Em debate sem Bolsonaro, Meirelles parte para o ataque contra Alckmin

Bernardo Barbosa e Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

A ausência de Jair Bolsonaro (PSL) e os ataques de Henrique Meirelles (MDB) a Geraldo Alckmin (PSDB) marcaram o terceiro debate entre candidatos a presidente, realizado neste domingo (9) nos estúdios da TV Gazeta, em São Paulo, com participação do jornal "O Estado de S. Paulo", da rádio Jovem Pan e do Twitter.

Meirelles deu continuidade à ofensiva do MDB contra Alckmin, inaugurada na quarta (5) pelo próprio presidente Michel Temer (MDB), que divulgou vídeos na internet criticando o tucano por supostamente não assumir as ligações de partidos aliados com o atual governo federal.

Meirelles aproveitou que, como primeiro candidato a perguntar nos dois blocos de confronto direto, poderia escolher qualquer concorrente para responder, e voltou suas baterias contra Alckmin.

Meirelles e Alckmin disputam votos no mesmo campo político, que engloba os eleitores de centro e de direita. Na última pesquisa Ibope, divulgada na quarta (5), o emedebista teve 2% das intenções de voto, contra 9% do tucano. O líder da pesquisa foi Bolsonaro, com 22%.

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Na primeira pergunta, Meirelles acusou Alckmin de ter atacado Bolsonaro, por meio da propaganda eleitoral, quando o candidato do PSL estava sendo operado depois da facada que levou na quinta-feira (6). O tucano, que vinha mirando Bolsonaro na TV, respondeu dizendo não ter pregado "qualquer tipo de violência" e ser contra radicalismos.

Depois, o candidato do MDB se dirigiu a Alckmin para dizer que São Paulo exportou o crime organizado para o resto do país --o tucano governou o estado paulista por 12 anos ao longo de dois períodos (2001-2006 e 2011-2018), deixando o cargo em março passado.

Alckmin respondeu citando a queda na taxa de homicídios em São Paulo nos últimos anos. O tucano afirmou também que Meirelles estava sendo "injusto" com os avanços paulistas na segurança pública e que o tema será prioridade de seu governo, caso eleito.

A Polícia Civil e o MP-SP (Ministério Público de São Paulo) apontam o PCC (Primeiro Comando da Capital) como a maior facção criminosa do país. Segundo as investigações, ela se expandiu pelo país sendo comandada por criminosos presos no estado paulista.

Candidatos poupam Bolsonaro

Em debates anteriores, Bolsonaro protagonizou embates com Marina Silva (Rede) e Guilherme Boulos (PSOL), e vinha sendo duramente atacado por Alckmin no programa eleitoral do PSDB. Hoje, mesmo líder nas pesquisas, o candidato do PSL foi poupado pelos concorrentes, que lamentaram o ataque do qual foi alvo e desejaram sua recuperação.

Ciro Gomes (PDT), por exemplo, afirmou que não concorda com as ideias de Bolsonaro, mas espera que ele se recupere rapidamente. Já Marina disse que o fato de um candidato estar no hospital e outro impedido pela Justiça de disputar (o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT) representam um "momento difícil de nosso país".

O ataque a Bolsonaro também serviu de base para uma pergunta de Alckmin. Quando o candidato do PSDB questionou Alvaro Dias (Podemos) sobre sua proposta para as Santas Casas e entidades filantrópicas de saúde, o tucano disse que Bolsonaro foi bem atendido na Santa Casa de Juiz de Fora (MG) depois de ter sido atacado.

Diferentemente dos outros debates, Boulos foi com um adesivo no peito em memória da vereadora do PSOL Marielle Franco, assassinada em março no Rio -- até hoje, não se sabe quem cometeu e quem ordenou o atentado. 

Questionado pela jornalista Vera Magalhães se a esquerda não teria estimulado um clima de divisão no país, Boulos respondeu que é necessário "diferenciar o que é violência e ódio na política e o que é polarização social", e disse que o PSOL foi a maior vítima disso, com a morte de Marielle. 

"O seu Jair Bolsonaro, agora, sofreu também um ataque, e nós repudiamos, porque, todas as diferenças que eu tenho com o Bolsonaro, nós não vamos resolver isso na violência, nós vamos resolver isso na diferença política", afirmou o candidato do PSOL. 

Ao contrário dos debates anteriores, com oito candidatos, o de hoje contou com apenas seis concorrentes, já que Bolsonaro continua internado em São Paulo e Cabo Daciolo (Patriota) anunciou ter iniciado, na quinta (5), 21 dias de jejum e orações "pela nossa nação e por Jair Bolsonaro".

A jornalista Maria Lydia Flândoli, mediadora do debate, esclareceu no ar que não havia púlpito para um candidato do PT pois o partido, oficialmente, não tem candidato a presidente. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) vetou a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o PT ainda não anunciou um substituto -- que deve ser Fernando Haddad.

Maria Lydia também explicou que os candidatos propuseram, em solidariedade a Bolsonaro, a retirada de seu púlpito do estúdio. Segundo as regras do debate, o púlpito vazio só seria deixado no estúdio para marcar a ausência de um candidato.

Assista abaixo à íntegra do debate:

Primeiro bloco: 

Segundo bloco: 

Terceiro bloco: 

Quarto bloco: 

Quinto bloco: 

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