Após desgaste com polêmicas, campanha de Bolsonaro diz não restringir falas

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

  • RONALDO SILVA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

    22.set.2018 - Alguns apoiadores do candidato Jair Bolsonaro (PSL), em frente ao Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo (SP)

    22.set.2018 - Alguns apoiadores do candidato Jair Bolsonaro (PSL), em frente ao Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo (SP)

Após uma semana marcada por desgastes políticos na campanha do candidato Jair Bolsonaro (PSL) causados por declarações de seu assessor econômico, Paulo Guedes, e de seu vice, general Antônio Hamilton Mourão, membros do núcleo de coordenação de campanha afirmaram neste sábado (22) que nenhum aliado sofre restrições em relação ao que deve falar publicamente.

Mas, Guedes cancelou ao menos três eventos nos últimos dois dias e Mourão abrandou o tom do discurso. Nos bastidores, membros da cúpula da campanha disseram que eles receberam orientação para evitar assuntos que ainda não estão totalmente definidos pela equipe de Bolsonaro. 

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, Guedes afirmou a uma plateia restrita na terça-feira (18) o suposto interesse de criar um imposto nos moldes da CPMF, incidindo sobre movimentações financeiras. Guedes é cotado para assumir a área econômica em um eventual governo Bolsonaro.

No dia anterior, Mourão havia afirmado em palestra que crianças criadas por "mãe e avó" em áreas carentes tenderiam a se transformar em "desajustados" e serem cooptados por traficantes de drogas. 

O deputado  Major Olímpio, presidente do PSL em São Paulo afirmou ao lado de Eduardo Bolsonaro, filho e um dos maiores articuladores do candidato, que a orientação da campanha é de livre-arbítrio a todos os envolvidos na coordenação. Ele disse que a confiança em Mourão e Guedes se mantém e elogiou o histórico de "ajuda ao Brasil" dos dois. As declarações foram dadas em visita a Bolsonaro no hospital Albert Einstein, em São Paulo.

"Tanto o general, com histórico límpido que tem, quanto o professor Guedes têm total apoio e confiança de todos da campanha e de Jair Bolsonaro. Não é a toda que os dois estão no nível hierárquico que estão. Um é vice. O outro, braço-direito. A confiança é absoluta", afirmou à reportagem.

Porém, a reportagem apurou que, nos bastidores, Mourão e Guedes receberam orientação para evitar falar publicamente de assuntos ainda que ainda não foram totalmente analisados e definidos pela equipe do presidenciável. Também foi dito a eles que evitem colocações que possam dar "munição" a seus opositores.

Integrantes da campanha haviam informado que, possivelmente, Mourão e Guedes iriam ao hospital Albert Einstein, na zona sul da capital paulista, visitar o presidenciável. Até o fim da tarde, os dois não compareceram. No entanto Olimpio diz que não estava nada oficialmente marcado.

Por volta das 16h, a mulher de Bolsonaro, Michelle, visitou o marido no hospital. Segundo boletim médico divulgado hoje, Bolsonaro teve alta da unidade semi-intensiva e foi para o quarto. O estado de saúde do candidato é estável. Não há previsão de alta.

O jornal Folha de S.Paulo informou que, na terça-feira (18), o economista Paulo Guedes, cotado para comandar o Ministério da Fazenda em um governo de Bolsonaro, anunciou a uma plateia restrita o interesse em recriar imposto nos moldes da CPMF.  A proposta inclui ainda a criação de uma alíquota única do IR (Imposto de Renda) de 20% para pessoas físicas e jurídicas. A intenção seria aplicar a mesma taxa na tributação da distribuição de lucros e dividendos. 

Na noite de quarta-feira (19), Bolsonaro negou, por meio de sua conta no Twitter, que a intenção fosse verdadeira. "Ignorem essas notícias mal intencionadas dizendo que pretendermos recriar a CPMF. Não procede. Querem criar pânico pois estão em pânico com nossa chance de vitória", escreveu o candidato. 

Entre a divulgação da informação da criação do novo imposto e o posicionamento de Bolsonaro, o candidato ligou para o economista e pediu explicações sobre a proposta, segundo Major Olimpio. 

Guedes explicou a Bolsonaro, segundo o major, que jamais teve a intenção de recriar a CPMF, mas sim a adoção de um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) em uma simplificação tributária a ser implementada pelo novo governo e que não iria aumentar a carga tributária.

Mourão explicou aos companheiros de campanha que em sua fala sobre mães e avós se referia a uma situação em que um homem larga sua mulher e filhos e a mulher acaba forçada a trabalhar mais horas longe de casa para sustentar a família. Dessa forma, os filhos ficariam expostos a más influências. Porém, a fala foi interpretada como discriminatória pelos opositores de Bolsonaro e por parcelas da sociedade.

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