Filho de Bolsonaro ironiza "mal-estar" com a PF e pede troca de delegado

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

  • Hanrrikson de Andrade/UOL

    Flávio Bolsonaro (PSL) cumpriu agenda de campanha nesta quarta-feira (26), no Rio

    Flávio Bolsonaro (PSL) cumpriu agenda de campanha nesta quarta-feira (26), no Rio

Candidato ao Senado pelo Rio de Janeiro e filho de Jair Bolsonaro (PSL), Flávio Bolsonaro (PSL) reafirmou nesta quarta-feira (26) as críticas que o pai havia feito ao delegado da Polícia Federal Rodrigo Morais, que conduz o inquérito sobre o atentado contra o presidenciável ocorrido em Juiz de Fora (MG), em 6 de setembro.

Segundo ele, o sentimento da família é de que há um "descaso por parte de quem está tocando a investigação". Flávio também ironizou o fato de que as declarações de Bolsonaro incomodaram membros da PF, conforme noticiou hoje a colunista Mônica Bergamo, da Folha.

O pleiteante a senador disse acreditar que a Polícia Federal deveria "colocar um delegado isento" --em substituição a Morais--, que "não vai inventar provas e nem vai deixar de ir atrás de provas".

Acho que tinha que partir da Polícia Federal, imediatamente, colocar um delegado não que seja eleitor de Bolsonaro, mas um delegado isento. Que não vai inventar provas e nem vai deixar de ir atrás de provas. É o que a gente está sentindo. A família, e eu como filho estou dizendo isso, percebo que há um descaso por parte de quem está tocando essa investigação
Flávio Bolsonaro (PSL)

Na segunda-feira (24), na primeira entrevista em vídeo desde que foi esfaqueado, Jair Bolsonaro disse à rádio Jovem Pan que não havia gostado do teor de entrevistas do delegado Rodrigo Morais e que poderia estar em curso uma tentativa de "abafar o caso". Na visão dele, Adélio Bispo de Oliveira não agiu sozinho ao esfaqueá-lo durante atividade de campanha em Juiz de Fora, diferentemente do que afirma o responsável pelo inquérito.

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A PF deve divulgar ainda nesta semana o desfecho da investigação. Um novo inquérito foi aberto para apurar a possibilidade de envolvimento de terceiros no crime.

Flávio disse nesta quarta que as palavras do pai não são uma crítica à instituição Polícia Federal, e sim estritamente ao delegado. "No meu ponto de vista, não está trabalhando direito", declarou. Questionado sobre qual era o principal erro de Morais à frente do caso, o candidato ao Senado respondeu:

"A gente não percebe uma investigação com base, por exemplo, em um monte de provas que poderiam ser produzidas. Testemunhas, câmeras de segurança, a vida pregressa dele. Não de agora, uma, duas semanas ou um mês atrás. De dois ou três anos para trás."

A gente não quer que se invente culpados ou provas. A gente não quer que a impunidade também prevaleça nesse caso. O meu pai está vivo por um milagre. As pessoas que tentaram matá-lo estavam contando com a impunidade. Isso a gente não quer. Não importa se pegou mal ou se pegou bem na cúpula da Polícia Federal. A gente quer uma investigação isenta e profissional.
Flávio Bolsonaro (PSL)

O filho do candidato a presidente citou como exemplo de inconsistência na investigação o registro em nome de Adélio Bispo de Oliveira, o homem que confessou a autoria do crime, na Câmara dos Deputados (a 1.000 km de distância de Juiz de Fora). Na versão do Parlamento, a entrada dele nas dependências da Casa foi registrada duas vezes no mesmo dia do ataque (6 de setembro). À Folha, o diretor de Polícia Legislativa, Paul Pierre Deeter, afirmou que uma investigação interna foi aberta e comprovou ter havido apenas erro de recepcionista.

"Foi simplesmente arquivado com uma fundamentação esdrúxula. Quem foi que mandou arquivar daquele jeito ridículo? Alguém por engano coloca o acesso do Adélio na Câmara dos Deputados? Era óbvio que estava produzindo um álibi. O Adélio, contando que iria escapar, teria um álibi. Estava lá na Câmara, e não em Juiz de Fora. Tem muita coisa mal explicada, e a Polícia Federal tem obrigação de dar uma resposta para a população e para a família."

O mal-estar com a PF

Ao responder sobre o suposto mal-estar com a PF, Flávio mencionou uma notícia do site "O Antagonista", que publicou que Rodrigo Morais supostamente ocupou por dois anos cargo na gestão do governador mineiro Fernando Pimentel (PT), candidato à reeleição em 2018.

"Se tinha que gerar um mal-estar, é no governo Temer, né? Eles é que colocaram um delegado que foi assessor do PT para encabeçar o inquérito que está investigando a [tentativa de] morte do meu pai. Então ele vai ficar sob suspeita, é óbvio."

Flávio também negou que a elaboração do "Manifesto à nação", que começou a ser divulgado na terça-feira (25), tenha levado a divergências na campanha do candidato à Presidência. Segundo ele, houve "discussões normais dentro do grupo, ponderar uma coisa ou outra, a forma que vai fazer". "Mas não há divergência alguma nos pontos principais", destacou.

O filho de Jair Bolsonaro também deixou claro que nenhuma decisão referente à campanha é tomada sem a anuência do pai. "Não tinha nenhum ponto de divergência. Só que quem tem a palavra final sobre qualquer assunto da campanha é sempre o Jair Bolsonaro."

Flávio conversou com a reportagem do UOL durante agenda de campanha na manhã desta quarta, na praça Saens Peña, na Tijuca, bairro da zona norte carioca. O candidato ao Senado conversou com eleitores, tirou fotos e distribuiu panfletos. De acordo com a pesquisa do Ibope divulgada ontem, o concorrente do PSL tem 22% de intenções de voto na corrida pelo Senado. O líder é Cesar Maia (DEM), com 27%.

Veja como foi o ataque ao candidato Jair Bolsonaro

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