Haddad em debate como candidato cessaria "ambiguidade", diz Marina

Janaina Garcia
Do UOL, em São Paulo

A candidata à Presidência da Rede, Marina Silva, afirmou nesta terça-feira (4), que, se concretizada, a candidatura de Fernando Haddad como principal nome na chapa petista acabará com a "ambiguidade" em relação à participação do PT nos debates. "Não tenho nenhum problema [que Haddad participe dos debates] na hora que ele se transformar em candidato. É bom que ele venha para acabar com essa ambiguidade, para fazer o debate, colocar as propostas, explicar os problemas que o Brasil está enfrentando."

A ambiguidade a qual Marina se referiu é a possibilidade defendida pelo PT de que Lula dispute o pleito, mesmo depois que o registro de candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva foi indeferido pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), no último sábado (1º). Recentemente, em debates eleitorais promovidos por emissoras de TV, a candidata da Rede se posicionou contra a participação do petista, a exemplo de outros candidatos.

Marina argumenta que isso criaria "dois pesos e duas medidas", já que abriria uma exceção já que nem ela nem os demais candidatos podem indicar seus vices para o cumprimento das agendas de entrevistas e debates.

A presidenciável destacou que ela própria, nas ocasiões em que contestara a participação do ex-prefeito nos eventos com presidenciáveis, cogitara ter Jorge em seu lugar.

"Eu tinha uma agenda que gostaria muito de cumprir; como não tenho rios de dinheiro e jatinho para ir e voltar, tive que cancelar outras agendas", disse, sobre a participação na sabatina desta terça-feira promovida por 

"Acordo 4h para pegar o voo mais barato, de carreira. Por que um [vice] pode, e outro não pode?", disse a candidata da Rede.

Sem Lula na disputa, segundo as últimas pesquisas de intenção de voto do Ibope e do Datafolha, Marina é uma das principais herdeiras dos votos do eleitorado do petista. Indagada se não poderia ser rico para o debate democrático a participação de Haddad em eventos eleitorais, Marina lembrou que o vice dela, Eduardo Jorge (PV), não teve a mesma possibilidade nas ocasiões em que questionou a participação do ex-prefeito de São Paulo no lugar de Lula.

Condenado a 12 anos e um mês de prisão na Lava Jato pelo caso do tríplex do Guarujá (SP), Lula está preso desde 7 de abril na Polícia Federal em Curitiba. Apesar da decisão do fim de semana no TSE, o PT ainda não indicou oficialmente à Justiça Eleitoral quem será o substituto de Lula. O partido tem prazo até o dia 11 deste mês para fazê-lo.

Segundo o último levantamento do Datafolha, no cenário sem Lula, Marina assume o segundo lugar da corrida com 16%, atrás apenas de Jair Bolsonaro (PSL, 22%). 

Sabatinas e debates

Os presidenciáveis estão sendo entrevistados por jornalistas de UOL, Folha e SBT. O primeiro a ser sabatinado foi Ciro Gomes (PDT), na segunda-feira (3). A ordem das entrevistas foi definida por sorteio e os próximos entrevistados são:

5/9 – Luiz Inácio Lula da Silva (PT)*
6/9 – Guilherme Boulos (PSOL)
10/9 – Alvaro Dias (Podemos)
11/9 – Geraldo Alckmin (PSDB)
12/9 – Cabo Daciolo (Patriota)
13/9 – Henrique Meirelles (MDB)
14/9 – Jair Bolsonaro (PSL)

UOL, Folha e SBT também realizarão um debate entre os candidatos no dia 26 de setembro e, em um eventual segundo turno, no dia 17 de outubro.

Dividido em três blocos, o debate terá transmissão ao vivo pela TV aberta e nos sites do UOL e da Folha. Três jornalistas de cada veículo, assim como nas sabatinas, entrevistarão os candidatos.

Foram convidados os candidatos dos partidos com representatividade no Congresso (com ao menos cinco parlamentares), conforme determina a legislação eleitoral. 

*Ainda nas tratativas para as sabatinas, UOL, Folha e SBT convidaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, então candidato do PT a presidente e líder nas principais pesquisas de intenção de voto para o Planalto, para participar das sabatinas e entraram com recurso na Justiça Eleitoral para poder entrevistá-lo. No entanto, preso desde abril, ele foi impossibilitado de dar entrevistas por decisão judicial.

Além disso, na madrugada do último sábado (1º), a candidatura de Lula foi barrada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O PT ainda hesita em indicar o nome do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad para assumir cabeça de chapa, mas, caso a legenda formalize a troca até terça-feira (4), o novo candidato petista poderá participar da sabatina na quarta (5).

UOL, Folha e SBT também realizarão um debate entre os candidatos no dia 26 de setembro e, em um eventual segundo turno, no dia 17 de outubro. Dividido em três blocos, o debate terá transmissão ao vivo pela TV aberta e nos sites do UOL e da Folha. Três jornalistas de cada veículo, assim como nas sabatinas, entrevistarão os candidatos.