Crime organizado está "mais perto de Brasília" que nas favelas, diz Boulos

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

O candidato à Presidência pelo PSOL, Guilherme Boulos, defendeu nesta quinta-feira (6) que o combate ao crime organizado no país tenha como foco mais os grandes criminosos próximos da política e do poder econômico que os localizados em favelas brasileiras.

O presidenciável e líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) participou de sabatina realizada pelo UOL em parceria com a "Folha de S.Paulo" e o SBT. Ao falar sobre os problemas na segurança pública, Boulos defendeu que eles não devem ser combatidos com medidas como redução da maioridade penal, encarceramento em massa ou uma política de drogas que não contemple descriminalização substâncias como a maconha.

"O centro do crime organizado no país não está no barraco de nenhuma favela, está muito mais perto da Praça dos Três Poderes, em Brasília, com ramificações com o poder econômico. Vale mencionar o tráfico de drogas e munições, que é [mais] responsável por boa parte das mortes violentas no país do que de qualquer favela brasileira", destacou.

Na avaliação do candidato do PSOL, a política de guerra às drogas adotada há anos no Brasil e defendida por parte de seus adversários na disputa ao Planalto "só serviu para matar jovem negro da periferia e botá-lo em presídio".

"As facções só aumentaram, o consumo de drogas não diminuiu", mencionou, para afirmar que a política de combate às drogas de um eventual governo dele não priorizaria "Código Penal e bala", mas seria avaliada também "como questão de saúde pública".

"Por isso a legalização da maconha e o processo de descriminalização das outras drogas. Abuso de substância química tem que ser tema do SUS [Sistema Único de Saúde], e assim que vamos tratar", completou.

Promessa de outras candidaturas, a redução da maioridade penal da atual faixa de 18 anos também foi criticada pelo presidenciável do PSOL.

"Sou contra. Não quero dar a primeira sentença ao nosso jovem, mas o primeiro emprego; onde falta oportunidade, sobra criminalidade", discursou. E completou: "Querer responsabilizar o jovem e jogar a conta da segurança pública para o moleque que está na favela é de uma hipocrisia tremenda. A política de segurança pública que quero fazer é a que pegará criminoso de verdade".

Por outro lado, Boulos defendeu que o adolescente infrator seja tratado via ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente),  legislação que, afirmou, tem sido negligenciada.

"Lamentavelmente, o ECA não é aplicado por sub-investimento. Ele prevê a recuperação, e não a punição. Você acha que, se botar o jovem em uma masmorra superlotada, ele vai sair melhor? Sabe o apelido, na periferia de boa parte do país, para as cadeias? Faculdade do crime. [O jovem] entra lá e sai pós-graduado", avaliou.

Filósofo formado pela USP (Universidade de São Paulo), psicanalista e líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Boulos concorre a um cargo político pela primeira vez.

De acordo com a pesquisa mais recente do Ibope, divulgado nesta quarta-feira (5), Boulos tem 1% das intenções de voto. O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) lidera o levantamento com 22%. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Os presidenciáveis serão entrevistados por jornalistas dos três veículos. Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede) foram os primeiros sabatinados. A ordem das entrevistas foi definida por sorteio:

10/9 – Alvaro Dias (Podemos)
11/9 – Geraldo Alckmin (PSDB)
12/9 – Cabo Daciolo (Patriota)
13/9 – Henrique Meirelles (MDB)
14/9 – Jair Bolsonaro (PSL)

Debates

UOL, Folha e SBT também realizarão um debate entre os candidatos no dia 26 de setembro e, em um eventual segundo turno, no dia 17 de outubro.

Dividido em três blocos, o debate terá transmissão ao vivo pela TV aberta e nos sites do UOL e da Folha. Três jornalistas de cada veículo, assim como nas sabatinas, entrevistarão os candidatos.

Foram convidados os candidatos dos partidos com representatividade no Congresso (com ao menos cinco parlamentares), conforme determina a legislação eleitoral.

Veja íntegra da sabatina UOL, Folha e SBT com Guilherme Boulos

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