O que se sabe até agora sobre o ataque a faca contra Jair Bolsonaro

Do UOL, em São Paulo

O candidato presidencial Jair Bolsonaro (PSL) foi esfaqueado nesta quinta-feira (6) na região do abdômen durante um ato de campanha na cidade de Juiz de Fora (MG). Um homem, identificado como Adélio Bispo de Oliveira, foi preso em flagrante pelo ataque. A Polícia Federal confirmou que Bolsonaro contava com a escolta de policiais federais quando foi atingido.

Bolsonaro foi o primeiro colocado na pesquisa Ibope divulgada na quarta (5), com 22% das intenções de voto. Os outros candidatos a presidente manifestaram repúdio ao ataque e cobraram investigação sobre o ocorrido.

Como foi o ataque?

O deputado federal era carregado nos ombros por simpatizantes em um evento de campanha na região central de Juiz de Fora por volta das 16h quando sofreu a facada na região do abdômen. Um vídeo mostrou Bolsonaro sendo carregado por partidários após o esfaqueamento, com o que parecia ser um papel cobrindo o local do ferimento. Ele foi levado para a emergência da Santa Casa da cidade, onde passou por cirurgia.

FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO

No momento do atentado, Bolsonaro estava acompanhado pelo deputado federal Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG), que preside o diretório mineiro do partido. O parlamentar foi um dos que carregaram o presidenciável até o carro onde ele foi levado até o hospital.

O agressor tentou fugir no meio da multidão, mas não conseguiu e foi agredido. Ele foi preso em flagrante e levado para a superintendência da Polícia Federal na cidade mineira.

Onde foi o ataque?

Arte/UOL
O evento do qual Bolsonaro participava transcorria pelo calçadão da rua Halfeld, em Juiz de Fora, e seguiria até a praça da Estação, onde haveria um comício.

Como está Bolsonaro?

O estado de saúde dele é estável, mas inspira cuidados. Seu quadro é "naturalmente grave" devido aos ferimentos sofridos.

O político vai permanecer em UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) e ainda não tem previsão de alta. Eunice Dantas, diretora técnica da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, afirmou nesta sexta que ele pode ter alta em menos de duas semanas. 

"Toda cirurgia de grande porte depende do procedimento. Daqui a pouco ele vai poder comer, andar. Vai depender da evolução, mas o previsto é de que tenha alta hospitalar de sete a dez dias", disse.

Ele está respirando sem ajuda de aparelhos e já recobrou a consciência.

Bolsonaro chegou ao hospital em estado de choque e tinha perdido muito sangue. Também estava com a pressão muito baixa. Vai precisar de outra cirurgia para reverter a colostomia --bolsa coletora de fezes que fica presa fora do abdome.

O candidato foi transferido nesta sexta para São Paulo. O avião que o transportou chegou ao aeroporto de Congonhas, na zona sul paulistana, por volta das 9h45. De lá, o deputado federal segue para o Hospital Albert Einstein, no Morumbi, também na zona sul.

Leia também:

Qual a gravidade dos ferimentos?

A facada contra Bolsonaro atingiu o intestino e uma veia auxiliar na região abdominal. O candidato foi submetido a uma laparotomia, ou seja, a uma cirurgia da cavidade abdominal, depois de exames de tomografia e ultrassonografia.

Foram encontradas lesões no intestino grosso e no delgado. Ele ainda recebeu duas bolsas de sangue em um procedimento de transfusão. Bolsonaro passou por uma ileostomia, ou seja, a instalação de uma bolsa intestinal.

O objeto perfurante atingiu os intestinos delgado --três ferimentos menores, solucionados com suturas primárias-- e grosso --onde eles fizeram um procedimento mais complexo, uma colostomia. Não houve nenhuma lesão no fígado, como foi especulado inicialmente.

Quem é o agressor?

Guilherme Leite/Folhapress

A Polícia Militar informou que prendeu um homem identificado como Adélio Bispo de Oliveira, de 40 anos. Ele levava uma "faca normal, de cozinha, enrolado em um pano", segundo a PM. Em depoimento, Oliveira alegou que agiu motivado por "questões pessoais".

Em um vídeo obtido pelo UOL e que circula pelas redes sociais, ele afirma que "ninguém" o mandou cometer o atentado. Mais uma vez questionado por um dos investigadores presentes na sala, o suspeito conta que atacou o candidato a mando de Deus. "Quem mandou foi o Deus aqui em cima", responde. 

Adélio já tinha sido acusado pelo crime de lesão corporal. O boletim de ocorrência em que Oliveira é acusado de atentar contra a integridade física de outras pessoas é de 2013.

Em seu perfil no Facebook, Adélio tem muitos posts com teor político, e com críticas a Bolsonaro. A frase que o define na rede social é "Não importa em que partido tu militas, nem a ideologia em que acreditas, ou que fé tu praticas. Se tens prazer no triunfo da justiça, então somos irmãos".

A direção do PSOL em Minas Gerais confirmou que Oliveira foi filiado ao partido por pelo menos sete anos. De acordo com dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Adélio foi filiado entre 2007 e 2014. Ainda segundo o tribunal, Adélio, que é natural da cidade mineira de Montes Claros, se filiou ao PSOL na cidade de Uberaba e pediu o desligamento do partido por conta própria.

Agressor diz que agiu a mando de Deus

Um segundo homem, suspeito de participação no atentado, foi detido pelas forças policiais na cidade de Juiz de Fora (MG). "As investigações estão em andamento mas já temos a identificação de um provável segundo suspeito na cena do crime", disse o superintendente da Polícia Judiciária, Carlos Capistrano.

De acordo com ele, o segundo suspeito foi liberado porque não foram encontrados, inicialmente, indícios de que ele teria tido participação no crime. Ele continua, contudo, sob investigação. "Ele foi visto conversando com o Adélio momentos antes do ataque, mas não encontraram elementos, ao menos até agora, que indiquem que ele tenha tido participação no crime", afirmou o superintendente.

Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos