PF abre segundo inquérito para apurar ataque contra Bolsonaro
Carlos Eduardo Cherem
Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte*
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FÁBIO MOTTA 6.set.2018 /ESTADÃO CONTEÚDO
O candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG)
A PF (Polícia Federal) instaurou nesta terça-feira (25) um segundo inquérito para apurar a participação de "organização criminosa" no atentado contra o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL), em 6 de setembro, em Juiz de Fora (MG).
A informação foi confirmada pelo UOL com a assessoria de imprensa da corporação em Brasília. No início da manhã desta terça-feira (25), o delegado de Combate ao Crime Organizado da PF em Minas Gerais, Rodrigo Morais, responsável pelas investigações, em entrevista à TV Globo, falou da possibilidade de envolvimento de "organização criminosa" no ataque contra o candidato do PSL.
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"Vamos apurar se Adélio (Bispo de Oliveira, o acusado pelo atentado) tem alguma conexão com algum grupo ou organização criminosa", disse Morais.
Segundo o delegado, as informações e dados colhidos até o momento, porém, sustentam que o agressor não teve ajuda de outra pessoa para executar o crime. Morais explicou que o material apreendido em posse do agressor (um notebook, quatro aparelhos celulares e documentos, além de seis computadores de uma lan house usada por ele), continua sendo minuciosamente analisado pela polícia técnica.
"Elementos importantes foram encontrados no material apreendido, como agenda de contatos, troca de telefonemas e mensagens via aplicativos nos dias que antecederam o atentado, o que motiva a investigação de novos suspeitos. Em um dos celulares que ele utilizava para navegar na internet, detectamos que ele buscava na mídia informações relacionadas ao presidenciável Jair Bolsonaro", declarou o delegado.
Neste segundo inquérito, Morais pretende investigar os últimos dois anos da vida de Adélio Bispo de Oliveira, para tentar identificar se houve um mandante ou pessoas que tenham incentivado o autor a atacar o candidato à Presidência da República.
Na primeira entrevista em vídeo após ter sido vítima do atentado, na segunda-feira (24), Bolsonaro fez críticas ao delegado da Polícia Federal que conduz a investigação, Rodrigo Morais, e disse entender que há uma tentativa de "abafar o caso". À rádio "Jovem Pan", o candidato declarou não ter gostado do teor das entrevistas que o delegado concedeu ao jornal Folha de S.Paulo e à TV Globo.
"O depoimento que eu ouvi do delegado da PF que está conduzindo o caso, realmente, é um depoimento para abafar o caso. Eu lamento o que ouvi ele falando. Dá a entender até que ele age em parte como uma defesa do criminoso. Isso não pode acontecer."
Morais havia declarado que a investigação da PF indica que Adélio Bispo de Oliveira agiu sozinho na tentativa de assassinar o candidato em Juiz de Fora (MG), em 6 de setembro. Na ocasião, o presidenciável foi vítima de esfaqueamento durante uma atividade de campanha.
Como foi o ataque
O ataque ocorreu durante uma caminhada de Bolsonaro em uma das ruas do centro de Juiz de Fora. O candidato levou uma facada na região abdominal enquanto era carregado nos ombros por apoiadores.
Adélio Bispo de Oliveira foi preso em flagrante após o ataque. A PF abriu um primeiro inquérito para investigar o caso, que deve ser divulgado pelo delegado na sexta-feira (28). Ele foi indiciado pelo crime de "atentado pessoal por inconformismo político", com base no artigo 20 da Lei de Segurança Nacional.
À PF, o agressor disse que o atentado contra Bolsonaro foi "a mando de Deus". (*Colaborou Hanrrikson de Andrade, do UOL, no Rio)
Agressor de Bolsonaro diz em vídeo que 'quem mandou foi Deus'
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