Vice diz que falta de Bolsonaro atrapalha campanha e pede nova Constituição

Vinicius Boreki

Colaboração para o UOL, em Curitiba

  • GERALDO BUBNIAK/AGB/ESTADÃO CONTEÚDO

    13.set.2018 - General Hamilton Mourão (PRTB), candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), participa de palestra em Curitiba

    13.set.2018 - General Hamilton Mourão (PRTB), candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), participa de palestra em Curitiba

Candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Jair Bolsonaro (PSL), o general Hamilton Mourão (PRTB) disse nesta quinta-feira (13) confiar que o presidenciável poderá voltar a realizar atos de campanha dentro de três semanas, mas reconheceu que a ausência do companheiro no momento afeta a coligação. As declarações foram dadas após Mourão conceder uma palestra no Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), no centro de Curitiba. Horas antes, ele cumpriu agenda em Ponta Grossa (PR).

"Temos plena certeza de que nas, próximas três semanas, o Bolsonaro estará em condições, não totalmente recuperado a ponto de participar das manifestações de rua, mas de liderar o nosso processo. O que era do Bolsonaro era só dele. Ele é insubstituível", afirmou o general. "Quem mobiliza na rua é sempre ele. Ele é o homem das massas, o grande agitador. É ele que as pessoas vão eleger, eu sou o apêndice."

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Jair Bolsonaro foi esfaqueado durante uma passeata na cidade de Juiz de Fora (MG), há uma semana, e desde então já foi submetido a duas cirurgias abdominais. O candidato está internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Ele lidera as principais pesquisas de intenção de voto para a eleição ao Planalto.

O candidato à vice-presidência negou ter interesse em substituir Bolsonaro na campanha. "Só ocorreria se ele viesse a falecer, o que não é o caso. Jair está vivo, continuará vivo e vai nos liderar", declarou.

No entanto, ele admitiu que, agora, o presidenciável deve focar na recuperação de sua saúde. "O Bolsonaro não pode conversar. Nesse momento, a preocupação número 1 é recuperar a saúde dele e ele precisa ficar em repouso. Não pode ficar em idas e vindas, porque isso prejudica. Ele foi submetido a um outro processo [cirúrgico] para reverter uma situação que não teria sido criada se tivesse ficado quieto", disse.

Para Mourão, a consulta informal feita pelo PRTB para que ele pudesse substituir Bolsonaro em debates não gerou um mal-estar. O PSL não concordou com o pedido. "Não gerou desconforto, mas os assuntos que não são conduzidos da forma mais transparente acabam gerando 'disse-me-disse'", avaliou. "Nós fizemos uma consulta informal para, se for o caso, se ele [Bolsonaro] julgar necessário, eu representá-lo, desde que obviamente haja anuência dos outros candidatos."

Quatro pilares do governo

Em sua palestra de aproximadamente 40 minutos, o candidato falou sobre as necessidades de reformas no país: política, de valores, de segurança pública e econômica. O momento que mais agradou a plateia foi quando se referiu a Bolsonaro como um exemplo. "Temos que lidar com a questão dos privilégios, direito de greve nos serviços públicos essenciais. Tudo isso é fácil? Não, é muito difícil. Vai requerer um líder e esse é o Jair. Cobram coisas dele que não cobram dos outros. Ele se comporta como líder, porque ele é destemido e conhece o que tem que ser feito", declarou.

Sobre segurança, sugeriu uma atuação mais enérgica das forças policiais. "Se a polícia atua contra as narcoquadrilhas com força, o pessoal dos Direitos Humanos reclama. Eles têm que lembrar que os direitos humanos são para os humanos direitos e não para marginais", disse, citando que a extensão das fronteiras do país torna o combate à violência mais complexo.

Na política, sugeriu uma cláusula de barreira mais ampla para limitar o número de partidos e o voto distrital. "Temos que mudar o sistema de voto proporcional. Votamos em A e elegemos C", afirmou. Na economia, defendeu uma reforma tributária, com redução de impostos, e fiscal, enxugando o número de ministérios, além de mudanças no pacto federativo.

Reforma da Constituição

De acordo com Mourão, o Brasil precisa de uma Constituição mais enxuta, alegando que se trata de sua opinião pessoal e não de Bolsonaro. "É extensa demais, precisa ser de princípios e valores, como a Constituição Americana. Mas, no momento, julgo que é algo muito difícil de conseguir. A gente parte do mais fácil para o mais difícil", analisou.

Para ele, a nova Constituição não precisaria ser criada por parlamentares eleitos, mas por uma comissão de notáveis, com esse processo sendo submetido a plebiscito. "É a minha visão: a Constituição não precisa ser feita por eleitos. Já tivemos vários tipos de Constituição sem ter passado pelo congresso eleito em períodos democráticos, como a de 1946", disse.

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