colega, o ministro Edson Fachin, são baseadas na falta de compreensão de alguns em respeitar visões diferentes. Fachin foi o único dos sete ministros da Corte a votar a favor da candidatura de Lula, apesar de considerá-lo inelegível. "Quem pensa diferente de mim não é meu adversário, muito menos meu inimigo. É meu parceiro na construção de um mundo plural, de uma sociedade aberta", disse Barroso.

O ministro participou, nesta segunda-feira (3), de um fórum promovido pela revista Exame. Barroso não quis fazer comentários sobre a decisão a respeito de Lula. Mas, questionado pelo UOL sobre as críticas sofridas por Fachin, ele disse que "a vida, na democracia, é plural". "A democracia não é um regime de governo de consenso. Ela é um regime em que a divergência é absorvida institucionalmente e as pessoas têm respeito por quem pensa diferentemente".

Fachin foi criticado por ter votado a favor de Lula. Uma das vozes contrárias ao ministro foi do candidato do Podemos a presidente, Alvaro Dias, que se disse decepcionado.

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Barroso diz que as críticas fazem "parte da vida democrática e da transparência necessária". "Quem opta pela vida pública tem que estar preparado para a crítica construtiva, para a crítica destrutiva, para a crítica verdadeira, para a crítica falsa", comentou.

O ministro disse que a liberdade de expressão, "matéria-prima da democracia", garante a liberdade, mas nem sempre a verdade. "E, muitas vezes, a verdade não tem dono mesmo. São múltiplos os pontos de observação da vida."

Por esse motivo, Barroso defende um olhar mais atento à educação e à ética. "Elas ajudam você a compreender e a respeitar o outro. Portanto, o salto civilizatório que nós precisamos dar é tratar o outro com respeito e consideração", disse, fazendo uma ligação com a corrupção. "E tratar a coisa pública com respeito e consideração também. Esse é um outro problema brasileiro: a ideia de que o que é público não é de ninguém".

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