Ciro compara fala de Bolsonaro sobre resultado com ação de Aécio em 2014

Janaina Garcia

Do UOL, em Suzano (SP)

  • Janaina Garcia/UOL

Saudado aos gritos de "Cirão da massa presidente" por uma maioria de cabos eleitorais de candidatos a deputado, o presidenciável do PDT, Ciro Gomes, abriu nesta segunda-feira (1º) em Suzano, na Grande São Paulo, a última semana da campanha do primeiro turno.

Ao lado do candidato ao governo paulista e ex-prefeito da cidade, Marcelo Cândido (PDT), Ciro reforçou o discurso que tem adotado com mais ênfase desde a semana passada contra o que chama de polarização entre os dois candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto, Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT).

O pedetista fez duras críticas à declaração de Bolsonaro, na última sexta (28), de que não reconheceria o resultado da eleição caso ele próprio não fosse o eleito.

"Ele [Bolsonaro] disse que só reconhece o resultado da eleição se ganhar. É a mesma conversa do Aécio", disse o pedetista.

Ciro comparou o discurso de Bolsonaro à narrativa de Aécio Neves (PSDB) em 2014, quando, ao perder a eleição presidencial para a então candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT), pediu recontagem de votos ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A derrota foi por uma diferença de pouco mais de 3,4 milhões de votos no segundo turno. Auditoria concluiu que não houve fraude.

"Aécio não reconheceu o resultado da eleição. Marina também não reconheceu. O que assistimos desde então [é que] nunca mais ninguém olhou para os problemas do Brasil", afirmou Ciro, mencionando os 12,7 milhões de desempregados, "o maior número na história do Brasil", e os 63 milhões de pessoas inscritas no SPC (Serviço de Proteção ao Crédito). Aécio, entretanto, reconheceu a derrota no pleito logo após a divulgação do resultado pelo TSE.

Nesta segunda-feira (1º), o vice de Bolsonaro, general Hamilton Mourão, afirmou que a coligação aceitará o resultado do pleito mesmo em caso de derrota.

"Bolsonaro está fugindo do debate", diz Ciro

Ciro também negou ter agido com cinismo ou covardia ao criticar Bolsonaro no debate de ontem da TV Record e cobrou a participação de Bolsonaro no evento desta quinta (4), na TV Globo. Hoje de manhã, em seu perfil oficial no Twitter, o militar criticou a postura dos oponentes no evento da véspera. "Em minha presença, evitaram fazer perguntas a mim e me trataram com cordialidade. Na minha ausência, forçada por orientação médica pois tomei uma facada de um militante de esquerda, não param de falar meu nome e mentiras a meu respeito. Covardia ou cinismo?", questionou Bolsonaro.

"Ele está de alta [hospitalar], fez um voo comercial [sábado]. Não foi ao debate ontem porque não tinha como se sustentar. Evidentemente que ele está fugindo do debate", apontou.

Fonte de uma série de declarações polêmicas nas últimas semanas, o general Hamilton Mourão, também foi criticado pelo presidenciável. Ciro tornou a referir-se a ele como "jumento de carga de Bolsonaro" e afirmou que a "grande virtude" do general "é o despudor com que ele fala as coisas que pensa".

Adversário direto de Haddad na disputa por uma vaga no segundo turno, Ciro também criticou o petista ao atrelá-lo à derrota eleitoral de "todas as urnas" em 2016, quando disputou a reeleição à Prefeitura de São Paulo, e à proposta de uma nova Constituinte.

"O Haddad sabe, como cientista político e professor de direito, que presidente não tem poder de convocar uma [Assembleia] Constituinte. Nem sequer o Congresso Nacional tem poder", disse.

Ele comparou a proposta petista àquela defendida por Mourão sobre uma nova Constituição organizada por uma "comissão de notáveis". Mas ressalvou ver na candidatura de Bolsonaro "uma tradição muito mais violenta e muito menos democrática do que a tradição de onde vem o Haddad". "Acorda, brasileiro. O primeiro movimento do autoritário, daqueles que têm a ânsia desmedida de poder é quebrar a regra", afirmou.

Indagado se o PT representa uma ameaça antidemocrática tão grave como a que ele afirma ver em Bolsonaro, o pedetista recuou. "Não se pode dizer que é a mesma coisa, em absoluto, não seria justo com a história do Haddad, especialmente", respondeu.

Reta final de campanha

O pedetista concentrará a maior parte da agenda desta reta final de campanha em cidades da região Sudeste, com a maior parcela do eleitorado. Terá agendas, por exemplo, em São Paulo, São Caetano do Sul (SP), Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Na sexta e no sábado, visita Bahia e Ceará, seu berço político e ponto final de sua campanha de primeiro turno.

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