Campanha de Bolsonaro aposta em antecipação de voto útil contra o PT
Gustavo Maia
Do UOL, em São Paulo
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Janaina Garcia/UOL
Flávio Bolsonaro crê em vitória ainda no primeiro turno
O crescimento de Fernando Haddad (PT) nas pesquisas de intenção de voto na disputa pelo Palácio do Planalto levou a campanha do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) a apostar na antecipação do voto útil contra o Partido dos Trabalhadores para tentar vencer já no primeiro turno.
A avaliação foi unânime na reunião realizada nesta terça-feira (18) em São Paulo por integrantes da cúpula do PSL e aliados do deputado federal, que está internado desde que levou uma facada, há 13 dias.
"A chance é maior do que nunca de o Jair ainda no primeiro turno resolver essa parada", comentou o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), um dos filhos do presidenciável e que é candidato ao Senado no Rio de Janeiro.
Na pesquisa Ibope divulgada na noite desta terça, o candidato do PSL aparece com 28%, seguido de Haddad, com 19%, Ciro Gomes (PDT), com 11%, Geraldo Alckmin (PSDB), com 7%, e Marina Silva (Rede), com 6%.
Depois deles, aparecem Alvaro Dias (Podemos), João Amoêdo (Novo) e Henrique Meirelles (MDB) com 2% cada um.
"Então não tenho a menor dúvida de que o Bolsonaro está a um Alvaro Dias, um Amoêdo de vencer no primeiro turno. E a gente sabe que os eleitores dele entendem dessa forma também [...] Ninguém aguenta mais um ciclo de PT", declarou Flávio.
"Ou um Alckmin, também, coisa pequenininha", ironizou o deputado federal Major Olimpio, que é presidente do diretório do PSL em São Paulo e tem rivalidade histórica com o ex-governador do estado.
Flávio disse não esperar que haja adesão de lideranças de outros partidos ou dos próprios adversários, mas que está convicto de que seus eleitores já perceberam que votar em Bolsonaro no próximo dia 7 de outubro é a única chance de evitar "qualquer risco de o câncer chamado PT ter alguma possibilidade de voltar a comandar esse país".
Sonho do partido é enfrentar PT no 2º turno
Antagonizar com o candidato do partido dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, que venceram as últimas quatro eleições nacionais, é considerado um "sonho" para a campanha de Bolsonaro.
"Se tiver segundo turno, é nosso sonho ir com ele [Haddad]. Assim como é o sonho deles ir com a gente. Um acha que derrota o outro", disse Flávio. Segundo ele, a campanha está muito tranquila diante da probabilidade da disputa com o petista.
Isso porque, para o deputado estadual, a maior parte dos brasileiros não vota por uma questão ideológica, por ser de esquerda ou de direita. "Tem uma primeira linha de corte que é quem rouba e quem não rouba. Vai virar uma campanha do bem contra o mal. E a gente é o lado do bem."
O presidente em exercício do PSL, Gustavo Bebianno, foi ainda mais enfático e afirmou que a democracia brasileira "vem se arrastando ao longo de duas décadas, correndo sempre um risco iminente proporcionado pelo PT e afins, que buscam calar a imprensa e dominar os três Poderes".
Para ele, os petistas pretendem transformar o Brasil numa Venezuela. "Nós temos nos perguntado: os venezuelanos hoje fogem para o Brasil; se o PT continuar no poder, os brasileiros fugirão para onde? Para a Argentina?", questionou o dirigente partidário.
Também presente na reunião, o general da reserva do Exércio Augusto Heleno (PRP) declarou que Bolsonaro representa a única chance de mudar o panorama político, administrativo e social do país.
"O resto é mais do mesmo, é mentira, é fraude. Vamos encarar mais 20 anos de PT? O país tem condições de encarar isso? Onde teve sucesso esse tipo de administração a qual nós fomos submetidos? Não dá para continuar, a gente precisa mudar", comentou o militar.
Ironias contra Alckmin
Enquanto miram a artilharia para o PT, o PSDB já é tratado como "carta fora do baralho" pelos aliados do capitão da reserva do Exército. "Eles já tinham que admitir a derrota e parar de tomar uma postura agressiva com Bolsonaro. Não respeita nem a convalescência de um cara que tomou uma facada na barriga e quase morreu para disputar o poder", reclamou Flávio, em referência às propagandas do tucano que miram seu pai.
Segundo o filho do candidato ao Palácio do Planalto, Alckmin não está mostrando ter "o mínimo" de humanidade, mas os eleitores dele já pensam diferente. Ele diz acreditar que a postura do PSDB está acelerando a migração de voto. "É de uma burrice. Estou agradecendo eles. Para que eu vou pagar marqueteiro? Não precisa", afirmou.
Já o ataque a faca no último dia 6, durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG), teria servido para antecipar a escolha do voto de indecisos, de acordo com avaliação de integrantes da campanha.
Campanha descentralizada
Diante da impossibilidade de participação de Bolsonaro, que ainda não teve previsão de alta divulgada pela equipe médica do Hospital Israelita Albert Einstein, aliados disseram que a campanha deverá continuar "totalmente descentralizada"
"Cada um está tocando no seu estado, como já estava acontecendo. A nossa campanha é totalmente descentralizada. Continua como já estava antes do atentado. Não muda nada", anunciou Flávio. "Para que a gente vai mexer numa estratégia que está dando certo?", questionou.
O encontro foi marcado pela ausência do general Hamilton Mourão (PRTB), vice na chapa de Bolsonaro, e de qualquer integrante do seu partido, o único que se coligou nacionalmente ao PSL.
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