Marina defende estado laico e diz que "guerra santa" faz mal ao Brasil

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

A candidata da Rede à Presidência da República, Marina Silva, afirmou que uma "guerra santa" entre religiões tem feito mal ao país e defendeu o respeito ao estado laico, sem impor o credo para aquele que pensa diferente. "Eu tenho uma fé, sim. Sou cristã, da Assembleia de Deus, já fui católica, fui quase freira, e acho que, num país democrático como o nosso, não se deveria estimular essa guerra santa. Isso está fazendo muito mal para o Brasil."

A afirmação foi feita durante sabatina realizada pelo UOL, Folha de S.Paulo e SBT, na manhã desta terça-feira (4), após ser questionada sobre o slogan da campanha de seu oponente Jair Bolsonaro (PSL), que traz a frase "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos".

"Não acho que para ser presidente da República se deva deixar sua fé. E não é para impor a fé a ninguém. Pelo contrário, cada pessoa pode ter o credo que quiser ou não ter credo algum.", afirmou. 

A candidata da Rede afirmou ainda que, numa democracia, "as pessoas podem dizer o que elas quiserem, desde que não atentem contra os princípios e os valores da democracia". "Se eu não defender a minha liberdade de expressão religiosa, como é que eu vou defender a liberdade de expressão religiosa das outras pessoas?"

Eu costumo brincar que o estado laico é uma bênção e que o estado é laico graças a Deus. Porque a reforma protestante ajudou a fazer a separação entre estado e igreja"

Marina Silva, candidata à Presidência pela Rede

Ainda de acordo com a candidata, quem defende o estado teocrático (submetido à religião) desconhece a própria história do movimento protestante do mundo. Marina também disse que os pedidos para que ela se explique sobre sua fé cresceram depois que ela se tornou evangélica e sugeriu sofrer preconceito por sua escolha religiosa.

"Eu tenho mais de 30 anos de vida pública e, quando eu era cristã católica, da esquerda, do Partido dos Trabalhadores, ninguém perguntava, mas eu defendia as mesmas posições que eu defendo hoje", afirmou. "Talvez pelo fato de eu ser evangélica, da Assembleia de Deus, isso crie algum tipo de preconceito das pessoas em relação a mim. Mas na minha trajetória, de 16 anos como senadora, ninguém nunca vai encontrar um projeto, um posicionamento, uma frase que vá contra o estado laico. O estado é laico e tem que continuar laico."

Segundo o último levantamento do Datafolha, no cenário sem Lula, Marina assume o segundo lugar da corrida com 16%, atrás apenas de Jair Bolsonaro (PSL, 22%).

Marina Silva passou pelos cargos de vereadora, deputada estadual e senadora pelo Acre. Além disso, foi ministra do Meio Ambiente no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003 - 2008) e é candidata ao Planalto pela terceira vez consecutiva.

Sabatinas e debates

A ordem das sabatinas com presidenciáveis foi definida por sorteio. As entrevistas tiveram início nesta segunda-feira (3), com Ciro Gomes (PDT). As próximas serão:

5/9 – Luiz Inácio Lula da Silva (PT)*
6/9 – Guilherme Boulos (PSOL)
10/9 – Alvaro Dias (Podemos)
11/9 – Geraldo Alckmin (PSDB)
12/9 – Cabo Daciolo (Patriota)
13/9 – Henrique Meirelles (MDB)
14/9 – Jair Bolsonaro (PSL)

  • A princípio, quando das tratativas para as sabatinas, UOL, Folha e SBT convidaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, então candidato do PT a presidente e líder nas principais pesquisas de intenção de voto para o Planalto, e entraram com recurso na Justiça Eleitoral para poder entrevistá-lo. No entanto, preso desde abril em Curitiba na Superintendência da Polícia Federal, ele foi impossibilitado de dar entrevistas por decisão judicial. Além disso, na madrugada de sábado (1º), a candidatura de Lula foi barrada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O PT ainda hesita em indicar o nome do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad para assumir cabeça de chapa, mas, caso a legenda formalize a troca, o novo candidato petista poderá participar da sabatina.

UOL, Folha e SBT também realizarão um debate entre os candidatos no dia 26 de setembro e, em um eventual segundo turno, no dia 17 de outubro. Dividido em três blocos, o debate terá transmissão ao vivo pela TV aberta e nos sites do UOL e da Folha. Três jornalistas de cada veículo, assim como nas sabatinas, entrevistarão os candidatos.

Veja íntegra da sabatina UOL, Folha e SBT com Marina Silva

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